A pessoa que você mais admira

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Capítulo 28



Niki fraturou duas costelas, quebrou o braço esquerdo e sua batida na cabeça era preocupante, mas depois que foi reanimado pelos médicos, eles estavam esperançosos de que ele conseguiria sobreviver. O único problema era como e se iria acordar.

Como um estudante de medicina, Dave sabia muito bem disso e justamente por ter visto ele mesmo vários desdobramentos ruins de acidentes de carro, estava muito nervoso. Tudo o que queria era que Niki acordasse bem, queria poder vê-lo sorrindo de novo, falando coisas bobas, sendo ele mesmo. Isso era tudo o que preenchia seus pensamentos nesse momento.

Ficar ao lado dele vendo-o daquele jeito estava o deixando mais nervoso, então voltou até a sala do médico para ficar um pouco sozinho. Sua cabeça estava repleta de coisas, parecia pesar o dobro, como se tudo tivesse acontecido de propósito para enlouquecê-lo. Ele estava pensando nisso quando uma das enfermeiras bateu na porta e entrou, era a mesma que tinha lhe avisado mais cedo. Agora ela estava carregando um buquê em mãos e o colocou em cima da mesa.

— O que é isso?

— Estava no carro, no banco ao lado do motorista. Disseram que o carro do garoto ficou bem destruído, perda total, mas por algum motivo esse buquê sobreviveu.

Dave olhou para as flores e ficou confuso, por que Niki estaria carregando isso?

— O garoto teve sorte que o acidente foi aqui perto, caso contrário, talvez não tivesse chegado a tempo.

— Aqui perto? — Dave coçou a cabeça.

Por que Niki estaria naquele bairro? Sua faculdade era do outro lado da cidade, não fazia o menor sentido que estivesse por ali correndo num dia de chuva com um buquê de flores no assento do lado...

A não ser que...

Dave parou por um instante, assustado com sua conclusão. E se Niki estava indo ao hospital para vê-lo? Fazia sentido, ele o tinha avisado que iria passar lá depois de resolver as coisas na faculdade. No entanto, ainda não explicava por que ele estava dirigindo em alta velocidade...

— Mas estou aqui porque não consegui contatar ninguém da família dele. — A enfermeira colocou um papel em cima da mesa. — Seus pais não atendem o telefone, como você o conhece, acha que poderia ir até a casa dele avisá-los?

— Os pais de Niki não vivem aqui, eles moram nos Estados Unidos. Eu posso ir até a casa dele tentar falar com alguém.

A enfermeira agradeceu e se retirou, deixando-o sozinho. Dave olhou para a ficha que ela deixou para trás, tinha todos os dados do garoto, incluindo o endereço. Ele nunca tinha ido até lá, acreditava que os pais dele não iriam se importar a ponto de viajarem de volta para vê-lo, mas tentaria avisar algum funcionário da casa.

Então ele pegou o buquê de flores em mãos e inspirou o perfume delas, que incrivelmente ainda estava lá. Ele tocou nas pétalas com cuidado, até que viu que havia algo preso no fundo do buquê. Ele colocou a mão entre as flores e puxou lá de dentro um cartão. Assim que o tirou do envelope, engoliu em seco: era um cartão de boas-vindas. Havia um urso marrom na capa e dizeres em vermelho em cima. Dentro havia uma mensagem padrão de cartões: "É muito bom ter você de volta", mas Niki havia escrito algo com caneta logo embaixo. Quando viu a caligrafia do mais novo, seu coração acelerou.

"Dave, eu esperei por você. Será que agora você vai aceitar o meu coração?".

Suas mãos tremeram e seus olhos estavam embaçados. Ele tinha razão, aquele buquê era para ele, Niki estava indo encontrá-lo no hospital. Mas por quê? Por que estava correndo? Por que não esperou para vê-lo no jantar hoje à noite? Se ao menos tivesse feito isso, agora não estaria entre a vida e a morte.

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