Capítulo 4: Não Se Afaste!

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Pov E.J.

Após o almoço, levei Ricky para o meu quarto. Ele ainda não parecia bem, e eu sabia do porquê. Mais uma vez, o assunto do irmão dele tinha voltado a tona, e sempre que isso acontece, o Bowen fica muito mal. Desde que chegamos, ele não trocou uma palavra comigo, e isso me preocupa bastante.

- E então? Cadê sua lição de matemática? - o garoto perguntou se sentando na minha cama.

- Ah, fica tranquilo com isso, eu me viro. Agora vai descansar, tá bom?

- Eu tô bem E.J. 

- Não é o que parece. 

- Eu quero manter minha mente ocupada com alguma coisa - suspirou.

- Vem cá então.

Ele se sentou ao meu lado e entreguei meu caderno pra ele. Diferente das outras vezes, o Ricky começou a resolver os exercícios sozinho, sem tentar me explicar. Eu digo tentar, porque algumas vezes eu acabava não entendendo. Em menos de 5 minutos, o garoto já tinha feito quase tudo. Isso não tava certo. Eu tinha que acalmá-lo.

- Ei - segurei seu braço - Vem comigo.

- Pra onde? Eu tô te ajudando com a sua lição de casa.

- Eu sei, mas eu quero que confie em mim - falei e ele assentiu com a cabeça.

Segurei sua mão e me levantei. O puxei até minha cama. Me deitei e logo em seguida, ele se deitou ao meu lado. Sua expressão era confusa. O cacheado não fazia a menor ideia do que eu estava fazendo. 

- Se lembra de quando éramos pequenos? - o abracei - Nós voltávamos da escola, almoçávamos e passávamos a tarde toda brincando, até nossos pais praticamente nos obrigarem a ir tomar banho - dei uma risada - Então nós dois jantávamos e íamos jogar videogame, na maior parte do tempo, escondido. E quando ficávamos cansados, nós colocávamos algo na TV para assistir e dormíamos juntos. Nós dois éramos inseparáveis. Eu sinto falta daqueles dias. Mas então nós crescemos, e tivemos que nos afastar um pouco. Claro que ainda passamos tempo juntos, mas não é mais como antes - suspirei - Lembra de como eu era arteiro quando menor? E você... era calmo, e sempre pensava com a cabeça. Na verdade as coisas não mudaram muito, nós só crescemos. Eu tô te falando disso tudo porque eu sei do que você fez hoje, eu sei que...

Olhei para o menor e vi que ele estava dormindo nos meus braços. Isso! Eu consegui! Mas ainda me resta uma pendência. Algo que terei que resolver mais tarde, pela saúde mental do Ricky. Cuidadosamente, desfiz o abraço e o deitei na cama. Eu adoraria ficar aqui com ele, mas eu preciso falar com o Mike e a Lynne. Eles precisam saber do que aconteceu. E depois disso, fazer minha lição de casa. Desci as escadas e fui até a cozinha. Chegando lá, encontrei a sra. Bowen e a minha mãe. Nada do Mike.

- Lynne, você sabe do Mike?

- Ele teve que sair para resolver uns negócios e só volta mais tarde, por quê? - a mulher respondeu.

- Tem uma coisa que... - suspirei fundo - Tá bom, eu vou te contar agora, e depois você fala pra ele.

- Aconteceu alguma coisa, filho? - minha mãe perguntou.

- Sim... O Ricky voltou a se lembrar do irmão que ele perdeu.

- Ai não - a sra. Bowen disse em desespero.

- E por quê? - minha mãe perguntou - Geralmente ele evita qualquer pensamento relacionado à essa história.

- Eu sei. Acontece que ele brigou com os amigos, e decidiu contar a verdade para eles, no caso a história.

- E isso tem a ver com a briga na escola? - Lynne perguntou.

- Mais ou menos. Pelo o que eu entendi, ele começou a chorar e um cara foi tirar sarro dele.

O Filho Dos Empregados - CaswenOnde histórias criam vida. Descubra agora