O Ônibus

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O ônibus cheirava a mar

Os rostos vermelhos, as vozes roucas

Os sorrisos longos, pálpebras pesadas

Dezenas de conversas atrasadas

Um par doutras adiantadas

O sol se pôs e deixou a marca

Marcou os lábios, as bochechas

Os braços nus, os ombros cobertos

Eu vi, me lembrei de ter notado antes

Me empertiguei, tentei deixar pra lá

Esquecer, daria em nada, eu sabia

Assim como nunca havia dado antes

A viagem seguia lenta, me esperando

Foi o cansaço, talvez a bebida, ou o tédio

E lá estava, o número na mão

Consegui a atenção

Consegui os olhos

E os risos

Foram tantos, tão suaves

Me aqueciam na noite que se afogava

Foi tudo que consegui

Desde então volto ao ônibus

Esperando que jamais chegue na estação.

Meus Anos MornosOnde histórias criam vida. Descubra agora