Capítulo 3

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Dias depois

Acabei retornando mais cedo da escola e quando cheguei ao abrir a porta de casa me deparei com uma cena que há muitos anos não via. Meus pais estavam dançando alegremente, cantando a melodia da música que tocava no som.

Não quis interrompê-los e me encostei próximo a eles sem que percebessem, deixando-os à vontade para continuarem.

Ficar ali, parada, encostada na parede, próximo deles, observando-os me fez ver o quanto o amor deles era forte e lindo. E isso me deixava em paz, com aquele sentimento que todo filho tem ao querer que a felicidade dos pais seja duradoura e eterna.

Deixei que continuassem. Eles estavam tão envolvidos que ainda não haviam percebido que estava olhando para eles.

— Ai que nojo! Poderiam parar! — disse quando os vi se beijando.

Não que o beijo deles me causasse repúdio, contudo ver seus pais se beijando de língua não era nada agradável.

Eles se afastaram ao olharem para mim e sorriram.

— Não percebemos que havia chegado. Estava nos espionando? — minha mãe perguntou se aproximando de mim antes de me abraçar.

— Claro que não — respondi mentindo ao sentir seus lábios contra minha bochecha.

— Filha desejada! — Meu pai abriu os braços e também veio onde eu estava.

Os dois me apertaram, me fazendo sentir como se fosse o recheio de algum sanduíche. Porém senti que algo de estranho estava acontecendo. Ontem essa casa estava tensa e hoje a alegria está exalando pelas paredes. Era como se nada tivesse ocorrido, se o assunto do casamento nunca existiu.

O que por um lado era maravilhoso, quanto menos se falasse neste assunto mais rápido caía no esquecimento e eu poderia voltar a sonhar em ir para a universidade.

— Aconteceu algo para estarem tão felizes? — perguntei, arqueando uma sobrancelha, muito ressabiada.

— Nada, filhinha — por mais que minha mãe tentasse disfarçar era nítido que estava mentindo.

Ela só me chamava de filhinha quando algo de especial está para acontecer.

— Sarinha, nós vamos para o sul no dia de Sarah Kalí.

Estava explicado.

Tinha que ter algum motivo para estarem eufóricos assim.

— Vai ser lindo. Comemorar com nossa família.

O dia de Sarah Kalí é muito importante para nosso povo. Ela é a santa protetora do nosso povo e em todos os anos se comemora com muita festa, bebida e dança.

Nunca passamos um ano sem comemorar, mesmo que fosse apenas nós quatro aqui em casa. Mamãe preparava a comida, eu dançava e tocava o pandeiro enquanto papai tocava o violão. Cantávamos em ROM e nos divertíamos.

Casamento ArranjadoOnde histórias criam vida. Descubra agora