Capítulo 4 - Primeiro Dia

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Quando o Jeep de Tsunade parou no estacionamento do colégio, foi inevitável não sentir a onda de nostalgia me atingir, o primeiro dia de aula depois de dois meses de férias. Era até engraçado o fato de me sentir ansiosa para entrar na sala de aula sabendo que daqui a um mês estaria torcendo para que o ano letivo terminasse.

Fitei aquele espaço aberto do estacionamento bem movimentado devido a alguns ônibus escolares estarem estacionados e alunos desciam deles. Tentei reconhecer alguns rostos – um em especial -, mas os ônibus que estavam ali eram de outras áreas da cidade.

- Então meninas – começou Tsunade, fazendo minha atenção voltar-se para si -, tenham uma boa aula. – Em seguida seus olhos fitaram Hinata pelo espelho retrovisor que estava sentada no banco de trás com a mochila em seu colo e seus braços a abraçando contra o peito. – Qualquer coisa me liga ou fale com a Sakura.

Hinata apenas assentiu, comprimindo um pequeno sorriso.

- Tchau, vó – sorri enquanto agarrava a alça da minha mochila e abria a porta do Jeep com a outra mão.

- Tenha um bom dia, senhora Tsunade. – Disse Hinata antes de sair quase ao mesmo tempo que eu do Jeep.

Vovó apenas abriu um sorriso contido e acenou com a cabeça para em seguida dá a marcha ré e saiu com o carro para fora do estacionamento.

Olhei para Hinata ao meu lado que mantinha uma leve careta em seu rosto, fitando o movimento ao nosso redor. Eu sabia que ela não estava nenhum pouco contente em aparecer no colégio em suas condições. E o moletom roxo de uns três números maior que o seu manequim não impedia de esconder totalmente a sua barriga avantajada. E para piorar, o tempo estava uns dois graus mais quente que o habitual, o que diz que ela provavelmente iria torrar naquele casaco.

- Então é isso aí – ela me olhou, e eu sorri de lado. – Vamos?

Ela apenas suspirou cansada e começamos a andar, nos misturando no meio daquelas pessoas, e era notável a atenção que estávamos chamando. Em primeiro lugar, era por eu estar ao lado da garota mais reclusa do colégio, onde todos faziam questão em se manter longe, por terem declarado que ela era uma pessoa estranha. Em segundo lugar, era por que a garota mais reclusa do colégio estava grávida, e a barriga avantajada que ela tentava esconder era visível.

- Esse dia mal começou e eu já estou odiando – ela resmungou, e o cenho franziu mais. – Por qual motivo mesmo eu aceitei a vir a esse inferno?

- Primeiro, por que estamos no último ano – eu listava em meus dedos -, segundo por que você não aguentaria ficar o dia todo trancada dentro de casa e sozinha, e terceiro...

- Ok, eu já entendi – ela me interrompeu revirando os olhos.

- Só tente ignorá-los.

Eu sabia que ignorar era a coisa mais estupida de se dizer, pois o desconforto era notável em sua expressão, mas era a única opção que havia ao invés de ignorar as regras de educação e mandar todos para aquele lugar, o que acho que essa última opção era mais provável de acontecer, pelo pouco que conheço de Hinata.

- Falar é fácil, não é a sua barriga que estão olhando.

- Eu sei – murmurei, e sabia que ela estava certa.

- Desculpa - ela disse parando de repente e me fazendo parar também, ela me olhava agora com pouco de culpa pela grosseria.

Eu apenas sorri de um jeito confortável, já havia me acostumado com o seu humor oscilante.

- Está tudo bem. Confesso que se eu estivesse em seu lugar, estaria mais frustrada do que você... para dizer a verdade estaria pirando.

Hinata desviou seus olhos para o chão de concreto, parecia distante agora, e sua voz soou baixinha:

O Uivo da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora