Primeiro passo: (Des)rejeitar um toque

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— Como vamos fazer isso,  Luffy? – O moreno de nariz comprido questionou preocupado, cobrindo os olhos da luz forte do sol da tarde.

— Eu posso subir na árvore. – O garoto ao lado do narigudo sugeriu com uma mão posta sobre o seu chapéu de palha, fitando o tronco alto. — Posso pegar e jogar pra você.

— Tá louco!? – O outro exasperou com a sugestão, saltando para trás assustado, apertando fortemente o controle que tinha na mão que não estava sobre os olhos. — Ele tá por um fio, se você subir na árvore ele vai cair e a Nami vai matar a gente! 

Luffy apenas deu de ombro, alongando os braços sem exibir a mesma preocupação que o amigo.

— Então eu subo no seu ombro e pego?

— O que?! Não! Mas que ideia de girico! – Sua voz gritada saiu ainda mais aguda, estridente. — E por que é você quem sobe em mim?

— Porque você é maior que eu. – Explicou simplista. — Se você tiver outra ideia fala logo porque o robozinho que voa tá quase caindo.

A contra gosto o moreno voltou seu olhar para os galhos elevados da árvore. Preso entre alguns deles estava um drone branco de porte médio de alta tecnologia, tremulando levemente com o vento que sacudia a parte mais fina e frágil dos galhos. Usopp temia que ele caísse, pois com a sorte que tinha, aquilo era capaz de cair direto em sua cabeça antes mesmo de pegá-lo. Subir na árvore teria o mesmo resultado, então, por mais incrível que fosse, a ideia de Luffy era a melhor – ou única – para o momento.

Sabia que Nami já pretendia fingir que perdeu o aparelho que era caro – afinal seria facilmente perdoada pelo trouxa do Sanji sem ter que pagar um novo –, usando de fachada para vender pelo dobro do valor para algum outro moleque idiota que ficasse babando por ela. Porém, para vender, a peça deveria estar no mínimo funcionando, e caso quebrassem ele e fizessem-na perder dinheiro estariam ferrados! Condenados ao inferno!

— Maldita hora que deixei você vir comigo pra brincar com esse drone, a Nami nunca me emprestaria se soubesse que eu estaria com você. – Num choramingo, o de nariz grande passou a se lamentar enquanto Luffy pulava em suas costas como um macaco, tentando alcançar seus ombros. — Agora além de já ter pulado o muro pra invadir o quintal da Vivi, vamos passar uma vida em dívida com a Nami e ainda vou quebrar minha clavícula.

Compenetrado em sua tarefa de escalar o amigo, o de chapéu de palha sequer ouviu as reclamações, nem importar-se-ia se ouvisse. Foi uma tarde muito divertida onde brincaram com o objeto emprestado da amiga – fugindo da responsabilidade de estudar –, apenas teve o infortúnio de perder o controle dele e perdê-lo para uma árvore do quintal de outra amiga que estava viajando.

Nada que não conseguisse resolver sem se preocupar.

— Ai meu cabelo, Luffy! E para de se mexer tanto! – Gritou apenas para ser completamente ignorado pelo menor que tentava achar um equilíbrio para soltar os fios encaracolados e ficar em pé nos ombros trêmulos. — Que ideia péssima, meu deus... Meus pobres ombrinhos, eles não vão aguentar... Ao menos tome cuidado. Você não é de borracha, não, se cair vai se espatifar no chão. 

— Relaxa, o Ace sempre diz que eu sou magrinho. Só para de se mexer tanto pra eu ficar em pé. – Mesmo que o outro não pudesse ver, o garoto abriu um enorme sorriso de incentivo.  — Sei que consegue, eu acredito em você! 

Aquelas palavras foram o suficiente para Luffy conseguir com que o amigo se esforçasse para valer suas palavras, logo estava conseguindo um mínimo de equilíbrio ao manter os braços abertos e as pernas não muito afastadas no ombro de Usopp, que fazia o mesmo com os braços, assim como viram na aula de educação física sobre ginástica.

Como (des)rejeitar alguémOnde histórias criam vida. Descubra agora