O capitão Elmer Brown deu um murro violento na mesa sobre a qual estava um mapa das planícies, com um amplo circulo vermelho desenhado, destacando a possível localização da aldeia indígena. Ele era um homem grande com cabelos, bigode e suíças* castanhos e que naquele momento estava muito vermelho, por conta dos gritos que havia dado.
– Denbrough está preso com aqueles selvagens! E ele precisa ser resgatado o mais breve possível! Deus sabe o que eles irão fazer com ele. Aqueles animais em forma humana. – disse o homem enquanto retirava o chapéu de abas largas e olhava pela janela para o horizonte.
– Mas capitão, como nós poderemos nos aproximar? Eles estão em maior numero que nós! Talvez um ataque surpresa... – o homem das suíças deu outro murro na mesa, fazendo os objetos voarem para todos os lados.
– Precisamos descobrir o ponto fraco deles! Todo mundo tem um ponto fraco. Eles devem ter algum! Mas, por ora, vocês estão dispensados. Precisamos analisar esta invasão com calma para que nada dê errado.
Enquanto isso, Bill, que de nada sabia, ajudava Makawi a tomar conta dos filhos de Kimimela, os mesmos que logo que ele foi capturado, atiraram-lhe pedras, mas, crianças eram crianças e precisavam ser perdoadas pelas travessuras que faziam. Agora ele não vestia mais sua camisa e suas calças de jeans rústico, mas vestes feitas com peles de animais, curtidas a ponto de ficarem quase finas.
Uma das crianças trouxe para Makawi uma flor e disse algo naquele dialeto que ainda era um mistério para Bill. O jovem indígena sorriu gentil para o pequeno e ficou segurando a flor nas mãos. Até que uma idéia absurda veio à mente do cowboy e ele se aproximou do outro, o suficiente para ficarem bem próximos.
– Você me permite fazer uma coisa com esta flor? – Makawi o encarou com olhos curiosos, mas entregou-a ao outro, que colocou o caule fino da mesma por entre os fios negros de Makawi, os quais estavam presos naquelas duas longas tranças. Bill afastou um pouco o corpo para vislumbrar o resultado e sorriu maravilhado. A cada dia que passava, achava o rapaz ainda mais belo. Não conseguia compreender bem seus sentimentos, mas de um mês para cá parara de se questionar, estava cansado de viver com as duvidas impostas pela sua criação puritana*.
– O que fez? – perguntou Makawi levemente incomodado com o olhar fixo de Bill sobre ele, recebendo em resposta a mão estendida do cowboy que já em pé o puxara até o grande tambor onde ficava a água de beber. O indígena inclinou-se na direção, encarando seu reflexo e sentindo-se ao mesmo tempo lisonjeado e ironizado. Ergueu os olhos com rispidez para Bill e articulo em seu inglês sofrível.
– Pensar que eu ser uma mulher? Querer rir de mim? – e fez menção de retirar a flor dos cabelos, sendo impedido no ultimo instante pelo loiro que segurou sua mão, levando-a para longe dos cabelos. Ele tinha dedos tão mornos que fez Makawi suspirar de forma inconsciente.
– Não quis fazer pouco de você e nem rir, só achei que você ficaria bem assim. Desculpe-me se eu ofendi você. – e sem que nenhum dos dois notasse, Eyota observava o desenrolar da cena da porta de sua tenda. Seu rosto estava sereno.
Ele sabia que Makawi era diferente dos outros e por mais que desejasse que seu filho se unisse com uma das moças da aldeia, naquele instante teve certeza de que se o forçasse, o rapaz seria eternamente infeliz.
Em outra extremidade da aldeia, escondido entre as peles que secavam ao sol, Tallutah via a cena com olhos injetados de ódio e vingança. Apertava a machadinha de pedra afiada, que levava consigo amarrada na cintura, enquanto um desejo silencioso de matar o homem-branco que tentava lhe roubar Makawi crescia em seu peito. Mas ainda não era o momento, haveria outras chances.
E ali os sentimentos de Bill pelo jovem nativo começaram a se tornar mais fortes e gritantes e chegou a conclusão de que o amava e nutria sentimentos e desejos por ele, infelizmente, continuava sufocando esses pensamentos por medo de como o outro poderia reagir se si declarasse, mas o que ele não sabia era que se o fizesse seus sentimentos seriam correspondidos, pois com o passar dos dias e a convivência com o cowboy loiro, Makawi também começou a sentir-se interessado por ele.
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Cowboys & índios
RomanceBill achava que era um bom cowboy, pertencente ao forte-apache e criado para defender o novo mundo das ameaças que lhe disseram que os indígenas eram. Tudo ia bem para ele, até que um dia, as coisas mudam, quando ele é capturado por uma aldeia indíg...