Quarto passo: (Des)rejeitar um beijo p.2

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Mesmo após aquela conversa esclarecedora que tivera com os irmãos, era certo que ainda havia dúvidas na cabeça de Luffy, porém agora sabia o que precisava e queria fazer. Por isso pediu a Sabo que o trouxesse para a casa de Law após o almoço, e por mais que ele não estivesse em casa e seu irmão tenha lhe dito para voltar depois, estava decidido a falar com ele naquele mesmo dia, não queria ter que esperar até chegar a segunda-feira e rodar a escola para encontrá-lo, ainda mais que, graças ao infortúnio de seu acidente, sabia onde ele morava; era muito mais prático ir diretamente a ele.

Sentado no meio fio, esperou pela chegada do moreno, passando a primeira, segunda e terceira hora ali, brincando com o tecido fofo da bermuda jeans que vestia ou tentando riscar o  chão com uma pedrinha que encontrou por perto. Com o tédio como maior companhia, sentiu o sono aproximar-se.

Já estava quase dormindo com o rosto escondido entre os braços sobre os joelhos, quando ouviu o som de um carro se aproximando e uma voz conhecida agitar as batidas do seu coração no peito.

— Mugiwara-ya? – Chamou surpreso assim que reconheceu o chapéu de palha cobrindo os fios escuros.
Luffy suspirou quando seus olhos sonolentos viram-no descer do carro; camisa preta de uma banda que desconhecia, calças igualmente pretas e rasgadas nos joelhos, o chapéu felpudo com bolinhas na cabeça e aquelas olheiras tão evidentes, que para si eram muito charmosas na face não tão jovial do adolescente.

O loiro que acompanhava-o logo desceu também, ficando surpreso com a presença do menor em sua calçada.

— Luffy-chan, que surpresa você por aqui, esteve esperando por muito tempo? – O menor apenas deu de ombros, espreguiçando-se em seguida. — Tadinho! Law, por que não o avisou que íamos ao mercado?!

Luffy riu ao ver o loiro brigando com o moreno, demonstrando preocupação consigo. Cora-san era o pai de Law. Ele era divertido, o conheceu quando ele foi à escola levar uma pasta de documentos que o filho esquecera em casa e sempre que o via quando aparecia por lá, ficavam uns bons minutos conversando; principalmente sobre Law.

— Ah, tá tudo bem, Cora-san, eu não avisei que vinha.

— Mesmo assim, estou me sentindo mal por você ter ficado aqui nos esperando, ainda mais com essa bota que deve incomodar... Você quer ficar para o jantar? É nosso pedido de desculpas.

Bom, era comida gostosa e de graça, Luffy não poderia recusar; em nenhum universo recusaria. Acompanhou sorrindo o homem alto entrar dentro de casa aos tropeços com as compras enquanto Law deixava algumas na porta para ele, voltando para se sentar ao seu lado.

Ficaram em um silêncio confortável por um tempo, apenas deixando o assobio da brisa fresca do fim de tarde passar entre eles, embalando-os suavemente. Puxar uma uma grande lufada de ar para dizer o que queria foi quase um golpe mortal para Luffy, visto que o cheiro amadeirado do outro atordoou seus sentidos. Como ele cheirava bem.

— Então, qual o motivo para essa visita repentina, Mugiwara-ya?
Por sorte, a voz dele dissipou sua distração; parece até que sabia o quão fácil Luffy conseguia se distrair.

— Ah, sim… Eu vim me desculpar com você, Tral. – Dessa vez Luffy não queria perder tempo com enrolação ou distração, queria ser o mais direto que podia.

Law o encarou por um tempo, o cenho se franzindo aos poucos.

— Tá me pedindo desculpas pelo quê, Mugiwara-ya?

— Por tudo que eu fiz que te deixou triste. Eu não queria fazer isso, mas acho que fiz mesmo assim, e muitas vezes.

Talvez nenhum dos dois sabia ao certo a origem ou magnitude daquele pedido, mas a sinceridade nas palavras eram inegáveis, tornando árdua a tarefa de seguir sustentando o olhar entre eles.

Como (des)rejeitar alguémOnde histórias criam vida. Descubra agora