O Reencontro.

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Desculpe a demora.
Boa leitura

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A noite foi menos fria do que de costume.

O dia seguinte foi estranhamente bom. Meu pai havia feito o café e era engraçado ver a Luz constrangida com a receptividade do homem com olheiras enormes e avental de ursinho fazendo seus ovos mexidos com bacon. Quase me vi em família ali, era realmente adorável como eles falavam de baseball e futebol americano enquanto tomavam café, eu me permitia só observar.

Passamos a tarde toda ali pois era agradável, nos reunimos para pensar em planos do que faríamos nos anos 90 e se em 2000 existiriam carros voadores ou algum videogame que pudéssemos jogar em sonho.

Meu pai era moderno, ao mesmo tempo que adorava ficar em frente à TV vendo programas não muito interessante só pra passar o tempo também era alucinado em tecnologia, seu jogo favorito no momento era Contra e ele passava horas jogando e reclamando da dificuldade.

Ao anoitecer nos arrumamos, falamos para meu pai que íamos trabalhar e que voltariamos tarde. Mesmo insistindo ele preparou uma jarra de café para que pudéssemos levar e me abraçou como um "boa sorte" bem carinhoso. Nos despedimos como deveria e pegamos rumo a casa de Willow.

A moto era rápida e em menos de 20 minutos atravessamos a cidade, passando em frente à casa de Luz eu tive um flashback dos acontecimentos de 8 anos atrás.

Dona Camila.

A quanto tempo não escutava esse nome nem em pensamento, era delicado tocar no assunto, Luz quase não falava sobre aquela sexta feira chuvosa. Ela não gostava de ficar em casa e realmente entendo seus motivos.

Descemos da moto e como antes a guardamos no mesmo lugar escondido, o caminho silencioso só segurando sua mão me permitiu recordar o relato de Luz.

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"Amity!! Pelo amor de Deus, me ajude! VENHA ME AJUDAR!!"

Foram essas palavras que escutei do outro lado do telefone, minha alma quase se perdeu em meio aos calafrios e eu não pensei 2 vezes, peguei minha bicicleta e corri pra cá como se as minhas pernas fossem sozinhas.

Lembro de chegar na porta de sua casa, completamente encharcada e desesperada, o cabelo rosa pingava pânico, suor e chuva. Bati na porta inúmeras vezes, gritei e gritei até ter uma resposta, como não ouvi nada acabei entrando pela janela da cozinha.

Nunca vou me esquecer.

Nunca vamos nos esquecer.
Eu entrei, a casa estava escura e não conseguia ver nada, tive a ideia de apertar meu chaveiro de alien que além de iluminar mal repetia a música do Arquivo X bem baixinho e de forma muito mal feita.

Passei pela cozinha, tudo estava uma enorme bagunça. Na sala a mesa de vidro que ficava no centro estava quebrada e eu conseguia ver sangue.

Espera aí...

Sangue?...

Eu vi vidro, sangue e as luzes simplesmente não ligavam por nada, tive que continuar com a lanterna do alien e a maldita música do Arquivo X.
Seguindo pelo corredor que levava aos quartos eu pude ver o rastro de sangue, como se alguém tivesse se arrastado após um conflito.

Eu queria chamar, mas tive medo do que receberia como resposta.

"A...alguém está aí? Luz..?"

Eu chamei mas não chamei, era como se a minha voz saísse 10 vezes mais baixa.

Trio Investigativo da Rua 10 - Beta The Owl HouseOnde histórias criam vida. Descubra agora