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Camilo.

Em uma calma e ordinária manhã de quinta-feira, estava entretendo a multidão de crianças inquietas da vila com a ajuda de minha prima, Isabela, cujo dom de brotar as mais belas plantas maravilhou os olhos de pequenos jovens que atentamente observavam folhas de jacarandás se elevando do chão, aos poucos ganhando vida de acordo com os delicados dedos e cantoria de Isabela.

Pude lhe ver em uma certa distância, como se algo houvesse me guiado até sua direção. Não foi difícil te diferenciar na multidão, pois estava mais bela do que qualquer outro morador da vila, se destacando, como uma protagonista dos mais intrigantes livros.

Em poucos segundos me encontrei cumprimentando [nome], deixando as crianças como responsabilidade de Isa. Seu sorriso estava mais brilhante que qualquer outro dia, fico feliz em saber que apreciou minha presença naquele momento.

— Bom dia, Camilo! Sinto muito, passei os últimos dias ocupada e acabei não conseguindo vir visita-lo semana passada... eu estava te procurando, mas parece que você me encontrou antes.

Você sorria de um modo bobo, era fofo. Era um sonho, finalmente ter coragem de ter um diálogo contigo. Por semanas, não foi difícil o ato de me camuflar na multidão para te observar iluminando a vila com seus leves passos e gratificante sorriso. Sinceramente, não queria que me achasse bizarro por repentinamente me interessar por você... foi confuso não conseguir nem lhe desejar um bom dia por tanto tempo, simplesmente não tinha a bravura. Toda vez que me aproximava de você, meu coração palpitava tão rápido, era como se fosse desmaiar, não conseguia articular as pouquíssimas palavras que desejava lhe dizer para me expressar. Então apenas me rendia e virava as costas, como se eu fosse um covarde. Algo tanto quanto peculiar para o extrovertido e divertido camaleón de Encanto, não?

  — Claro, não foi difícil te encontrar, hermosa. — declamei, ansiado, mas ainda com grande um sorriso  de dentes perfeitamente alinhados estampado em minha face. Seus cílios formavam uma sombra abaixo de seus olhos, e você estava mais vermelha que o usual — Ei, o que você acha de almoçar na minha casa? Você poderia conhecer minha família!

[nome] ergueu suas sobrancelhas, me deu um olhar alto, surpresa com um pedido tão mágico e inesperado, um qual poderia ser considerado um sonho para alguns. A garota pega minhas mãos e as segura com força, transmitindo uma atmosfera animada.

  — Eu adoraria! Seria um prazer conhecê-los!

Me senti alegre a um ponto exagerado, mas havia um motivo justificável. Apresentei-a para Isabela, que recebeu [nome] com gracioso e enorme buquê de flores amarelas e um grande sorriso, desta vez não-ensaiado. Logo, um sorriso de orelha a orelha surge em meu rosto, toquei o ombro de [nome] e a encarei.

— As flores são belas que nem você, corazón.

Isabela arqueou sua sobrancelha e olhou para mim, posicionando elegantemente seu dedo indicador em seu queixo, analisando a cena duvidosa que acabou de ocorrer. [nome] riu, corada, com um olhar envergonhado. Sinto que ela iria dizer algo em resposta, mas ouvimos o chamado de Abuela para o almoço na casa Madrigal.

Quando pisamos na vultosa construção, fomos recebidos pela alegria de casita, a melodia dos tijolos e janelas formavam uma música repleta de sentimento. [nome], estava boquiaberta, seus olhos contemplavam as vibrações da moradia.

— Sentem-se, sentem-se! — Abuela Alma anunciou, ao trazer uma garrafa de suco para a mesa, a qual ela posicionou ao lado de uma panela de ajiaco, cujo aroma deixava o ar acendrado, aparentava ter um gosto saborosíssimo! Mas é claro que teria, foi preparado por tia Julieta, que cozinhava os mais deliciosos pratos de toda Colômbia. Abuela não demorou muito tempo para perceber a presença de [nome] na casa Madrigal — Oh, parece que temos uma visita hoje. Qual seria o seu nome, senhorita?

A garota rapidamente se virou para Abuela, repentinamente, seus olhos bem abertos tomaram forma em minha direção, uma solicitação de ajuda não tão discreta. Levemente sorri para ela, pude sentir minhas bochechas esquentando. [nome] acenou sua cabeça, assentindo. Franziu as sobrancelhas e novamente encarando Alma, agora, com um sorriso.

— Sou [nome sobrenome], é um prazer conhecê-la, senhora Madrigal. Camilo me convidou para almoçar com vocês, espero que não seja um incômodo...

Com poucas frases, [nome] já possuía completamente a atenção dos Madrigal. Foi cumprimentada por abraços e apertos de mão pelos primos e tios presentes no almoço, além do verdadeiro e alegre sorriso de Abuela Madrigal, que estava contente ao receber alguém relacionado à Camilo na querida casa Madrigal.

Após uma cadeira ser adicionada à mesa com a ajuda de casíta, a qual a trouxe movendo o piso, todos já haviam iniciado a refeição. Não tomou tempo até que as perguntas começassem. Como nos conhecemos e o que pretendíamos com nossa ligeira e infrequente amizade eram, discretamente, o tópico principal da mesa.

Dolores estava calada, porém inquieta por dentro. Já que foram seus "concelhos de irmã" que me encorajaram a falar com a garota que carregava a cesta de morangos. Então, não havia sentimentos ou diálogos para esconder de Dolores, que além de lhe contar, ela pôde ouvir de longe minhas conversas com [nome].

Fomos os últimos a sair da mesa, era inacreditável como [nome] conseguia me fazer gargalhar com qualquer coisa que dissesse. Era um vazio sendo preenchido, algo que não senti por muito, muito tempo.

Iniciamos uma caminhada sem rumo no coração da vila, onde eram vistas as mais coloridas casas em Encanto. Você me escutava lhe contando os diversos tipos de histórias, metamorfoseando de acordo com os personagens retratados. Seguia com seus olhos atentos cada mudança de estado, como se pudesse ler minha mente e prever cada movimento de minha anatomia. Sua risada era a mais sincera, seu olhar entregava tudo que pensava ou imaginava. As mais belas cores, as mais famosas canções e os mais esbeltos pontos de Encanto por onde passei, nenhum deles superariam a beleza do seu sorriso.

Logo iria escurecer, meus contos não lhe deixaram completamente satisfeita, apesar de aprecia-los com todo seu coração, tive certa firmeza nesse pensamento, mas não completamente. Consegui observa-la, buscando em sua memória algo importante. Mais uma vez, seus olhos brilharam, como se fosse uma característica apenas sua, como um dom.

— Camilo, eu tenho de lhe apresentar um lugar!

Você segurou minha mão e rapidamente me puxou. Não a disse uma palavra, estava disposto a te seguir para qualquer lugar que você desejaria estar. Seu cabelo dançava enquanto dava ligeiros passos, se encaixando na forma de seu rosto. Uma das mais belas e memoráveis cenas que guardo em minha vasta mente, coberta de pensamentos, onde vários se tratavam sobre você.

ੈ✩ ⭟ - o jardim de vagalumes, camilo madrigal e leitora ༉‧₊˚ Onde histórias criam vida. Descubra agora