Sob a Luz da Liberdade

c a p í t u l o 6 | a o s 3 0

"[...] Agora não só por hoje: o amor
Agora não só por hoje: o perdão
Agora não só por hoje: a paz do Senhor
Agora não só por hoje: o amor
O amor chegou e trouxe minha juventude
O amor chegou junto com minha atitude
O amor chegou junto com minha atitude [...]"
(Menina tatuada, Salomão do Reggae)

Caixas de Sul-RS, novembro de 2022.

Saimon Rangel foi encontrado pelo Caminho que o conduziu para longe do subsolo.

Fazia cinco anos que ele saíra de sob o efeito das drogas, passando então, a viver sob a luz da liberdade fornecida pela graça e misericórdia do Pai. E havia três anos que o homem de atuais trinta anos, voltara a viver em sociedade depois de passar vinte e quatro meses internado em uma clínica de reabilitação para dependentes químicos, a qual era uma extensão da igreja que hoje integrava.

Após estar completamente livre dos vícios cujos subjugavam o seu corpo e com a fé verdadeiramente firmada em Cristo, o jovem homem percebeu a necessidade de concluir o ensino médio e recuperar o tempo que perdera. Ou ao menos tentar. Com os diplomas em mãos, tanto o escolar quanto do curso de LID e metrologia, não tardou em conseguir emprego em uma das várias fábricas de automóveis existentes em Caxias do Sul.

Logo, o Rangel trabalhava em uma empresa de segunda a sexta-feira, e aos sábados abria a sapataria que outrora pertencia a Oswaldo como em um ato de consideração pela memória do avô. Oswaldo Rangel partiu para a glória meses após a conversão do neto, e o coração do ancião só não estava completamente alegre pois faltava algo.

Saimon ainda não havia perdoado a sua mãe.

Nos anos seguintes a morte do marido, Raquel também acabou adoecendo e Beatriz não enxergou outra opção além de vender a casa que dividia com o filho e mudar-se para junto da mãe a fim de cuidar da mesma em tempo integral. A Rangel tomou tal atitude pois reconhecia a vontade de Saimon a qual girava em torno da ideia de recomeçar o mais longe possível dela, e ele apena não o havia feito ainda por falta de verbas.

O preço pago pela residência foi o suficiente para que Saimon juntasse com as suas economias e viesse a adquirir um apartamento situado em um bairro distante, de forma que as poucas vezes que era obrigado a estar frente a frente com a progenitora era durante os cultos e aos fins de semana, quando o rapaz abria a sapataria do avô e consequentemente visitava a avó. Beatriz era o alvo da sua ignorância, semelhante a um móvel defeituoso que Raquel insistia em manter sob o seu teto, segundo a concepção do neto.

A filha de Oswaldo, agora, era uma exímia costureira e muito procurada pelos moradores do bairro no qual residia, e fizera clientes até mesmo nas regiões mais longínquas da cidade. O dinheiro que conseguia com as costuras somado a pensão recebida pela viúva, e a ajuda mensal de Saimon para comprar os medicamentos da avó, eram o suficiente para as duas mulheres viverem bem.

- ... o perdão é uma decisão vitalícia para o cristão. Pois se nos encontramos na condição de sermos reconhecidos como "cristãos" e se somos chamados de servos de Deus, é porque Jesus morreu em uma cruz pelo perdão dos nossos pecados - uma das moças que fazia parte do grupo de estudo bíblico liderado por Jonathan, dizia com firmeza na tela do notebook de Saimon.