Não me deixe ir - Catradora

Vida Nova

Catra POV

Hoje era meu aniversário de 18 anos. Acordei me arrastando para o refeitório se não perderia o café da manhã.

-Bom dia aniversariante! 

-Bom dia Lucia

Lucia era a cozinheira, uma das únicas pessoas que eu me limitava a conversar pois ela era sempre muito doce comigo.

-Aqui querida, um pedacinho de bolo que fiz especialmente pra você hoje – A mulher mais velha disse dando uma piscadinha e sorrindo.

Aquilo me trouxe felicidade, algo que raramente sinto aqui dentro, ou em qualquer lugar... 

Agradeci pelo gesto e me isolei em um canto para comer.

Quando cheguei no pedaço de bolo sussurrei ''Feliz aniversário pra mim'' com um sorriso triste.

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Algumas horas mais tarde encontrei com a minha psiquiatra que sempre chegava sorrindo no quarto.

-Feliz aniversário Catra! Espero que tenha aproveitado seu dia.

Tentei forçar um sorriso para  mesmo querendo mandar tudo a merda.

-Bom, como você sabe hoje é seu último dia aqui.

Arregalei os olhos e senti meu coração palpitar, tinha esquecido completamente... 

-Aparentemente você esqueceu – Disse soltando uma risada nasal. - Mas tudo bem, não se preocupe, sua mãe deixou dinheiro antes de se mudar e você já foi aceita na faculdade de Lua Clara pela sua excelência com os estudos aqui dentro. Tudo dentro dos conformes.

-Minha mãe o que?

Eram muitas informações... SW havia deixado dinheiro para mim? E se mudado? 

Eu sabia que entraria para faculdade, apesar de não ter ânimo para nada aqui dentro eu me empenhava o suficiente para entrar na melhor faculdade da cidade e morar no alojamento para não ter que voltar a morar com SW.

-Perdão, achei que a sua mãe avisaria sobre a mudança, Catra. Ela está informada que você vai morar nos alojamentos da faculdade e me avisou que precisava mudar de cidade por motivos profissionais. Também pediu pra te dar o dinheiro quando saísse e que usasse com sabedoria. E... Bom... Ela não disse pra onde foi ou sequer deixou qualquer contato.

Spinerella dizia tudo de uma forma doce que de alguma forma suavizava a situação, por mais nervosa que eu estivesse com essa nova informação.

-Certo. Quando eu tenho que partir?

Disse tentando segurar o nó na garganta pelo nervosismo. Spinerella percebeu e segurou a minha mão.

-Catra, eu te conheço, não precisa se esconder de mim. Quanto a sua saída, assim que você estiver pronta vou chamar um carro para te deixar no campus. As aulas só começam em janeiro mas os alunos que vão morar nos alojamentos podem ir antes. Tome o tempo que precisar, eu estarei te esperando na minha sala quando terminar de se arrumar.

Assim que terminou de falar a mulher mais velha me olhou com ternura e deixou o quarto.

Depois de uns segundos de nervosismo senti curiosidade.

Toda vez que sentia algo durante o dia eu anotava em meu caderno, sugestão de Spinerella para entender meus sentimentos.

''Felicidade: O bolo estava gostoso hoje. Obrigada Lucia.

Nervosismo: SW também se foi. Pra onde?

Curiosidade: Como será o meu quarto? Como será a faculdade? E essa nova fase da minha vida...''

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Quando cheguei no campus fui a procura do meu quarto ainda meio perdida e desnorteada por ver tantas pessoas sorrindo e conversando naquele lugar.

Durante minha internação as pessoas raramente conversavam entre si, era tudo muito silencioso pois todos estavam sofrendo internamente.

Chegando no meu quarto abri a porta e concluí que era um quarto solo. Aquilo me deixou mais tranquila, não teria que dividir ou conversar com alguém a fim de criar uma falsa amizade.

Amizade...

Eu me lembro que Adora e eu fizemos uma promessa anos atrás que iriamos para faculdade juntas. Ela provavelmente nem se lembra disso.

Sentei em minha cama e suspirei olhando para o quarto e pensando em Adora.

Ela acharia um máximo dividir esse quarto, provavelmente penduraria todas as nossas fotos juntas e... 

Para Catra.

Ela não gosta de você, ela seguiu em frente.

Suspirei novamente e me permiti descansar antes de arrumar tudo. Seriam longos dias.