3 - Choso

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Ele encara o edifício mais uma vez antes de entrar e seguir o mesmo caminho que percorre todos os dias, na mesma hora, sem falta. Decorou aquele mapa em três dias; são exatos 10 minutos andando pelo o longo corredor pobremente iluminado; vira à esquerda e desce três escadas que darão em uma porta grande enferrujada. Quando está de frente á porta, ele ainda hesita em entrar – desde que entreouvira uma conversa entre Mahito e a cópia barata de Geto Suguru, Choso acha difícil confiar em um dos dois, não que ele já chegou á confiar em algum deles, mas, a vida dos seus irmãos dependia dele.

Após abrir a porta com um rangido que ecoa dentro de toda a sala, Choso adentra o recinto, no meio da sala avista Mahito, Hanami e Jogo ao redor de uma mesa jogando shogi ou apenas mexendo com as peças do tabuleiro. Seu nariz franze como normalmente acontece sempre que está na presença de Mahito, nunca admitiu em voz alta, mas, aquela maldição fedia feito merda.

"Ah! Choso! Finalmente, precisamos de um parceiro para a Hanami". Exclama Mahito enquanto acena para Choso e aponta para o tabuleiro, Hanami vira o rosto para encarar Choso.

"Acredito que não me chamou para jogar shogi" O sorriso de Mahito logo some e ele solta um suspiro pesado, Choso não se aproxima mais nenhum passo deles, queria ir embora o mais rápido possível, precisa estar em um lugar mais importante que jogar com uma criatura que despreza e fingir que não sabe toda a verdade sobre o Sukuna.

"Estava tentando ser legal com você já que vai fazer a parte difícil" Diz empurrando a mesinha com o tabuleiro e derrubando fazendo-a cair junto com as peças de shogi, Jogo revira os olhos e some com a Hanami sabendo que a coisa iria ficar feia e não queria se meter em mais nenhuma birra de crianças.

"Eu só quero acabar com isso de uma vez e ficar em paz com meus irmãos" Mahito se levanta e caminha lentamente em direção á Choso enquanto fala.

"O problema é que... Se você não conseguir fazer com que o moleque venha para nosso lado, seus irmãos que vão pagar e você sabe que por mais que eu lhe odeie eu não quero fazer isso" Um dos olhos de Choso treme após receber a ameaça de Mahito. A pior coisa que já acontecera em sua vida foi ser encontrado por Mahito e aceitar ajuda-lo e agora ele não tinha outra opção. "apareça na terça para jogarmos mahjong"

Depois de Mahito sumir, Choso solta a respiração e sai dali o mais rápido que pôde. (o fedor daquele desgraçado estava me matando) caminhou entre as árvores até conseguir ver o céu e a posição do sol – ele precisa urgentemente de um relógio de pulso – deveria ser quase meio dia, a hora em que os gêmeos saiam da escola para almoçar no café próximo á estação de trem. Choso expira pesadamente e encontra com avidez a estrada que leva para o parque municipal. Há exatamente três anos ele vigia cautelosamente Sukuna Ryoumen e Itadori Yuuji (que decidiu chamar de os gêmeos), eles não são exatamente o que você chamaria de pessoas discretas; Yuuji é barulhento e não consegue conversar com a voz baixa e está sempre rodeado de amigos; Sukuna é o total oposto, quase nunca fala nada e quando decide se pronunciar é sempre gritando com Yuuji ou mandando meninas ao seu redor se fuder. Mas, hoje eles estão muito diferentes do que normalmente são (ou o que Choso acha que são), quando Choso chegou ao restaurante em frente da escola, sentou-se em uma das mesas na parte de fora e esperou os gêmeos chegarem. Se não tivesse os seguido por três anos Choso não conseguiria reconhecê-los agora, Yuuji e Sukuna geralmente iam para escola em horários diferentes apenas para não se encontrarem, porém hoje Choso escutou uma risada alta do Itadori ao longe. (Yuuji nunca riu tão alto assim).

"Agora você me deve um dia de lámen" (Sukuna?) Não era sempre que ele escutava o Sukuna falar, ainda mais com o Yuuji, Choso arregalou os olhos automaticamente quando Ryoumen e Itadori passaram por ele juntos e rindo de piadas ruins com o Megumi atrás ouvindo alguma coisa no headphone. Esse dia parece vim com mais surpresas do que ele achava que teria. Choso sentia uma mistura de sensações estranhas, tanto preocupação por Yuuji e alegria por ver os irmãos finalmente agindo com irmãos; Desde que descobrira sua ligação ancestral com os gêmeos, Choso se ver na obrigação de protegê-los, mesmo que signifique ter que confraternizar com maldições fedorentas ou ter que, literalmente, acolher e defender a reencarnação do Sukuna Ryoumen – era até estranho que o nome nessa época ainda é o mesmo, isso que ele chama de poder – Choso reproduz na mente a frase do seu irmão, Eso, sempre que pensa em desistir e fugir do Japão. ("Eles são nossos irmãos, Choso, assim como você protege á mim e ao Kechizu") Eso sempre e incansavelmente tinha razão. Era o seu dever. Ele garantiu que não deixaria que ninguém machucasse sua única família, que iria caçar o desgraçado que fizera sua mãe sofrer e iria fazê-lo tanto quanto.

AKAI BARAWhere stories live. Discover now