Ano Novo, um ano depois

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Essa fanfic foi reescrita, a versão que você está prestes a ler é a nova e contém algumas mudanças (relativamente mínimas) na história. 



Capítulo 1

31 de dezembro de 2021



Kim Sunoo calçou o tênis preto rasgado, colocou um boné para cobrir seus cabelos escuros e pendurou sua mochila nas costas. Do lado de fora do quarto onde morava, no segundo andar de uma academia de dança, ele podia ouvir os fogos de artifício ao longe, o lembrando daquela data que ele só queria esquecer.

Naquele mesmo dia, há um ano, ele havia perdido algo que sabia que jamais poderia ter de volta.

Tentando tirar os pensamentos nublados da cabeça, ele apenas bateu a porta e saiu pela noite escura rumo ao lugar que mais odiava nesse mundo. Atravessou ruas estreitas sem olhar para os lados, desviando rapidamente das pessoas em passos apressados e firmes. Quando por fim chegou ao destino, deu uma olhada para os lados e bateu na porta de uma casinha simples bem no meio da periferia. Haviam dois vira-latas dormindo em frente a porta e como os conhecia se agachou e acariciou o pelo de cada um deles. No segundo seguinte, a porta foi aberta. Apressado, passou pelos cômodos vazios até chegar ao final do corredor. Ali havia uma escada para o porão, ele acendeu a luz e fez o trajeto até embaixo, onde um homem estava jogando cartas com um cigarro preso no canto da boca.

Aquele homem era seu pai.

— Vai sair essa noite? Achei que estava ocupado com aquela coisa — deu uma tragada.

— Eu falei que ia trabalhar no ano novo — o tom de voz de Sunoo estava um pouco irritado — Quem mais saiu?

— Todo mundo — o homem abriu a gaveta e atirou um revólver na mão dele — Tem festa de ano novo em todo canto.

Sunoo limpou as digitais da arma com um lenço e a colocou nas costas, por debaixo do casaco cinza com mangas em jeans que vestia. Feito isso, saiu andando sem dizer mais nada, voltando pelo mesmo caminho de onde tinha vindo.

A noite estava mais quente do que o esperado, por isso a praia estava lotada. Não foi preciso chegar perto para ouvir os barulhos altos de vozes animadas e a música que tocava no palco que havia sido montado ali. Sunoo pisou no asfalto da última rua antes da praia, ela tinha uma descida e várias lojinhas que vendiam desde coisas baratas até quinquilharias para turistas que valiam mais do que o esperado. Dali era possível ver o mar mais ao fundo, mas ao invés de ir até a praia onde deveria começar sua noite de "trabalho", ele pisou com cuidado na linha branca pintada com tinta no chão e colocando um pé depois do outro, fez o trajeto até o topo da rua. Quando chegou lá, seus pés frearam automaticamente.

E então, num passe de mágica, era 31 de dezembro de 2020. Lá estava ele, parado naquele mesmo lugar, enquanto olhava para a única pessoa que já havia gostado. Era ano novo, mas eles estavam gritando um com o outro, havia uma lágrima descendo pela bochecha do garoto em frente a ele e os dois nem sequer ouviam os fogos à distância. Eles estavam trocando palavras ásperas que machucavam o coração, mas aquela não era a primeira vez que tinham brigado, então Sunoo não achava que era grave.

Porém, ele logo ouviu as palavras que viriam a ressoar em seus ouvidos durante todo aquele ano.

"Sunoo, devíamos terminar".

Ao ouvir aquilo novamente em sua cabeça, como uma repetição da tortura, ele deu um grito e tampou os ouvidos, por sorte não havia ninguém em volta. E então, pouco a pouco, se lembrou de onde estava, de quem era e que um ano tinha passado. Park Sunghoon não era mais seu namorado e provavelmente nunca mais seria.

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