Lua Escarlate

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Capitulo 3: Orgulho e Dor

Brandon acordou abruptamente aquela manhã. Ainda eram 06:00 horas no relógio em sua parede. Pesadelos para ele eram constantes – sempre os mesmos – quase como uma reprise da mesma visão assombrosa todas as noites. Imagens tão macabras quanto realistas. Sangue e morte o cercavam, gritos agonizados e estridentes o ensurdeciam até o limite de sua audição, sua visão era limitada a corpos empilhados, cada um deles destroçado das formas mais horripilantes possíveis, a podridão acumulada chegava a suas narinas e embrulhava seu estômago, seus movimentos eram interrompidos por correntes feitas de sombras liquidas enquanto era torturado pelo que parecia ser sua própria mãe, mas o ápice dos terrores em sua mente era uma figura envolta por escuridão, com cabelos brancos e pretos, olhos negros e vermelhos, um ser maligno que vivia nos seus piores pesadelos, levantou-se ofegante com a respiração pesada e a expressão cansada, o ritual de sangue havia chegado ao fim tarde da noite, sem contar as duas horas que levou para cuidar de Chester.

Preguiçosamente o menino dirigiu-se até uma das duas mesas que haviam em seu quarto – uma era de vidro e nela estavam seus livros favoritos em sua maioria de romance ou histórias de ficção cientifica, haviam também blocos com anotações e desenhos que fazia quanto estava entediado, e claro, seu violino que ganhou de presente de suas tias, por outro lado, haviam também os presentes de Katherine, mas o conceito dela de "presente" não era lá muito convencional, se resumiam a um arsenal quase completo de armas.

Armas essas que estavam todas seladas na segunda mesa, feita de madeira de carvalho com proteção extra para manter os "presentes" que Kath dava limpos e seguros. Eram 16 adagas de prata de diferentes modelos, três laminas de obisidiana envenenadas, dois socos ingleses, duas espadas de cabo talhado em ametista e aço e mais algumas outras coisinhas.

Respirando fundo o menino dirigiu-se ao seu banheiro onde fez sua higiene diária, optou por tomar um banho frio e rápido e escolheu roupas casuais e confortáveis, dispensando qualquer coisa muito formal, permitindo-se aproveitar a sensação aconchegante de seu suéter e calça moletom larga, queria se sentir minimamente bem aquela manhã.

Ao abrir a porta teve uma tremenda surpresa ao ver Katherine bem a sua frente o fitando com um olhar capaz de amedrontar até o mais corajoso dos homens, aparentemente sua mãe estava aderindo o habito de o surpreender na porta do quarto, um habito que gostaria que ela não fosse mais tão adepta.

- Então, qual o assunto tão importante a ser discutido comigo que tanto o inquietava? – a pergunta o surpreendeu, o fato de Kath ter se lembrado o impressionou o suficiente para deixá-lo sem reação.

- M-mãe? – Brandon praguejou, imediatamente estremecendo ainda tentando recuperar-se.

- B-Brandon? – replicou Kath sarcasticamente arqueando uma de suas sobrancelhas – Quer conversar ou não, eu tenho assuntos sérios para tratar com Morgana e com caçadores de outras instalações de caça, então seja rápido, sabe muito bem que não gosto de perder meu tempo! – Katherine já demonstrava sua habitual impaciência logo cedo.

- Sim, sim eu quero conversar, mas... só não esperava que seria nessas circunstâncias!

De novo, estava hesitando de novo, odiou-se mais por isso e por nem poder manter o olhar direcionado a sua mãe.

- Eu não tenho muito tempo Brandon, quer falar logo o que você quer, ou eu posso ir resolver meus compromissos? – Kath já estava nervosa e a ponto de simplesmente sair andando e ir embora, o garoto não se impressionaria caso ela realmente fizesse isso.

Brandon estava mais uma vez sem palavras diante de sua intimidadora figura materna, entretanto, precisava aproveitar aquele momento para resolver de uma vez por todas essas questões que martelavam em sua cabeça, sabia dos compromissos de sua mãe e sabia também que ela não teria tempo algum durante o resto do dia, não estava disposto a continuar adiando aquilo, não mais, respirou fundo e olhou diretamente os abismos verdes escuros que eram os olhos de sua mãe.