O nome do meu gato é Cachorro.
O Cachorro é um gato muito brincalhão.
Adora arranhar os calcanhares de quem passa,
Esconder as minhas borrachas atrás do sofá,
Miar e miar por um pedaço de carne que vai desperdiçar.
Ele ainda não sabe que o seu nome é Cachorro,
Mas sempre vem quando coloco leite no seu pote
Ou fica contente quando acrescento sachê na ração.
As vezes, escala a minha calça, camisa e fica ali
Empoleirado no meu ombro.
Talvez eu devesse chamá-lo de Papagaio.
A grande questão é que tem causado confusão.
O malcriado Gato, meu cachorro, aparece quando não é chamado.
O Gato é um bichano enjoado, anda com uma cara de sono.
Não raramente ele me olha com desdém,
É como se quisesse me substituir
Por uma casinha maior ou um puff mais fofo.
Quando eu chamo o Cachorro lá vem ele
Com o olhar baixo, quase sonambúlico.
"Deve ser parente de preguiça" penso sempre,
Vendo ele ir embora, claramente desapontado.
O Gato não gosta do Cachorro,
Mas ele também não gostava do Gambá.
Com o Guaxinim foi a mesma história.
Ele e o falecido Porco então...
É como eu digo:
"É preciso dar tempo ao tempo
E espaço pra cada um enrolar o próprio rabo".
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Meus Anos Mornos
PoetryEram meus Vinte e dois mornos anos E as manhãs frias de toda segunda