Pais e filhos

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Capítulo 35



Niki foi visitar Jungwon logo depois de sair da faculdade no dia seguinte, ele queria saber como o amigo estava e como seu tratamento ia. O mais velho fez boa propaganda do psicólogo, disse que era um homem gentil e paciente, não lhe fazia perguntas difíceis e tentava manter o ambiente amigável e confortável, então ele acabava se sentindo seguro para compartilhar algumas coisas que não imaginava que iria. Isso deixou Niki um pouco mais relaxado, mas não menos assustado de ir para a terapia.

— Eu acho que você precisa resolver todas essas questões agora que está firme com alguém — Jungwon comentou. — Caso contrário, será sempre como um peso entre vocês.

Os dois tinham saído para dar uma caminhada pelo bairro e o mais novo estava carregando Maeum na coleira, o cachorro parava em todos os postes para fazer xixi.

— Eu sei. — Niki assentiu. — Não posso fugir disso pelo resto da vida, é um fardo que estou cansado de carregar.

— Eu sei como é, mas logo você vai perceber que não precisa ficar carregando essas coisas, já é hora de dar adeus ao seu passado, assim como estou fazendo.

Niki concordou com ele, já tinha passado da hora de parar de ser atormentado por esses fantasmas.

Depois que se despediu do amigo e de seu cachorro, ele dirigiu direto para o hospital. Todo mundo por lá já o conhecia, então ele andava acenando pelos corredores e achava isso engraçado, Dave tinha espalhado por todos os cantos sobre seu relacionamento, era uma mudança de cenário muito inusitada. Ao pensar sobre isso, concluiu que Dave tinha sido corajoso e dado adeus a crenças de um passado que já não o servia mais. Se todo mundo estava seguindo em frente, ele precisava também.

Assim que subiu pelo elevador até os quartos privados, estava animado por rever Haru e Jun. Quando bateu na porta e a abriu para dar uma espiada, viu que o garotinho estava sozinho, sentado na cama assistindo a um desenho animado na televisão. Assim que o viu, ele abriu um largo sorriso, tão grande que Niki nunca imaginou que uma criança tão ferida quanto ele pudesse sorrir assim.

— Niki!

— Ei! — Ele se aproximou e bagunçou o cabelo dele com a mão. — Como você está?

— Está tudo bem, o hospital é legal, a cama é muito confortável.

Niki pensou sobre as condições precárias nas quais aquela criança vivia, devia mesmo ser muito confortável estar ali, mesmo que estivesse fazendo vários exames. E então pensou sobre o quanto ele mesmo reclamou de estar ali há apenas uns meses... Ele era mesmo mimado.

— Eu trouxe um presente. — Ele colocou um chocolate na mão do garoto.

Haru arregalou os olhos, confuso e surpreso.

— Para mim?

— Sim, é chocolate.

Ele ficou olhando para a embalagem com atenção.

— Você nunca comeu esse?

Haru negou com a cabeça.

— É gostoso, experimenta! — Niki acariciou os cabelos dele de novo e ficou esperando por sua reação.

O mais novo deu uma mordida no chocolate e o encarou com os olhos brilhando, era a melhor coisa que já havia comido na vida! Para Niki, no entanto, era apenas um pequeno chocolate. Para uma criança que havia crescido na riqueza, ver alguém se surpreender com as simples coisas da vida era como um choque de realidade.

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