CAPÍTULO 2: O dia do caos

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10h25 foi a hora em que a Terra foi devastada pelo cometa e 1 milhão de pessoas perderam suas vidas.
  Era para eu estar feliz já que era o meu aniversário de 19 anos, mas acordei rabugento como sempre e um pouco pior por lembrar que estava ficando mais velho. Eram 9h30 quando acordei e fui tomar um banho porque estava fedendo, haveria a formatura da escola as 10h20 mas precisaria estar lá as 10h00 então corri me arrumar. Minha mãe iria com o resto da família depois já eu, deveria ir antes para os preparativos dos formandos, poxa vida como eu estava animado para ficar com um grupo de adolescentes mimados que já tinham um plano em mente de qual faculdade fazer e qual emprego teriam pelo resto de suas vidas, enquanto eu só pensava quanto tempo demoraria para o próximo episódio do anime Cros Gens: Next Generations  lançaria, cara como eu amava esse anime. Imagina só um anime que misturava batalha entre Aliens e humanos no espaço com katanas e qualquer outra arma futurista que você possa imaginar. Acredito que não era só eu que estava perdido em relação ao seu futuro, meus amigos também não sabiam o que queriam fazer da vida ou se queriam fazer algo, nunca conversávamos sobre isso, no fundo todos tínhamos medo do futuro.
  10h00 e eu já estava chegando na escola, como sempre atrasado, o pessoal já estava na porta me esperando e mandando mil mensagens perguntando onde eu estava. Acredite é bem difícil digitar enquanto corre pela cidade. No caminho lembrei que hoje era o dia que cometa chegaria ao Planeta, o governo não havia divulgado em que parte do dia receberíamos o nosso grande amigo, sabíamos só que ele chegaria fazendo um entrada triunfal. No momento em que foi revelado ao mundo que uma pedra gigante do espaço cairia no Oceano e que era coisa boba--o presidente do Brasil fez esse comentário em rede nacional-- as pessoas foram ao loucura, o caos veio por um momento e quase foi mesmo o fim com a humanidade indo a loucura, porém, no dia 23 de junho veio o pronunciamento do governo onde dizia as maravilhas que o Minério traria para a evolução humana e que o impacto e desastres naturais não nos levariam a extinção. Após esse pronunciamento o mundo relaxou e ninguém mais se preocupava com o cometa, afinal o dinheiro sempre vem em primeiro lugar.
  10h20 eu já estava sentado com o pessoal ouvindo o diretor falar as baboseiras de sempre em uma formatura até o Louis falar:
- Que saco queria estar jogando agora.
- Nem me fala.- Gaspar comentou baixo.
- Vocês não pensam em outra coisa além jogar videogame? - Falei logo em seguida.
- Falou o cara que fica doido esperando pelo episódio 100 de um anime.
- Quem disse isso?- Retruquei irritado.
  Era Jonas se sentando ao meu lado, ele tinha saído para comprar um carta de colecionador do mesmo anime com um aluno sentado algumas cadeiras atrás de nós.
- O que é essa carta então?
- São apenas negócios de um colecionador caro aniversariante, feliz aniversário besta.- Jonas disse enquanto me entregava a carta.
  Eu não acreditei na hora, era a carta do Zenix o personagem mais forte de todo anime. Eu parecia uma criança ganhando o melhor presente do mundo.
- PUTA MERDA CARA EU NAO TO ACREDITANDO!- Falei em um tom alto que quase acordei a Vice diretora que estava sentada dormindo no palco.
- O que é? Eu quero ver também.- Sarah comentou ao meu lado. Ela estava linda, para mim sempre estava, mas hoje era diferente.
- Jonas como você conseguiu seu desgraçado?- Gaspar disse em um tom irônico.
-Drogas. Venda de drogas.- Ele respondeu.
  Todos olhamos para ele um pouco surpresos até ele falar rindo.
- Claro que não seus bestas eu só tenho uma boa lábia. Ele realmente tinha.
- Drogas seria mais interessante. - Pedri falou sarcasticamente.
  Todos começaram a rir em tons baixos para não chamar atenção das pessoas a nossa volta. Meu celular vibrou e era uma mensagem da minha mãe dizendo que iria atrasar por causa do trânsito. Eu disse que estava tudo bem e que esperaria ela na frente da escola, afinal ela não estava perdendo nada demais naquela formatura. Foi então que vi uma outra mensagem.
  Tyler eu e sua vó estamos tão orgulhosas de você, você sempre foi o nosso maior orgulho e mesmo que esteja com medo do futuro saiba que vai ser difícil mas que todos nós temos um dever a cumprir, você tem meu filho. Nós te amamos muito.
  E essa foi a última vez que conversei com a minha mãe. Meus olhos encheram de lágrimas mas consegui secar antes que meus amigos percebessem.
  Uma luz alaranjada tomou conta do céu e o diretor parou de chamar os alunos para receber seu certificado, todos pararam e olharam para o céu. Era monstruoso o seu tamanho, por mais estivéssemos a quilômetros de distância do Oceano era possível ver o seu tamanho de Columbia, era quase colossal e conforme se aproximava ele crescia cada vez mais e mais.
- CORRE GENTE, CORRE! Uma voz falou no meio da multidão de pais e filhos.
- Vamos para dentro da escola! - Eu gritei para o pessoal tentando se movimentar no meio da confusão.
  Era um caos absoluto, pessoas correndo e caindo no chão enquanto eram pisoteadas, os carros estavam atropelando qualquer um que entrasse em sua frente. A sobrevivência fala mais alto na hora. Fui o primeiro a chegar na entrada da escola mas não iria entrar enquanto todos os meus amigos entrassem comigo, naquela hora eles eram as únicas pessoas que eu podia proteger. Na minha cabeça eu só pedia para que minha mãe estivesse em um lugar seguro junto da minha família.
Jonas, Gaspar, Louis chegaram a entrada comigo, Sarah estava à alguns metros de distância de nós enquanto Pedri estava tentando sair do meio da multidão. Corri em direção aos dois para tentar chegar até eles mas já era tarde, o impacto me atingiu com uma força descomunal me jogando para longe, a última coisa que eu vi foi Sarah há 1 metro de mim e as vozes de Jonas e Louis gritando os nossos nomes, essas são as últimas lembranças que tenho dos meus amigos antes de perdê-los.
  Quando acordei estava deitado em cima de algum resto de parede da escola com destroços sobre o meu peito, minha perna possuía um corte que ia do joelho até metade da panturrilha, sentia uma dor alucinante por todo o corpo. Já de pé ou pelo menos tentando eu vi aquela cena que não sai da minha cabeça até hoje, um campo vasto com destroços e corpos de pessoas que faziam parte do meu dia a dia mas agora sem vida. Foi ali que eu entendi que para evoluirmos era preciso eliminar parte da população humana.

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