A música está alta, alguma coisa infantil que fala sobre uma galinha e seus filhotes, crianças correm e gritam de um lado para outro, há bagunça, diversão e alegria para todo lugar que olho o que me faz sorrir.
Hoje é o aniversário de três anos dos gêmeo e eu estou muito feliz de estar aqui, a minha princesinha Lucy está esbanjando ternura e sorrisos para todo os presentes, a diversão dela é girar em volta de si mesma para mostrar o balanço que seu vestido faz, já o Matheus tem como objetivo nessa noite deixar a Camilly maluca, o garoto não parou um segundo e até já caiu e machucou o queixo, mas quem achar que isso foi o bastante para parar o menino está enganado, ele assim que saiu do colo do pai voltou a se aventurar na piscina cheia de bola colorida.
– Eu nunca mais vou dar uma festa infantil na vida. Acabou para mim. – Camilly fala e senta-se ao meu lado e pega a taça de vinho que estava em minha mão e vira em um o gole.
– Você disse isso no ano passado e eu sei bem que está planejando a festa da Amarra que é daqui a alguns meses.
– Eu sou fraca, falo que vai ser só um bolo entre a família próxima, mas daí as coisas saem um pouco de controle – ela gesticula abrindo os braços para toda a decoração dividida nos temas princesa e super heróis, os vários brinquedos infláveis e a mesa enorme cheia de doces com dois bolos enormes um para cada gêmeo – no final eu amo ver os meus filhos felizes por isso repito tudo no próximo ano.
– Eu também.
– o senhor também o que papai? – ela pergunta mas se levanta rápido quando vê o Matheu subindo em um lugar alto, mas eu seguro seu pulso a puxando para baixo fazendo a sentar- se outra vez, é a primeira vez durante a noite toda que ela relaxa um pouco e o Bento já estava a posto para descer o sapeca. – ele vai me deixar de cabelos brancos cedo demais, mas sobre o que estávamos falando?
– No final eu amo ver os meus filhos felizes. – respondo a pergunta dela – apesar que o Camilo anda bem perdido na vida.
– Ele vai se ajeitar é um homem inteligente, só é muito galinha – fala divertida – olha a mulher que ele trouxe, eu não sou de julgar, mas quem vem a um aniversário infantil com uma saia assim tão curta? Já você veio muito bem acompanhado. Eu gostei dela.
Olho para o mesmo local para onde o seu olhar se dirigiu e vejo a Liana conversando com uma senhora que eu não conheço, mas ela reconheceu do hospital onde fez seu tratamento. Eu não sei o que deu em mim para oferecer, mas na manhã de ontem depois que acordamo e fizemo sexo mais uma vez eu a convidei para me acompanhar na noite de hoje.
Primeiro ela me olhou confusa, franzindo a testa e os olhos como se não tivesse entendido as palavras que saíram de mim, para falar a verdade eu também não entendo porque essas palavras saíram da minha boca, foi um total impulso mas eu não me senti arrependido de convidar. Depois de me recuperar do susto disse a ela que seria uma honra ter a companhia dela, observei com admiração a mudança em seu semblante para algo como feliz e seus olhos se iluminando e soube que fiz a coisa certa quando a convidei.
– Me parece uma boa mulher e os meus filhos gostaram dela, como o senhor sabe ele são o meu parâmetro.
– Nós não temos nada – esclareço – só saímos para jantar uma vez.
– Mas você a trouxe, nunca tinha trazido mulher nenhuma para o seio da nossa família e pelo que me constar o sonho é tão galinha quanto o Camilo.
– Me respeita garota sou seu pai e posso te dar uns tapas que não dei na infância. – ela ri e eu também.
– Mas é a verdade e você a trouxe significa que no fundo sabe que ela é uma mulher que vale a pena. Não vai ser burro e deixar ela escapar, você já ta velhote.
Dessa vez eu não resisto e acerto um tapa fraco em cima dos cabelos loiros dela, jogando sua cabeça delicadamente para frente, quando levanto a minha cabeça para rir dou de cara com a carranca do Bento andando em nossa direção, o homem é uma montanha de proteção e cuidado com a família e principalmente com a esposa.
– Você deu um tapa na minha pequena? – ele diz a puxando da cadeira para si e a apertando em seu abraço.
– Sou o pai dela afinal, tenho que ensinar boas maneiras – falo só pra ver meu genro espumando de raiva o que me faz rir é tão fácil implicar com o Bento.
– Não seja um homem das cavernas Bento, o papai estava chateado porque apontei o fato óbvio que ele é um velhote. – faço menção de levantar e ela sai correndo puxando o marido pelo braço.
– vocês formam uma família linda – Liana diz quando chega perto voltando a se sentar ao meu lado. – Desculpa a demora a Margarida me pegou de conversa, ela era enfermeira no hospital e queria saber como anda minha saúde.
– Não tem problemas, você veio para se divertir também é que bom que encontrou uma amiga.
– A sua família me recebeu muito bem, obrigada pelo convite. Fazia anos que não participava de uma festa infantil e bem divertido.
– Só você para achar que um monte de criança fazendo barulho é algo divertido.
– É que eu não vou ter meus próprios filhos e no geral evito ficar perto de crianças para não sofrer, maternidade era algo que eu ansiava e que me foi arrancado, mas estar assim no meio da diversão delas e perceber como são puras e felizes me traz uma sensação boa.
– Se eu pudesse realizaria todos os seus sonhos – falo tocando suas mãos sobre a mesa.
– Mas você realizou um sonho meu no outro dia anoite e ontem de manhã e hoje antes de sairmos de casa.
– Ah, eu fiz isso?
– Fez sim – ela fala se aproximando até estar com a boca próximo ao meu ouvido e sussurrar – eu sempre sonhei em ter orgasmos e você me deu isso, várias vezes seguida devo confessar.
Minha vida ultimamente parece movida a impulso, eu pareço incapaz de resistir a ela, por isso nem tento frear meu corpo que se aproxima do dela e toma seu lábio em um beijo rápido que tem cheirinho de chocolate e a fez sorrir no final; sinto que estamos sendo observados e movimento minha cabeça olhando ao redor e lá estão os meus filhos juntos me encarando ambos sorrindo, Camilly faz sinal de joinha em minha direção e eu sorrio para eles; isso é bom, sorrir tão naturalmente para a vida, passei muito tempo carrancudo por aí sem saber o que é isso é agora a todo momento eu estou sorrindo por ai, gosto disso.
Gosto dela e se não fosse tão cedo eu diria que sinto algo além de gostar.
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NOSSO RECOMEÇO
Short StoryLiana viveu uma vida de privação e abuso, depois de passar e vencer uma doença séria ela está pronta para recomeçar sua vida e encontrar seu lugar no mundo. Arlindo sempre viveu uma vida de privilégio, mas isso não impediu que a dor e a tragédia s...