You And I

Capítulo 16

 +18  

Por Jacob Black

  Todos já estavam satisfeitos, a comida que a tia Sue havia feito estava deliciosa e já quase não existia mais nada, conversas amenas já aconteciam por toda a mesa, meu pai falava sem parar com meus sobrinhos enquanto a Rachel e a Rebecca pareciam envoltas naquele universo de gêmeas. Estava perto o suficiente para ouvir absolutamente todas as conversas, mas em sua maioria as palavras entravam e saiam sem muito sentido. Meu corpo estava ali, não minha mente. O som aumentou subitamente e uma música animada começou a tocar fazendo todos olharem para o palco onde o Jared se encontrava atrás do microfone.

  — Isso não pode ser considerado uma comemoração se não começarmos a dançar e beber agora, okay? — Ele se apressou em dizer alto no microfone que a Leah havia usado para cantar, desligando novamente o aparelho em seguida. Quase todos se levantaram imediatamente se dirigindo para a pista de dança improvisada que os meninos iam abrindo enquanto guardavam as cadeiras.

  — Vem Jake, dança com a sua irmã! — A Rebecca me estendia a mão e eu não pude negar. Estava morrendo de saudades dela e já fazia anos que não tinha a oportunidade de estar só com ela.

  — Estamos dançando fora do ritmo. — informei depois de alguns segundos na pista de dança.

  — Não tem problema, só queria uma desculpa para ficar abraçadinha com o meu irmãozinho. — Ela respondeu sem tirar a cabeça do meu peito, me fazendo soltar uma pequena risada. Eu sentia falta da Rebecca todos os dias, amava a Rachel tanto quanto, mas a ligação que eu sentia com a Rebecca era diferente, era como se ela pudesse ler o fundo da minha mente, o fundo da minha alma. — Você me parece bem, pelo jeito que a Rachel te descrevia, achei que encontraria algo pior do que estou vendo.

  — Isso é um elogio? — Questionei descansando minha cabeça sobre a dela, ainda seguindo o ritmo que ela ditava.

  — Bom, isso depende do ponto de vista... — Ela respondeu se afastando um pouco para conseguir olhar nos meus olhos. — Para mim, você só parece ter aprendido a mentir melhor... Como você realmente está?

  Por um minuto inteiro ficamos em silêncio, nos encarando. A música que dançávamos terminou e outra começou, mas continuamos no mesmo ritmo. Eu não sabia como responder, não existia uma resposta rápida e fácil.

  — Pra falar a verdade, eu não sei... — Era como se absolutamente tudo houvesse perdido a cor a muito tempo, com certeza me sentia sozinho, mesmo no trabalho, mesmo em ronda, mesmo aqui, a solidão parecia preencher todo o espaço vazio dentro de mim. Porém, não parecia o suficiente para descrever como eu estava. — A resposta rápida e fácil é que não tô nada bem, mas cada dia que passa fico um pouco mais velho demais pra ficar deitado me lamentando e dando estresse para o velho...

  — Tudo bem e qual seria a resposta longa e difícil? — Ela perguntou ainda sem tirar os olhos dos meus, investigando cada canto da minha alma.

  — Bom... — Enchi os meus pulmões o máximo que pude e soltei o ar antes de começar a responder. Eu não queria responder. — Tô na merda. Me sinto constantemente sozinho, tem um vazio dentro de mim que parece crescer todo dia um pouco mais... Nada parece prazeroso, ou me deixar minimamente feliz, queria poder sumir e todo dia quando acordo o meu primeiro pensamento é sempre o mesmo, eu tô no telhado de um prédio muito alto e apenas corro o mais rápido que posso e me jogo lá de cima. A única pessoa que parecia me entender era a Leah, porém consegui estragar isso também, agora acho que ela me odeia tanto quanto eu me odeio. Eu não tô nada bem, mas tô aqui, tô seguindo, me esforçando para permanecer...

  — Eu queria poder fazer qualquer coisa para tirar esses sentimentos de dentro de você, quando te olho ainda vejo meu irmãozinho caçula de bochechas rosadas, mesmo que dentro dos teus olhos não exista mais o brilho de sempre, de inocência, de felicidade... Talvez você devesse se afastar um pouco disso tudo, daqui. Você sabe que a minha casa sempre terá as portas abertas. — Ela voltou a repousar a cabeça no meu peito enquanto falava, as mãos pequenas, subiam e desciam por minhas costas fazendo um carinho gostoso.