Pink In the Night

Pensamentos alucinógenos

Um silêncio muito deprimente se espalhou pelo enorme cômodo, eu tinha colocado um camisa e uma calça de seda que aquecia o suficiente, porque lá fora uma garoa se alastrava e fazia um pouco de frio, eu bem que tinha sentido um ar de chuva enquanto corria de volta para cá.

Acho que mamãe estava – e também o fato de eu ter mentido que Vi estava comigo – muito sonolenta para não ter averiguado a situação melhor... Pelo menos ela se convenceu muito rápido.

Eu deitei na cama de Vi e senti o perfume dela quando abracei forte o travesseiro, enquanto ela não voltasse eu não conseguiria dormir, por mais que eu estivesse um poço de exaustão, olhei para o urso de pelúcia e me questionei de onde ele vinha. Deixei a pequena luminária que ficava no chão – Vi precisa comprar algumas coisas se quer me ver mais vezes aqui, como Vi não pegou uma pneumonia em dias frios com esse colchão no chão? Eu tenho minhas dúvidas sobre o sistema imunológico da Vi, ela vive se machucando e nunca acontece nada – ligada, a garoa lá fora era silenciosa e eu ouvia o gotejar da torneira da pia, era confortável e muito macio por incrível que pareça.

Eu me senti igual quando criança e mamãe ou esquecia ou estava ocupada para vir me desejar boa noite, então eu ficava com um biquinho olhando para o teto esperando ela vir me dar um beijinho de boa noite.

Queria um beijinho de boa noite da Vi...

A música ainda martelava na minha mente e eu não conseguia dormir pensando no que estava acontecendo e se estava tudo bem.

Tudo bem... Pode dormir, Cait. Você precisa descansar, precisa mesmo. Ela vai voltar. Logo estará na porta com os lindos lábios carnudos e o sorriso encantador, com aqueles lindos braços e aqueles músculos. Ah... E com aquelas lindas tatuagens que... Não fazem muito sentido, mas são bem atraentes, o mistério as torna muito instigantes, hm... Tem a parte raspada do cabelo que é muito estranhamente satisfatório passar a mão. Tem as costas dela... E a linha da coluna vertebral, a parte de cima dos ombros são fortes também, como tudo nela. Tem os maravilhosos peitos. Por que peitos são tão lindos? Eles parecem uma obra prima! Até mesmo os seus Cait são bonitos. E como ela consegue ser

– Não! Não! Cait! Não! De novo não.

Os pensamentos existem você querendo ou não... Mas é você que os escolhe para pensar.

– Durma.

Tenho minhas severas dúvidas se tinha alguma substância no ar lá que me fez agir meio estranho e agora conseguir fazer meus pensamentos ganharem vida própria e falarem comigo.

Não sei o que tinha no ar, mas deixou Vi muito sexy. Caramba! Põe sexy nisso!

Fiquei perplexa encarando o teto. Se eu estou assim pelo pouco tempo que fiquei, imagine a Vi que está esse tempo todo lá e provavelmente vai ficar ainda mais tempo. E Ekko?

– Você quer que eu pense nisso, mas eu não vou! Vou contar carneirinhos até pegar no sono.

Contar carneiros não vai fazer você esquecer que sua namorada está em uma festa sozinha, sem você!

– A não.

Eu felizmente não tinha pensado nisso. Confio na Vi mais do que em mim mesma, ela nunca faria algo do tipo. Fiquei perplexa encarando o teto. Se eu estou assim pelo pouco tempo que fiquei, imagine a Vi que está esse tempo todo lá e provavelmente vai ficar ainda mais tempo. E Ekko? Eu deveria ir até lá e dizer a eles que tem algo alucinógeno no ar? Melhor não, Vi poderia estar fora de si, mas para me dar uma bronca ela estaria completamente sã.

Me virei para o lado, depois para o outro na tentativa de achar a melhor posição para dormir. Não posso pensar em possíveis cenários onde: Vi encontra algum amor antigo e descobre que nunca o superou e só me usou como um tapa buracos e esteve todo esse tempo se enganando, "eu ainda amo você..."