Quatro Palavras

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Eram quatro palavras

Oscilando num balanço velho

Que manchava a calça favorita

Ditas em harmonia

Com os rangidos da gangorra

Ela cantava uma ópera tardia

O pé contava

Um, dois, três... quatro

Tão suave que se confundia

E retornava a contar

Cada vez mais sólido

Quase crespo o sentimento

Raspando a pele arrepiada

Deslizando pela garganta

Constrói na barriga uma distopia

De borboletas em guerra santa

Os lábios se lembram do carinho

A boca memoriza o sabor

E o peito cresce

Infla, incha, enche, ele cresce

Fica maior que o  balanço

Fica maior que a praça

Fica maior que o mundo

Doendo de uma dor gostosa

Daquelas que a gente não procura tratar

Que o médico desconhece a fonte

E só a mãe reconhece o lugar

"É bobo" penso comigo

"Tão bobo que cabe em uma linha"

"O maior e mais antigo clichê"

Ditas num fim de ano

"Eu gosto de você".


Meus Anos MornosOnde histórias criam vida. Descubra agora