Verde vivo e azul céu

Sozinho na chuva fria

N/A: A partir de agora os próximos capítulos serão narrados pela perspectiva do Dean. Música: November rain - Guns and Roses.

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Quando eu olho nos seus olhos
Eu posso ver um amor reprimido
Mas, querida, quando eu te abraço
Você não sabe que eu sinto o mesmo?

Era frequente que Dean apoiasse a cabeça nas mãos e observasse a madeira da bancada do bar com mais dedicação que uma pessoa sóbria jamais teria. O coração estava apertado por lembrar de Castiel. A forma como o anjo o abraçava... Não havia nada como aquilo.

Estava tudo tão distante.

O Winchester sabia que deveria ter demonstrando mais, que deveria ter esquecido seu ego e orgulho para conseguir se segurar naquela tábua de salvação. Agora ele estava afundando e gostaria de usar isso como desculpa para desistir. Porque Cas não entendia...?

Porque nada dura para sempre

E nós dois sabemos que os corações podem mudar

E é difícil segurar uma velaNa chuva fria de novembro

"Por que você não tenta mudar?" Charlie as vezes perguntava, não com maldade, mas porque sabia que Dean estava sofrendo. Não havia uma pessoa que não enxergasse isso. "Ele não vai voltar" o loiro respondia sempre, mas no fundo, sabia que não era Castiel quem precisava fazer uma escolha. Cas já havia feito a dele.

Porque precisava ser tão difícil simplesmente aceitar? Se Cas estivesse ali, talvez as coisas voltassem ao lugar que deveriam estar. Era só enfrentar uma tempestade que ele mesmo havia criado, a chuva não ia matá-lo, por mais que tentasse.

Nós passamos por isso há muito, muito tempo

Apenas tentando matar a dor, oh, sim

Dean entrou no carro, segurou o volante, então desistiu. Onde sua coragem havia ido parar? Passou a mão pelo rosto. Ele precisava, sabia que precisava. Fazia tempo, mais tempo que o Winchester gostaria de admitir, e ele ainda conseguia se surpreender por não acordar ao lado do anjo. Onde estava o céu azul?

O loiro sabia que era uma cidade do interior, Sam havia ligado uma vez. Era só três horas de carro para receber um remédio gentil. "Acabe com isso" sussurrou com os olhos fechados.

Se pudéssemos ter tempo

Para colocá-lo na linha

Eu poderia descansar minha cabeça

Só sabendo que você era minha

Toda minha

Uma, duas, três garotas. Três garrafas. Três horas de carro. Mas ele não podia.

Deixou o carro parado no meio da estrada, sentindo a falta de ar. Ele não era um anjo, azul céu poderia parecer como um lar, mas não era. Não era. Cas merecia mais, talvez sempre soubesse disso.

Então, se você quer me amar

Então, querida, não se contenha

Ou vou acabar andando

Na chuva fria de novembro

Você precisa de um tempo sozinho?

Foi em mais uma viagem de carro quando o caçador percebeu o sol. Quente e abafado. Estava passando pela mesma cidade onde se conheceram. Muito, muito tempo atrás. As ruas continuavam as mesmas.

No fim do dia, uma garoa fria fez Dean pensar que talvez fosse isso, talvez ele também precisasse de tempo. O tempo que Castiel precisava longe. O tempo que o loiro precisava para reconhecer que estava na hora de rasgar o peito e deixar aquele sentimento sair.

E quando seus medos diminuírem

E as sombras ainda permanecem

Oh sim

Eu sei que você pode me amar

Quando não há mais ninguém para culpar

Então não importa a escuridão

Ainda podemos encontrar uma maneira

'Porque nada dura para sempre

Mesmo a chuva fria de novembro

Dean aspirou o aroma de terra molhada. Dias chuvosos, como ele e Castiel gostavam. Azul, verde, cinza. Asas quebradas e viagens de carros. Ele finalmente não sentia nada além de esperança. Precisava pedir desculpas.

Era errado ainda amar Cas? Era errado desejar que ele ainda o amasse da mesma forma?

Talvez perdão fosse o máximo que pudesse pedir do outro, mas, se era assim, valia a pena? Vê-lo uma última vez, apenas uma despedida final?

Engoliu em seco. A covardia o alcançava de novo.