“[...] E dando um teco na boleba de joana, junto da menina branca eu fui perdendo a atitude [...]”
(Menina tatuada, Salomão do Reggae)Caxias do Sul – RS, fevereiro de 2011.
O remorso o consumia a cada dia mais.
Saimon sentiu o coração apertar dentro do peito em uma expressão de culpa, como acontecia sempre que olhava para Joana. A menina dormia tranquilamente em seus braços, enquanto o sono do rapaz parecia ter dissolvido no ar, à medida em que os seus pensamentos eram tomados pelas lembranças dos momentos os quais vivera, tanto ao lado da cacheada quanto na companhia de Branca.
E não demorou muito para que a sua consciência o acusasse com mais afinco. Ele estava sendo um covarde com ambas as moças, e isso era horrível. Mas o que o rapaz poderia fazer? Ele era apaixonado por Joana, no entanto, não a amava o suficiente a ponto de renunciar o seu caso com a Albuquerque. Do mesmo modo, apreciava tudo quanto a ruiva lhe fazia sentir, porém isso não era capaz de fazê-lo terminar com a Silveira.
Elas eram tão diferentes. Uma possuía qualidades que a outra não tinha, e o Rangel recusava-se a abrir mão de uma das meninas. O seu coração precisava de ambas assim como o seu corpo ansiava, tanto pela maconha quanto pela cocaína.
Joana e Branca eram vícios intensos, semelhante aos entorpecentes usados por ele.
Saimon desvencilhou-se da namorada, de forma que levantou-se da cama indo em direção ao único banheiro existente na residência cuja dividia com a mãe. Beatriz jazia acomodada no sofá de três lugares situado em frente a televisão, tendo uma lata de cerveja suspensa na mão direita. Eram 14:00 horas da tarde e os moradores da casa mal haviam dado sinal de vida.
— Qual é a sensação? — a filha de Oswaldo balbuciou presa em sua bolha particular constituída pela mais pura indiferença.
Ela nunca tivera um bom relacionamento com o filho, entretanto, após a revelação feita por Ramiro acerca da paternidade do rapaz, as coisas entre eles pioraram em uma proporção quase inacreditável. Saimon repelia Beatriz, que por sua vez, não mexia um dedo para tentar recuperar a afeição daquele a quem gerou, pois entendia que era exatamente dessa forma que merecia ser tratada.
Como uma qualquer, afinal, ela era exatamente isso.
— Qual a sensação de vê-la bebendo logo depois de acordar? Péssima — disse com um sarcasmo notório, jogando uma toalha de banho azul escura sobre o ombro direito.
O jovem deu as costas para a mãe com o intuito de andar até o fim do pequeno corredor, onde encontraria o banheiro ainda menor. O sonho do Rangel era ter uma casa apenas sua e de preferência, um tanto maior do que aquela, mas esse sonho pareceu morrer quando entregou-se aos vícios, de maneira que gastava grande parte do seu salário com drogas e presentes para as garotas com as quais se relacionava. Era um prejuízo atrás do outro.
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Sob a Luz da Liberdade
EspiritualQuem nunca ouviu um testemunho de um "ex-alguma-coisa" que foi salvo por Cristo em algum ponto da sua vida? Acredito que a maioria já ouviu, e quando isso acontece, muitas vezes essas pessoas correm o risco de serem resumidas a isso: um ex-viciado...