Capítulo 6 - Sarah é expulsa... de Divination

501 40 7
                                    

4 de Setembro de 1996.
Assim que a sineta tocou, foi uma confusão de mesas se arrastando e livros sendo jogados na mochila.
— Para a próxima aula eu quero 40 centímetros de pergaminho sobre os danos que podem ser causados com a má execução de feitiços de desaparecimento — gritou a professora McGonagall, por cima do barulho.
— Vontade de ir para Divination é nenhuma.
Sarah concordou pesarosamente. Mais um ano com a professora Trelawney e suas predições malucas. Por sorte, era o último ano que elas teriam que agüentá-la, em compensação era o ano dos O.W.L’s e Amber não iria parar de pegar no seu pé para estudar.
Assim que chegaram na sala de aula, a professora fez a sua típica entrada triunfal e um discurso de iniciação. Enquanto os outros professores faziam discursos sobre os exames, a professora Trelawney dizia que esteve acompanhando suas férias e que sabia que iriam chegar sãos e salvos em Hogwarts.
Em cima das mesas tinha um livro nomeado “O Oráculo dos Sonhos” de Inigo Imago. Sarah ficou brincando com a capa do livro, enquanto a professora Trelawney continuava com seu discurso. Ginny deu uma cotovelada em Sarah para ela prestar atenção.
— Abram, por favor, na introdução e leiam o que Imago tem a dizer sobre a interpretação dos sonhos. Depois, quero que se dividam em pares e usem o Oráculo dos Sonhos para interpretar os sonhos mais recentes um do outro. Comecem — ordenou a professora.
Ginny e Sarah trocaram um olhar divertido e abriram os seus livros, ignorando a introdução.
— Eu não lembro nem o que comi há uma hora atrás, imagine o que sonhei nas noites anteriores — resmungou Ginny.
— Eu sei a resposta: Harry — sussurrou Sarah, sorrindo maliciosamente.
Ginny pegou o livro e bateu em Sarah com ele. A professora Trelawney aproximou-se delas, com cara de desgosto.
— Professora, eu tenho uma dúvida — disse Sarah, tendo uma ideia.
— Pergunte — disse a professora Trelawney.
— Existem sonhos que o significado está explícito no próprio sonho, não? — perguntou Sarah, fingindo-se interessada.
Ginny olhou desconfiada para Sarah. Vivia com os gêmeos desde que nasceu, sabia reconhecer uma estratégia para uma brincadeira.
— Bom, teríamos que analisar o sonho em questão — disse a professora Trelawney, ajeitando os óculos — Mas a maioria tem significados ocultos.
— E quando é um sonho... Como posso dizer? Erótico?
Todos colocaram a mão na boca para evitarem gargalhar.
— O que... O que você disse? — perguntou a professora, enrolada.
— Erótico. Sabe: quando rola umas coisas — continuou Sarah, na cara de pau.
Dessa vez, ninguém agüentou. Todos começaram a gargalhar ao ver o rosto chocado da professora.
— Senhorita Black! — exclamou escandalizada.
— O que? Eu estou tirando uma dúvida! — disse Sarah, na tranqüilidade — Ou vai me dizer que a senhora nunca teve...
— Já chega! Saia dessa sala agora mesmo! — gritou descontrolada — Eu não quero mais ver sua aura pervertida interrompendo as vibrações...
— Vibrações... Tô sabendo... — murmurou.
A professora puxou a garota pelo braço, levantando-a da cadeira bruscamente.
— Que isso, dona! Eu tenho namorado! — protestou Sarah, já não conseguindo manter a seriedade.
Trelawney pegou a mochila da garota e lhe entregou, empurrando-a até a saída.
— Ginny, avisa pro Fred que eu não posso na Sexta — gritou Sarah, antes de sair da sala.
A professora voltou para a sala, ordenando a todos para continuarem com o trabalho imposto, mas depois dessa ninguém comentou outra coisa do que a cena que ela tinha feito.
Quando a aula terminou, Trelawney cancelou sua aula seguinte com os alunos do 4º ano para falar com a professora McGonagall.
— Sybill. Que surpresa vê-la fora de sua sala — disse McGonagall, ligeiramente irritada.
— Eu não quero mais ver a senhorita Black em minha sala de aula — anunciou Trelawney, ajeitando o xale nervosamente.
— Certamente, uma bênção — retrucou McGonagall, fazendo Trelawney fechar ainda mais a cara — Mas poderia saber o motivo dessa decisão?
— Pergunte a essa pervertida — respondeu Trelawney, andando até a porta.
— Independentemente do que a senhorita Black tenha feito, nada lhe dá o direito de chamar assim um aluno — disse a professora McGonagall, furiosa.
Uma verdadeira leoa, não permitia jamais que algum outro professor falasse mal de seus alunos.
Como resposta, recebeu uma batida de porta.
McGonagall se apoiou na mesa, respirando fundo, tentando se acalmar. Aquela mulher realmente lhe irritava quando queria.
