Capítulo - 2

380 36 5
                                    

  O trabalho no porto era fácil e rendia uma boa grana, eu chegava às 10 e saía às 18 horas, às vezes antes. Meu trabalho consistia apenas em tirar as caixas de peixe de dentro dos barcos, levar para dentro onde funcionava uma espécie de mercado e organizava as geladeiras. Os coroas eram legais, me davam coisas para comer e diziam sempre que estava "magrinha" demais, que um dia ou outro acabaria caindo durinha. Amava o horário de almoço apesar do excesso de preocupação, as esposas sempre apareciam quase ao mesmo tempo, com comida quentinha e cheias de afeto para entregar-lhes. Quando o dia rendia uma boa pescaria e tinha "muito trabalho" chamava um dos meninos mais novos para me ajudar, já aproveitava para escapar de ouvir as broncas dos velhos sobre trabalhar demais e carregar muito peso.

  Tínhamos acabado de sair para a hora do almoço, estava com meu uniforme, macacão pioneiro e bota de plástico, com uma espécie de blusa de manga longa, segunda pele. Antes de partir para a lanchonete da Andy, onde sempre comia, passei no vestiário para tirar as alças do macacão, deixando amarradas na minha cintura e trocar o casaco por uma regata branca. Deixei o casaco com a bota no armário onde guardava as minhas coisas e assim que saí passei pelo senhor Smith.

  — Menina, você precisa se alimentar de comida de verdade, essas besteiras dão câncer e vê se põe um casaco vai acabar pegando um resfriado! — Ele, como sempre, muito atencioso acenou e logo voltou a prender o barco em uma das pilastras do atracadouro.

  — Vou sobreviver, senhor Smith. — Sorri e acenei de volta.

  Meu irmão, para minha surpresa, me aguardava na porta da lanchonete, caminhei com passadas mais largas e um sorriso se abrindo em sua direção.

  — O que faz aqui? — Perguntei soltando o garoto enorme do meu abraço. — Espero que não esteja matando aula.

  — Talvez eu esteja. — Apertei os olhos julgando o Seth, que logo levantou as duas mãos em posição de defesa. — Mas é por um bom motivo... quer dizer, não bom exatamente...

  Sabia que alguma coisa tinha aí, afinal de contas ele nunca aparecia para me ver por aqui, ainda mais dias de semana, que as aulas na faculdade duravam quase o dia todo. Passei por ele para entrar no local onde almoçaria, caminhei para uma mesa nos fundos, de quatro lugares, me sentei e o Seth se sentou à minha frente.

  — Explique-se então...

  — É o Jacob, o Charlie contou para o Billy que os Cullen continuam pagando a minha faculdade

  — Okay e daí? — Cortei querendo saber da história resumida.

  — Bom, o Embry levantou o questionamento se não teria como descobrir onde eles estavam pelo pagamento, eu perguntei na área financeira da faculdade, mas constava que o pagamento estava sendo feito de uma conta no meu nome. Contei para o Jacob ontem a noite, depois que saímos da fogueira e pelo que o Paul me passou ele se trancou no quarto com garrafas suspeitas. — Ele levantou as sobrancelhas e deu ênfase no "suspeitas".

  — E qual é o problema nisso? — Perguntei com medo da resposta, afinal o Jacob não era do tipo que bebia, ao contrário do Paul que estava sempre com uma garrafa de cerveja na mão fazendo proveito de todas as vantagens de ser um shifter. Liam, o garçom, se aproximou com seu bloco de anotações e caneta em mão.

  — Oi! Leah. — Me cumprimentou de forma descontraída e fez um, toca aqui, com o Seth. — O que vão querer?

  — O meu pode ser o de sempre Liam. — Respondi sem desviar os olhos do Seth.

  — Quero o mesmo. — Rebateu o meu irmão e aguardou até que o rapaz se afastasse para retornar o que falava. — Bom, o problema é que ele é o alfa Leah, temos garotos de 16 anos na matilha apenas há um ano e eles estão assustados, eu e o Embry já tentamos conversar com ele, mas...

You And IOnde histórias criam vida. Descubra agora