O gato se espreguiça na porta
Seu ronronado diz bom dia
Eu rosno descontente
O sol escorre pelo corredor
O cobertor se aconchega em mim
Pede só mais cinco minutinhos
Respondo "claro querido"
Só o silêncio cantarolava lá fora
Eu levanto
Melhor, me ergo
Devagar, quase com dor
Me falta um apoio
Alguém para me puxar da cama
O outro travesseiro está desocupado
Está gelado, não sente calor a vários dias
Um suspiro, olhos apertados, pés suspensos
As paredes fingem que não estão me vendo
Mas o relógio reclama da minha demora
Ele parece irritado
Escuto com paciência
Me chama de desocupada
De desleixada
De vagabunda
Me lembra que não tem mais café pronto
Que agora eu tenho de colocar o açúcar
Que já não preciso me despedir ao sair
Ele fala muito
Vou substituí-lo
Mas não hoje
Hoje é feriado
Me viro no colchão
Usar o resto do dia pra aquecer o lado vazio
Até não fazer falta.
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Meus Anos Mornos
PoetryEram meus Vinte e dois mornos anos E as manhãs frias de toda segunda