Sparks

Você acredita em milagres?

Capítulo 20

Quando Sunghoon acordou na manhã seguinte, olhou para o lado na cama e viu Jake dormindo todo torto, seus braços estavam caindo para fora do colchão, então o puxou e o acomodou, cobrindo-o com o cobertor. Sua cabeça latejava de tanto que tinha chorado ontem; seu corpo inteiro doía como se tivesse levado uma surra. Ele ficou um bom tempo apenas sentado no colchão sem conseguir pensar em nada, até que seus olhos correram para cima da escrivaninha e ele viu o porta-retratos com a foto que havia tirado com Sunoo um dia. Eles estavam no ápice da felicidade, seus olhos brilhavam e era como se não houvesse nada de ruim no mundo. Sunghoon nem sequer tinha mais lágrimas para chorar; ele apenas se ateve a suspirar e, por fim, levantou, deixando o amigo adormecido para trás.

Sua mãe estava passando café na cozinha e assim que o viu, ela abriu os braços e o acolheu, deixando um beijo em sua testa. Sunghoon a apertou forte como se fosse uma criança carente, e ficou abraçado nela por um longo tempo. Ela então sugeriu que fossem até a praia respirar um pouco de ar puro, e eles sentaram na areia perto do mar. Sunghoon apoiou o rosto em seu ombro e fechou os olhos, para sentir a brisa gelada.

— Eu estou tão triste, mãe — desabafou. — Eu não sei como vou seguir em frente...

— Essa dor eventualmente vai ficar mais fácil de lidar. — Ela acariciou os cabelos do filho.

— Você acha que eu fiz a coisa certa? Porque não paro de pensar que devia voltar atrás e falar com ele...

— Você acha que as coisas se resolveriam se você fizesse isso?

Sunghoon pensou sobre isso e negou com a cabeça. Se eles voltassem, as mesmas coisas continuariam acontecendo.

— Vamos dar um tempo então — ela sugeriu. — Se for para ser, a vida vai arranjar um jeito de unir vocês novamente em um momento mais oportuno.

Pensar sobre isso agora parecia impossível; era como se não houvesse uma solução para os problemas que eles enfrentavam. Se não tinha solução antes, por que teria algum dia? Então Sunghoon apenas mergulhou em uma tristeza profunda, com a esperança de que sua mãe fosse ter razão e um dia essa dor se tornasse mais fácil de lidar...

Sunoo não acordou muito diferente. Sua cabeça doía e sempre que abria os olhos, os fechava novamente, se negando a acordar. Ele já estava assim por um bom tempo, até que ouviu alguns barulhos na peça e ergueu o rosto para ver quem era. Jay e ele eram os únicos que dormiram em casa essa noite, e agora seu pai tinha chegado sabe-se lá de onde. Assim que o viu, ele se sentiu enraivecido de imediato.

Em um salto que até assustou o homem, levantou-se e o encarou sem nem sequer dar bom dia.

— Por que você fez aquilo? — perguntou.

— Hum? — Seu pai pegou um cigarro na gaveta e o acendeu.

— Por que você atirou no Sunghoon? Você ficou maluco de vez???

Ao perceber do que se tratava, ele ficou um pouco travado. Depois de tanto tempo, esperava que aquele assunto tivesse morrido para sempre. Jay, que até então estava dormindo, abriu os olhos para ver que barulho era aquele.

— Ele veio até a minha casa e disse coisas estúpidas, o que você esperava?

— Você atirou nele!!! — Sunoo estava chocado. — Poderia ter brigado, dito qualquer coisa, até mesmo um soco valia, mas um tiro??? O que eu faria da minha vida se ele morresse por sua culpa???

O homem o encarou e não disse nada. Jay percebeu que a coisa iria ficar feia, então levantou e segurou o mais novo pelo braço.

— Você não vai dizer nada???