CAPÍTULO 04

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Khalil Al-Abadi

Sou uma pessoa importante que tem um posto importante, todos querem um líder, e eu sou esse líder. É difícil, é complicado. Muitas vezes tenho que concordar com decisões que não me agrada, mas faço, por que não existe só eu, existe meu povo também.
Eu sempre vou escolher dar o melhor para aqueles que confiaram em mim, quando consegui o trono. Ser líder, é sacrificar muitas vezes sua própria felicidade, para buscar a felicidade dos seus súditos.

Nossas regras são duras, mas, são as regras e eu devo mantê-la. É covardia exilar um povo só por que não são puros, eu acredito que seria covardia, deixar eles morrerem e serem humilhados, enquanto podemos fazer algo. Eles não passam fome, eles tem um lar, eles tem comida, e eles tem trabalhos. Eles luta por aquilo que é deles e nós lutamos por aquilo que é nosso. Sem matanças, sem brigas, e assim ambos os lados vivem bem.

Não posso fazer muito mais do que isso por eles, até por que no momento os puros são minha prioridade, meu povo, meu lobos. Essa é minha única responsabilidade!

— Khalil? – Ouço Mark me chamar e olho em sua direção, estou no meu escritório, sentado na minha poltrona e, Mark está do outro lado da mesa, sentado de frente para mim. – Eu não quero te questionar, ou dizer o que deve fazer, só estou preocupado com você meu amigo. Todos nós percebemos como você ficou estranho, na semana passada. Na noite de Lua cheia, aquele não era você! Não que você seja um lobo amigável, ou gentil. Mas, sua agressividade ultrapassou às barreiras, quando não conseguiu entrar na aldeia dos mestiços. E é você que sempre fala que lá não é nosso território, e devemos evitar! O que aconteceu com você, aquele dia, Khalil? – Mark me olha preocupado, conheço ele desde de moleque, e não é a primeira vez que ele se preocupa comigo, mas é a primeira vez que vejo ele me lançar esse olhando questionador.

Como eu poderia responder a ele, o que de fato aconteceu comigo, se nem mesmo eu sei. Na noite de Lua cheia, fiquei o dia inteiro inquieto meu lobo estava agitado, queria sair a força, dizia que deveríamos ir a floresta. Quando a noite caiu não fui capaz de lutar contra esse instinto, e corri o mais rápido que pude, quando cheguei na floresta um cheiro chegou em mim, e eu sabia que tinha que entrar naquela aldeia, eu só sabia que algo lá dentro estava me esperando mas eu não consegui passar pelos portões, e meu lobo não deixou nenhum outro se aproximar também.

Eu sei de quem é aquele cheiro, eu sei o que significa pra mim. Eu só não entendo por que ele saia da aldeia dos mestiços, lá não tem nada para nós os puros. Por muitos dias eu fiquei pensando se tinha algum puro lá dentro mas é impossível, já que ambos os lados se evitam. Por isso não sei o que exatamente devo contar ao Mark, se eu não descobri o que aconteceu de fato:

— Meu lobo só estava agitado, Mark! – Digo tentando parar de pensar no que aconteceu. – Não precisa se preocupar, ele já está sobre controle! – Minto, por que desde aquele dia, meu lobo continua agitado, e a cada dia que passa se torna mais difícil de controlar ele.


Me controlar? Eu quero ir até a floresta! AGORA!”

Escuto meu lobo gritar mas tento ignora, como eu disse está cada vez mais difícil, me entender com ele, o que me surpreende já que sempre concordamos em muitas coisas, somos um só, e no momento parece que isso está deixando de acontecer.

— Tudo bem, Khalil! Não vou tomar mais de seu tempo, tenha uma boa tarde. – Mark deixa meu escritório, e só assim consigo respirar mais aliviado.


“Relaxa meu amigo, assim que eu conseguir, vamos até a floresta”


Sussurro para o meu lobo que começa a se acalmar, e assim consigo trabalhar em paz.


Depois de muito trabalhar decido espairecer um pouco, quase não saiu da minha casa só em momentos muito importantes. Ou quando a noite cai e decido correr com meu lobo, mas, na parte do dia prefiro ficar em casa, e trabalhar. Neste momento o que eu mais preciso é de ar puro.

Saiu pelas ruas da minha aldeia e vejo, muitos me olharem surpresos e se curvaram, mostrando respeito. Retribuo com um simples aceno e continua meu caminho. Até ver Ulisses, afobado. Quando ele me olha parece que respira aliviado:

— Alfa Khalil, temos um leve inconveniente! – Ele diz e consigo sentir o desgosto dele, a cada palavra. – Temos um mestiço, na entrada da aldeia. Os guardas estão segurando ele. – Ulisses sussurra para que ninguém além de mim escute. Agora entendo o desgosto em suas palavras! – Não queria incomodar o senhor, mas... O garoto parece bem convencido em querer fala com nosso, Alfa.

Respiro fundo e concordo o que acaba deixando o homem na minha frente espantado, não que eu esteja afim de ir ver um mestiço, mas se ele andou por tantas horas até chegar aqui é por que algo grave deve ter acontecido.

Quando chegamos na entrada da aldeia vejo os guardas, impedindo a entrada do mestiço, mas assim que notam minha presença eles recua e se curvam na minha direção. Olho na direção que eles retorna o olhar, e fico surpreso com tanta beleza. Esses são os olhos mais lindos que já vi.

— Desculpa, incomodar. Eu sei que minha presença não é bem vinda aqui, mas, eu preciso de ajuda. E acredito que o Rei Alfa possa me ajudar. – Diz de forma respeitosa, mas percebo a aflição em suas palavras.

— Por que eu deveria te ajudar mestiço? – Pergunta, ele me olha surpreso por perceber que eu sou o Rei Alfa. Mas, também vejo seu olhar de desprezo na minha direção, talvez pelas minhas palavras, mas não me importo.


“Eu gosto do cheiro dele!”

“Fica na sua, esse não é o momento!”

LUA NEGRA (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora