ੈ✩ prólogo ⭟ ༉‧₊˚

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Estava descansando nas grandes pedras ao lado do pequeno riacho, ouvir as águas correndo na margem das rochas era uma serenidade interior. Estar sentada naquele local era como uma dançante memória, relembrando todas as boas memórias que tive desde meu nascimento.

Já estava inerte, disposta a fechar os olhos e adormecer por horas. Em alguns segundos, pude sentir vibrações próximas à floresta, me alarmando.

  — Tem alguém aí? — questionei, observando atentamente a vasta floresta em minha volta.

Antes que pudesse dizer alguma palavra, vi a silhueta de um garoto adentrando o riacho para chegar até as rochas. Ele usava uma ruana amarela, detalhada com pequenos camaleões. Seu cabelo se mobilizava de acordo com os movimentos que seu corpo realizava, como se seguisse as mãos do tal.

Quando percebi, o garoto estava perante a mim. Seus olhos esverdeados me observaram de uma forma inigualável, e assim, nossos olhos se encontraram pela primeira vez. Meu modo acanhado estava me ordenando a parar de o admirar, mas não conseguia, simplesmente não conseguia tirar os olhos de suas pequenas sardas, que transmitiam uma personalidade maviosa.

  — O que uma bela dama está fazendo sozinha em um lugar como este? — o garoto me questionou, com a mão na cintura, o que fazia sua ruana harmonizar com os gestos que seus dedos projetavam.

Eu me levantei com um leve sorriso estampado em meu rosto. Nos encaramos por alguns segundos, como se estivéssemos em um filme, porém um de nós esqueceu sua próxima fala.

Ele limpa sua garganta, consigo perceber o nervosismo transbordando em seus olhos chamativos, porém ele escondia isso com um grande sorriso meigo. Era fofo. Ele estende sua mão em minha direção, fazendo uma perceptível movimentação, abrindo e fechando sua boca, como se houvesse algo entalado em sua garganta que queria dizer há muito tempo.

  — Prazer! Meu nome é Camilo, Camilo Madrigal! — me diz, como se fosse um mero figurante. É claro que eu iria te reconhecer, o Madrigal que possuía a habilidade de metamorfosear, o tal que nasceu para entreter. Uma personalidade muito mais complexa que qualquer um poderia imaginar. Eu adoraria lhe conhecer, porém eu não valho seu tempo. Aperto sua mão gentilmente.

  — Sou [nome sombrenome], o prazer é meu. — sorrio de um modo doce. Observo o rosto de Camilo, o qual estava se envolvendo em um tom avermelhado.

De repente sinto uma sensação peculiar, um frio se contorcendo no meu estômago, como se borboletas desejando passar por minha garganta e voarem, desafrontadas. O que remete essa intuição?

— Você... é a garota que anda com a grande cesta de morangos, certo?

Meu coração palpita tão rápido que poderia estar desacordada. Me sinto afortunada ao saber que um dia teve olhos para me enxergar. As borboletas reviram meu estômago por inteiro. Mesmo com a boca trêmula, não tive hesito algum em lhe responder.

— Sim, sou eu! — falo com uma expressão animada, ultilizo meu dedo indicador para mostrar a ele a cesta, ao lado de meus pés. Camilo arqueou uma sobrancelha, em seguida sorriu, com um olhar intrigante — E você é o famoso Madrigal que muda de forma?

Camilo gargalhou, como uma melodia dançante, um dos sons mais satisfatórios que qualquer um poderia ouvir. Seu sorriso era contagiante, porém viciante. Sua cabeça movia junto de seus cachos dourados, seus olhos esverdeados me encantavam. Bastava um olhar do jovem moreno para me hipnotizar.

— Ah? Então essa belíssima dama já tem conhecimento sobre mim. Parece que hoje é meu dia de sorte.

Camilo se ajoelha na longa rocha e leva seus olhos até os meus, segurando minha mão e a beijando delicadamente. Olhei para ele com um olhar baixo, surpreso, porém curioso. Não conseguia dizer se estava sendo genuíno ou se estava apenas simulando aquela realidade distorcida pelos meus pensamentos. Ambos começamos a rir, pois nenhum de nós realmente sabia o que efetuar no momento levemente vexaminoso, mas agradável.

Em instantes, foi possível ouvir uma doce e calma voz chamando o nome do garoto em minha presença. Camilo rapidamente se levantou, se virando para a direção da voz e alternando para a minha. Seu olhar parecia apreensivo, mas ele apenas sorriu.

  — Parece que o dever me chama. Eu realmente gostei de passar esse tempinho com você... ei, [nome], o que acha de passar na vila, neste horário, nos próximos dias? É muito provável eu esteja lá! — o garoto exclama, animado. Apenas concordei, movimentando minha cabeça e lhe dando um pequeno sorriso. Seus olhos brilharam magicamente. — Então... até mais, hermosa!

Camilo atravessou o riacho mais uma vez às pressas, pude vê-lo acenando de longe. Gostaria de ter falado mais.

ੈ✩ ⭟ - o jardim de vagalumes, camilo madrigal e leitora ༉‧₊˚ Onde histórias criam vida. Descubra agora