Mas depois lhe veio a diversão, pensava no que teria feito a senhorita Black para que Trelawney se pusesse dessa forma, sem nem lhe dizer o que havia acontecido.
Escreveu um recado, levantou-se e foi até a porta, abrindo-a levemente.
— Senhor Bradley — chamou, ao avistar um de seus alunos do 7º ano, que se virou ao chamado — Entregue isso para Sarah Black do 5º ano, por favor.
Assim que o garoto se foi, ela voltou para se sentar em sua mesa.
— Eu não acredito que você fez isso — Ginny gargalhava.
Parece que a notícia do que aconteceu na aula de Divination tinha se espalhado rapidamente pelos alunos do 5º ano, como se Sarah se importasse com isso.
Mas Ginny parecia meio incomodada. Quando entraram no Salão Comunal elas ouviram assobios. Sarah gargalhou, fazendo reverências.
Aaron Bradley, um aluno do 7º ano, aproximou-se das duas.
— A professora McGonagall pediu para eu lhe entregar isso — disse, estendendo um pergaminho para Sarah.
— Tá, valeu — respondeu Sarah, pegando sem olhar duas vezes para o garoto.
— Vaza — disse Ginny, secamente, fazendo-o se afastar lentamente, sem tirar os olhos da morena.
— Não precisava ser grossa, Gin — disse Sarah, lendo o pergaminho.
— Toma cuidado! Você tá com o meu irmão, não dá chance para gente que nem Aaron — avisou Ginny.
— Ah! Que ótimo! Fred encontrou uma espiã — ironizou Sarah — Fica tranquila, está escrito nas folhas de chá da Trelawney que eu e Fred vamos ficar juntos.
Ginny deu um soquinho no braço dela e iria falar algo quando Sarah continuou:
— Eu sei me cuidar, tá legal, cabeça de fósforo? Eu amo o seu irmão e não penso traí-lo.
— Eu sei que não, mas ele pode acabar dando em cima de você e se Fred ver... Ele é bem ciumento quando quer — explicou-se Ginny.
Sarah olhou discretamente para o grupinho do 7º ano e logo depois voltou a olhar para Ginny.
— Fica tranquila. Eu vou ficar de olho — prometeu Sarah — Agora eu tenho que ir.
— Vai aonde? — perguntou Ginny, sem entender.
— Pensou que isso aqui era o que? Convite para sair? — perguntou Sarah, levantando o pergaminho dobrado — McGonagall tá me chamando. Provavelmente por causa do que aconteceu na aula da Trelawney. Nos vemos depois, cunhadinha!
Aproveitando que o quatro da Fat Lady foi aberto, Sarah passou por ele rumo a sala da professora McGonagall, não demorando muito tempo.
— Vou ser direta porque tenho aula daqui a pouco, senhorita Black — disse a professora — O que aconteceu na aula da professora Trelawney? Ela parecia bem consternada.
— Eu só tirei uma dúvida acadêmica — disse Sarah, dando de ombros.
— Que tipo de dúvida? — ela levantou uma sobrancelha.
— Estamos dando sobre interpretação dos sonhos e eu não controlo o que sonho — disse, dando um sorriso angelical.
— Mas controla o que diz. Especialmente na frente da professora — completou McGonagall, dando um suspiro, ao perceber que não conseguiria que Sarah falasse nada — A professora Trelawney me deu uma ordem de afastamento...
— Que exagero! Até parece que eu vou estuprar ela... — murmurou Sarah.
— ...De suas aulas.
Sarah voltou a sorrir angelicalmente diante do olhar inquisidor da professora McGonagall.
— Posso sair para comemorar? — perguntou Sarah, depois de uns dois minutos de silêncio.
— À vontade — respondeu a professora McGonagall — Mas evite ser expulsa de mais matérias ou não terá suficientes para prestar os exames.
— Sem problemas. Eu só tinha essa na minha lista — disse Sarah, saindo do escritório.
A professora suspirou. Teve sete anos de paz em Hogwarts depois que os marauders saíram do colégio. Então entrou Nymphadora Tonks, que além de seus desastres era bem vingativa quando se metiam com ela e seus amigos (uma perfeita Hufflepuff).
Alguns anos antes de sua saída, vieram os gêmeos Weasley que fizeram com que os desastres que Tonks causava fossem brincadeira de criança. Dois anos depois, veio o Golden Trio que, apesar de não explodir salas de professores, conseguiam enlouquecer a ela com seus envolvimentos em tudo de ruim que acontecia na escola.
E três anos depois, veio essa menina. Essa menina que tinha no sangue o dom de enlouquecer a todos ao seu redor e que se uniu aos gêmeos Weasley para causar o caos que Harry não causou em Hogwarts.
Essa menina que, apesar de tudo, cativava a todos a sua volta, principalmente certa professora que se lembrava, com carinho, de certo grupo que pisou em Hogwarts há anos.
A sineta tocou, fazendo a professora acordar de suas lembranças e ir para a sua sala de aula.

Laços de Guerra - 3ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora