Água quente e corpos gelados

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Capítulo 9



A mãe de Sunghoon foi embora quando já tinha anoitecido. Pelo resto do dia, ela não fez nenhum tipo de pergunta desconfortável ou pressionou os dois sobre o assunto, mas é claro que esteve o tempo todo de olho para entender melhor a dinâmica daquele namoro. Sunoo deveria estar se sentindo agradecido, porém quando ela foi embora ele estava se sentindo mal.

— Eu deveria ir também — ele levantou para sair, mas Sunghoon o pegou pela mão.

— Espere, acho que devíamos falar sobre o que aconteceu — o mais velho olhou pela janela — Além do mais, parece que vai chover a qualquer momento, você devia ficar.

Logo em seguida, um raio caiu não muito longe dali, iluminando a peça.

— Falar sobre o que? Eu sabia que ia ser assim, que iria me sentir inferior ao seu lado o tempo todo.

— Inferior? Em qual momento eu te fiz sentir assim? Você é o único fazendo isso consigo mesmo.

— É, eu tô me sentindo humilhado porque sou um maldito ladrão metido na sua vida perfeita!

— Se isso te envergonha, por que você simplesmente não larga?

Sunoo olhou para ele e balançou a cabeça.

— Não posso.

— Você quer que eu faça o que então?

— Me deixe em paz.

Dito isso, o mais novo pegou sua mochila e saiu andando porta afora. Sunghoon titubeou ainda, ele devia ir atrás dele ou devia deixá-lo ir assim? Mas se as coisas ficassem desse jeito, era provável que aquela relação não iria a lugar nenhum. A verdade era que ele estava muito investido naquilo para apenas deixá-lo ir embora.

Quando Sunghoon desceu as escadas e correu para fora do prédio, já estava chovendo forte do lado de fora. Sunoo estava caminhando apressado no final da rua quando ele correu e o segurou pelo braço.

— Espera.

O mais novo se virou e o encarou chocado.

— O que você está fazendo aqui???

— Não vou te deixar fugir disso tão fácil.

Sunoo estava furioso, por que aquela pessoa simplesmente não o deixava ir? Durante toda a vida ele lidou com os problemas assim e as pessoas sempre o deixaram ir embora, ninguém nunca se preocupou o suficiente para ir atrás dele. Mas ao invés de estar tocado, Sunoo estava machucado, confuso e irritado. Ele soltou a mão dele e gritou, sua voz ecoando na rua vazia e molhada.

— Por que você não me deixa em paz??? Por que não some???

— É isso o que você quer??? — Sunghoon gritou de volta.

Sunoo ia responder, mas não conseguiu. Havia uma lágrima escorrendo por sua bochecha, por sorte estava chovendo tanto que era impossível identificar.

— Eu estava maluco por me envolver com você, esse relacionamento nunca vai dar certo.

— Já está dando! Eu não ligo para o que outras pessoas pensam, para o que a minha mãe pensa, para o que você é! Eu não ligo para nada disso, o que mais você quer???

Sunghoon o pegou pelas bochechas e olhou dentro de seus olhos.

— O que mais você quer? — repetiu — O que você quiser, eu faço.

Mais algumas lágrimas rolaram pelo rosto do mais novo, enquanto olhava para a expressão desesperada do outro diante de si. Ele não queria nada, era verdade que Sunghoon estava dando a ele tudo o que precisava e mais do que jamais imaginou receber de alguém. O problema nunca tinha sido o outro, o problema era ele com ele mesmo e todas as frustrações de uma vida. Mas não podia deixá-lo, mesmo que precisasse, mesmo que quisesse.

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