Sozinha?

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 Narradora POV


-Sra. Adora? - Um médico exclamou na sala de espera e a loira despertou em um pulo indo em sua direção. O médico soltou um suspiro longo antes de falar o que assustou Adora e Mara. - Ela está bem, está estável novamente. Porém esse tipo de reação não faz bem ao corpo dela. Estamos estimulando o corpo dela a acordar nas próximas horas com medicações fortes pois se fizermos o tratamento com ela acordada a probabilidade de sucesso é maior. - As duas garotas ouviam atentamente cada palavra do doutor – Para pacientes com histórico de suicídio nós precisamos que a primeira visita seja do psicólogo ou psiquiatra do paciente para que não tenha um choque de realidade quando acordar então eu preciso que contatem a pessoa que cuida da saúde mental de Catra para que possamos continuar com o plano médico. - Adora e Mara assentiram para o médico que deu um sorriso fraco e se retirou.

-Você sabe se ela tinha algu- Mara percebeu que Adora já discava um número no celular.

Adora ligou para Spinerella, Catra tinha passado o número da psiquiatra a pedido da loira, a mulher foi para o hospital de imediato. Quando chegou se apresentou rapidamente para Mara e Adora e acompanhou os médicos para dentro dos quartos.

Spinerella tinha uma cara tensa. Sabia do histórico de Catra e sabia que ela não desperdiçaria tanto progresso por coisas pequenas. Quando entrou no quarto andou a passos lentos para a cama onde Catra ainda dormia suavemente.

-Já faz algumas horas que os remédios foram aplicados, ela pode acordar a qualquer segundo – Uma enfermeira disse com algumas folhas em mão, Spinerella assentiu e a mulher logo saiu do quarto.

-Catra..? - Spinerella sussurrou segurando a mão da latina. Percebeu longos curativos em seu braço e suspirou.

-Adora-a? - Catra disse com a voz fraca. Spinerella direcionou seu olhar para a latina com um leve susto.

-Não Catra, sou eu, Spinerella.

Catra abriu seus olhos lentamente e olhou para a mulher a sua frente com um semblante triste.

-Preciso que me conte o que aconteceu querida... - Spinerella disse suave.

-E-eu, eu não queria... Eu estava indo bem... - Lágrimas começaram surgir nos olhos de Catra ainda um pouco anestesiada com os remédios. A mulher mais velha segurou forte a sua mão.

-Teve algum gatilho? - Catra suspirou tentando parar o choro, estava confusa e com medo da razão de Spinerella estar ali e Adora não. Ela não queria voltar para aquele lugar mas nem conseguia organizar seus pensamentos direito. Então a latina fechou os olhos e tentou esvaziar a mente para lembrar da última vez que esteve acordada, um exercício que aprendeu com a mulher a sua frente depois de muitos anos. Spinerella sorriu fraco ao perceber a menina tentando aplicar as técnicas mesmo naquele estado.

-SW... Ela invadiu o meu quarto e me falou coisas horríveis. Eu achei que fosse melhor se Adora não sofresse com isso por muito tempo, ou os meus novos amigos... Achei que seria mais fácil pra todo mundo se me esquecessem e eu não estivesse ali. Tudo pareceu complicado demais e eu amo Adora, não posso fazer ela passar por isso... - Catra tentava segurar as lágrimas mas só de pensar na loira sentia seu corpo dormente – Eu perdi ela de novo?

Spinerella suspirou e olhou para a janela antes de responder. Sabia que tentariam convencer a internação de Catra como melhor opção mas ela viu a evolução de sua paciente e sabia o quão difícil por muitas vezes era ter pacientes que sequer tinham um dia bom depois de sair da clínica. Atrapalhar aquele progresso seria tolice nesse ponto. Fora isso a latina tinha criado laços sozinha, outra coisa extremamente difícil para pacientes com o nível que ela tinha de depressão.

-Catra... Primeiramente, Adora está naquela sala de espera pelo que parecem ser uns dias e está mais perto do que nunca, fico feliz que se reencontraram. Você não a perdeu, ela vem te ver assim que eu sair. Porém eu precisava ser a primeira a te ver para analisar a situação e passar a minha opinião profissional para os médicos de como devem seguir com a sua alta. - Catra pareceu tensionar ao pensar no que aquilo significava. - Sinceramente a opção mais segura seria ter você de volta na clínica, tanto pelo fato de sua mãe estar por perto quanto pelo fato de você ter recaídas de um dia para o outro. Porém... - Os olhos de Catra se acenderam olhando para a terapeuta – Eu acredito no seu progresso. E acredito que o que tenha acontecido foi alguém te empurrando de uma ponte que você não estava tentando com todas as suas forças não cair. Não é justo atrapalhar o seu progresso dessa forma. Mas eu preciso da sua promessa não só como profissional mas também pessoal de que você vai me ligar ou ter o mínimo de autocontrole como sempre treinamos na clínica se algo assim acontecer novamente.

Catra olhou para seu corpo por um momento lembrando de como tudo chegou naquele ponto. Seus pulsos enfaixados novamente. Sabia que não queria aquilo nunca mais e tinha vergonha de ter atrapalhado o progresso daquela forma.

-Eu prometo. - Catra disse olhando nos olhos de sua terapeuta que as vezes se tornava o mais próximo de ''família'' que ela já teve. Spinerella sorriu e assentiu.

A mais velha então fez mais algumas perguntas mas percebeu que Catra estava desnorteada de mais pelos acontecimentos ainda e não teria tanto progresso em continuar com perguntas agora, então se levantou e sorriu confiante para a latina antes de sair do quarto. Foi em direção a sala de espera e percebeu meia dúzia de adolescentes na sala, sentados perto de Adora. Sorriu pensando que ela não estaria sozinha.

Adora ergueu a cabeça para a mulher quando percebeu sua presença e a olhou com uma interrogação no rosto.

-Ela vai ficar bem – Sorriu para a loira que suspirou e deixou seu corpo relaxar ao que pareciam dias tensa – Ela precisa de toda a ajuda e companhia que puder. Confio nela e sei que tudo vai correr bem. - Spinerella assentiu para Adora que a agradeceu com o olhar marejado e logo seguiu para falar com os médicos sobre a liberação da latina.

-Vocês podem fazer as visitações agora. Dois por vez por favor. - A mesma enfermeira disse olhando feio para a quantidade de pessoas desnecessárias na sala de espera.

-Adora você deveria ir sozinha primeiro... - Glimmer se pronunciou e todos assentiram quando ela falou.

-Ma-as e se ela não quiser me ver?

-Eu acho que de todos nós agora, você é a única que ela gostaria de ver Adora. - Bow disse em um tom humorado, mas, ainda assim, baixo.

A loira assentiu levantando e desamassando sua camisa após algumas horas sentada. Andou em passos largos pelo corredor dos quartos e quando chegou encarou a porta por alguns segundos se perguntando o que falaria para a sua namorada quando chegasse. Ela não podia estragar isso e ela não queria pisar em ovos com Catra. Adora chacoalhou a cabeça afastando pensamentos.

-Ela precisa de mim. - Disse confiante segurando a maçaneta do quarto.


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Notas:

Gente me desculpa....................

eu nem vou prometer atualização pq das últimas vezes que eu fiz isso eu sumi por 2 anos

acho que assim dura mais................. quem sabe a gente até termina essa fic algum dia 💀

(recomendações são bem vindas no meu pv! sz)

se cuidem

Não me deixe ir - CatradoraOnde histórias criam vida. Descubra agora