"Ryou! Vai olhar o corredor de novo." Itadori sussurra através da brechinha do armário. Há exatos 23 minutos, Itadori e Sukuna saíram do banho e fugiram de Satoru, mais detalhadamente, Itadori correu do banheiro sem toalha e entrou no armário do irmão e está confinado deste então. Ele conhece Gojo Satoru o suficiente para saber que ele possivelmente iria fazê-lo enxugar a água no corredor com pedaço de lenço umedecido.
"Yuuji, eu já olhei o corredor cinco vezes e o Satoru não está te esperando com uma vassoura, sai do meu armário antes que eu te jogue pela janela." Sukuna revirou os olhos enquanto vestia a calça do uniforme. Gojo Satoru nunca foi o tipo de homem que usaria força física para puni-los. Itadori se recorda muito bem quando tinha 12 anos e um homem de cabelos brancos e óculos escuros apareceu na casa de apoio procurando pelos os irmãos gêmeos que chegaram duas semanas atrás. Não fazia muito tempo que a mãe deles tinha falecido e Itadori ainda estava com sua memória turva; O seu pai havia sumido deixando-o com o Sukuna ao seu lado (como sempre); A assistência social não demorou á chegar a casa e leva-los para um lugar melhor.
Aquela casa não era exatamente um lugar onde crianças deviam ficar, antes de entrarem, já era claro que o prédio estava mal cuidado; Tinha telhas caindo; A porta rangia de uma maneira desagradável; A tinta da placa estava apagada; As gramas, as flores e as árvores demonstravam sinal de desprezo e estavam sem cor. Itadori apertava a mão de Sukuna a cada passo que davam terreno adentro, mas, naquele dia parecia que Ryoumen não estava presente que seu irmão não fosse seu irmão, era outra pessoa, outra personalidade, outra alma. Ele não estava sendo sarcástico com a mulher do serviço de adoção, não estava chamando o Itadori de menininha quando ele chorou no quarto fedorento e mal acabado da casa. Os primeiros dias foram um inferno, Itadori não comia, não dormia e não saia do quarto. Sukuna não estava diferente, estava pior. As mulheres que tentavam convencê-los a pelo menos comer fofocavam sobres os irmãos esquisitos todos os dias. Yuuji sabia. Yuuji escutava todas as conversas – Como eles pareciam fantasmas, não falavam nada desde que foram "acolhidos" ou como eram ingratos, mas, principalmente sobre como a mãe deles morrera tragicamente e chamavam Sukuna de assassino, Itadori odiava tudo aquilo e sempre que alguém entrava no quarto ele gritava e se esperneava mandando ir embora. Ryoumen ainda não queria falar com Itadori e continuava á apenas abraça-lo fortemente com o corpo magrelo e desnutrido e pedia para que não deixasse ninguém entrar ali, que aquele quarto fosse exclusiva e unicamente deles. E foi assim por duas semanas, até que um homem alto abrisse a porta bruscamente e continuou a entrar ignorando os gritos roucos e fracos do Itadori, deu um sorriso assustador e se apresentou como Gojo Satoru. Itadori encarou Sukuna em busca de permissão e se surpreendeu quando o viu balançar a cabeça positivamente. Depois disso Gojo flertou com a diretora velha feia e caquética e fugiu com eles daquele lugar horripilante. Yuuji se lembra como ele e o irmão devorara todas as comidas que pediram no cardápio do restaurante que Satoru os levou, saciando a fome de duas semanas; Yuuji lembra como chorou com a boca entupida de tayaki e como Sukuna o ajudou a desengasgar e desde então eles moram com um cara esquisito que anda pela a casa com óculos escuros e os fazem comer pimentão na salada ou flerta com velhas de casas de apoios e foge com crianças. Mas, Itadori nunca reclamou de como usa vida mudou, e ainda se pergunta o que seu irmão pensou no dia em que deixou Satoru se aproximar deles.
"Qualé, Ryou. Eu te compro leite de banana pelo o resto do ano" Pede Yuuji mais uma vez, vendo que seu irmão ainda o estava ignorando e se vestindo calmamente, aliás, não era ele que corria perigo na própria casa. Porém, ao fitar Sukuna e perceber que o mesmo parou para pensar na oferta, os olhos de Yuuji brilharam com esperança.

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AKAI BARA
Fiksi PenggemarItadori e Sukuna nasceram no mesmo dia, da mesma mãe, porém, totalmente diferentes um do outro. Sukuna nasceu com o dom de ver maldições, mas, isso é um "poder" que ele nunca pediu para ter; Seu passado o assombra a cada segundo da vida, um misterio...