A Bruxa - parte 1

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Eram quatro deles. Ainda bem que a Amyliss pulou para fora da tenda a tempo, perdida nos meus pensamentos eu não havia percebido nada. Talvez se eu morresse aqui não teria que lidar com todas as dores e mágoas que tenho que lidar agora, pelo menos teria um ponto positivo nisso tudo. Mas algo nos olhares daqueles bandidos não me dizia que seria uma morte lenta.

- Ora ora ora, duas belezinhas aqui sozinhas assim? – disse o mais alto deles.

- Mmmh e ainda teremos dois cavalos de presente. – disse o mais baixo deles.

- hurh hurh hurh eu gostar de meninas com orelhas pontudas, faz George ficar excitado. – disse o mais forte deles.

O ultimo deles ficou em silêncio, sacando duas espadas curtas da sua cintura e me olhou de uma forma tão sinistra que provavelmente vai semear meus pesadelos hoje. Eu tremi, hesitei e acho que chorei. Era bom sentir minha melhor companheira ao meu lado, de costas para mim, sabendo que ela fará de tudo para me defender, mas ao mesmo tempo é assustador pensar que eles estão em maior número, e nós estamos cansadas. Eu queria desistir, meu ânimo para lutar e viver está tão baixo, especialmente depois da carta do Calen que li. Olho para trás, pelo menos sei que não estou sozinha nessa dor amorosa. E se ela está aqui por mim e não irá desistir, eu também não vou.

- ainfijar alzalam!

Uma corrente de chamas negras se projetaram do meu cajado, a força do feitiço vibrou meus braços e meus ombros, a noite se tornou brevemente mais escura ao nosso redor, a rajada acertou precisamente o bandido forte, ele caiu para trás, rolando colina abaixo e desaparecendo na noite. Os sorrisos dos demais bandidos lentamente brocharam numa careta de desgosto e preocupação. Amyliss vendo que eu tomei a iniciativa partiu para cima do bandido silencioso com duas espadas. Ela deu um passo na direção do homem e ele ergueu suas espadas para parear os golpes, mas foi lento demais. Amyliss penetrou o ombro do homem, atravessando sua armadura de couro e carne com a svärd da mão esquerda, enquanto a outra mão voou com violência perfurando outra vez o homem, dessa vez acertando seu diafragma. Eu podia jurar que minha amiga elfa iria erguer o bandido no ar e jogá-lo para trás, mas ela apenas retirou as espadas dos ferimentos profundos e o homem desabou no chão, ele ainda convulsionou no chão alguns momentos antes que Fellya o levasse para o sono profundo.

Os dois homens que restaram hesitaram por um momento, mas enfim avançaram. Eu tentei correr para perto da Amyliss, me esquivando, mas o homem alto foi mais rápido. Ele agarrou meu pulso que segurava o cajado e com a outra mão apontou sua espada para minha garganta. Me mantendo presa e ameaçada, ele se virou para o colega dele e sua face expressou medo. O bandido baixo estava ajoelhado diante da elfa, ambas as mãos decepadas e ambas as svärds em X no seu pescoço. Amyliss olhou para meu captor, mas eu não era mais aquela olfe indefesa, e Amyliss sabia disso.

- altanafus alsaamu.

Sussurrei as palavras de poder, senti a força mágica de meu cajado viajar por sua extensão, percorrendo meu corpo e enfim se acumulando na minha boca. Eu provavelmente seria golpeada no próximo momento pelo homem alto, pois ele se virou para mim com ódio nos olhos, e nesses mesmos olhos eu soprei minha magia e da minha boca saiu uma névoa escura e esverdeada. O rosto do homem foi coberto pela névoa e eu não vou dormir bem depois de ouvir os gritos dele. Suas mãos soltaram meu punho e sua espada, indo de encontro a seu rosto enquanto ele cambaleava para trás, ainda berrando. Eu saquei minha adaga do meu cinto e, sem hesitar, penetrei fundo sua garganta exposta. Seus gritos cessaram poucos momentos depois. Seu rosto desfigurado pelo veneno, ele ainda tremeu um pouco e sangrou muito antes de ficar inerte, morto.

O homem sem mãos agora choramingava. Amyliss me olhou com aquele olhar de sempre, seu peito subia e descia, ela arfava pelo combate. Era aquele olhar de sempre. Ela se apiedava de seus inimigos, mas eu assenti com a cabeça, ela sabia o que tinha que ser feito. Sem olhar para ele, ela lambeu a garganta do sujeito com ambas as svärds e ele sem poder falar ou conter o sangramento morreu ali, ajoelhado. Estava acabado. Sangue, suor e adrenalina estavam em nossos corpos, estávamos imundas depois dessa breve luta.

A Guerreira e a BruxaOnde histórias criam vida. Descubra agora