A Lua morre, a escuridão nasce

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Lua Escarlate

Livro 1

- As Sombras da Luz -

Capitulo 1: Origem das trevas

Com a chegada da noite, só há uma certeza, a Lua, que majestosamente acompanhava a escuridão no breu em seu ápice e ofuscava o brilho das estrelas no céu negro. O mundo era um lugar vazio e carente de... magia, era uma imensidão desértica e triste, a Lua não se agradava com a visão deplorável e solitária que vislumbrava em seu despertar quando o sol dela se despedia, possuía somente a Noite como amparo para tal tormento. Então, com a magia que fluía de seu coração, criou seres em meio a escuridão, os filhos da luz e das trevas, moldados para serem diferentes e únicos, especiais, mas com o passar do tempo a sede de poder os cegou, por serem imperfeitos eram facilmente corrompidos pela ganância e pelo ódio, Meia Noite decididamente quis dar fim a tudo aquilo antes que saísse do controle, mas a Lua recusava-se a tirar a vida de seus filhos, acreditava que dentro deles ainda restava alguma parte de sua luz, mas estava errada.

Um campo de guerra que teria séculos de duração surgiu sobre sua face branca, guerra que mergulhou o mundo em desespero e destruição. Gritos que terrivelmente ecoavam pela vastidão do céu, estremeciam as nuvens escuras que ali bem no alto estavam a observar a sanguinolência e morte, as três raças criadas pela Lua lutavam bravamente por poder, glória ou por simples sobrevivência, seres que nasceram ao fim do primeiro dia e início da primeira noite, concebidos pelo poder da Lua e o puro caos que se espalhou pelo mundo com a ausência do Sol, vampiros, lobos e bruxas enfrentavam-se com tamanha ira que afetaram o equilíbrio da noite perpétua, a singularidade que definia a existência. A Lua se entristeceu com a atitude de seus descendentes, dela uma única lágrima caiu no chão, banhado pelo sangue dos mortos de cada lado da batalha, surgiu dessa lágrima uma flor, que foi chamada de "A rosa das trevas" – a representação física da alma da Lua – Magia bruta emanava de cada pétala, algo de poder indescritível capaz de decidir de uma vez por todas o resultado da guerra.

Aquele que obtivesse a rosa teria poder sobre a vida e a morte, o controle total sobre as almas dos seres da noite, o portador deveria propagar a ordem reestabelecendo a paz, controlando e abrandando seus irmãos, mas para a total decepção da Lua aquele poder foi utilizado de forma terrível, usando o medo como princípio e a cobiça como combustível, um feitiço seria conjurado para sugar a magia dos seres da noite e controlar o caos, com o intuito de tomar o poder da Lua, o objetivo era dessa forma submergir o mundo em um "sonho" criado pelo portador da flor. Aquele que fizesse isso teria poder ilimitado sobre a própria realidade, seria capaz de fazer qualquer coisa com o seu único limite sendo a própria imaginação.

A Lua teve que impedir de alguma maneira que tal atrocidade se concretizasse, em um último ato de coragem, ela desistiu de sua vida, sua face plenamente branca e luminosa sangrou tornando-se vermelha escarlate, dessa forma fazendo com que todos que dela retiravam poder se tornassem fracos para controlar a magia da rosa.

Em meio a toda aquela desordem os humanos, seres comuns desprovidos de magia, mas portadores de tamanha bravura e incomparável esperança decidiram intervir. Alimentados pela chama rubra, uma essência de puro poder que caiu da noite em seu lamento pela Lua ao fim de sua vida como guardiã branca, tornou alguns humanos fortes e rápidos o suficiente para combater aqueles que tanto temiam. Homens e mulheres de espirito forte se tornaram caçadores – uma nova raça advinda da vontade da Noite para acabar de uma vez por todas com o curso da batalha – servos daquele que a escuridão controla, rumo a um contra-ataque, aliaram-se as bruxas que no desfecho do confronto estavam sendo dizimadas. Juntos eles formaram a estigma, a resistência contra os avanços de seus inimigos, com o poder conquistado pela vontade de viver, que se opunha ao clamor da morte, ele dispersaram os exércitos de lobos e vampiros e tomaram a rosa, a esconderam e juraram protegê-la com suas vidas, no final de tudo, a estigma conseguiu colocar um fim à guerra das raças, ou... era o que haviam pensado. 

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