Capítulo 30 - Reencontro

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Domingo, 21 de junho de 2020
Levantei-me cuidadosamente da cama para não acordar o Felix, vesti um roupão de cetim preto e saí do quarto em direção à cozinha. Peguei numa bandeja e comecei a preparar duas chávenas de café.
Enquanto a máquina enchi as chávenas, olhei pela janela e vi o nascer do sol.
Dani - Será que fui muito dura com ele ontem? - questionei-me pensativa - Ele no final não teve culpa do que aconteceu. - murmurei.
Ele foi o meu primeiro grande amor, mas mesmo sabendo que ele não teve culpa e que sempre me tratou bem, tratei-o inadequadamente.
Dani - Eu sou péssima. - levei a mão direita à testa abanando a cabeça - O Felix tem razão, ele tem o direito de participar da busca pela nossa filha. - coloquei as chávenas na bandeja.
Preparei algumas frutas, ovos mexidos, torradas e iogurte com cereais.
Dani - Ele é o pai dela e merece participar da sua vida. - suspirei - Mesmo que a ideia não me agrade muito.
Peguei no tabuleiro e subi novamente as escadas. Com cuidado abri a porta e pousei a bandeja em cima da secretária. Olhei para ele e como dormia tranquilamente, deixei-o ficar mais um pouco na cama, pois a noite passada tínhamos ficado no escritório até tarde. Retirei o cigarro eletrónico com sabor menta da minha bolsa e fui para a varanda fumar.
Dani - Pelo menos a vista continua agradável. - comentei e levei-o à boca - Foi só por isso que comprei esta casa. - ri baixinho.
Após algum tempo, ouvi passos atrás de mim.
Felix - Estavas aqui. - envolveu os seus braços à volta da minha cintura - Bom dia minha Deusa. - beijou a minha bochecha.
Dani - Bom dia. - sorri.
Felix - Cheiras a menta. - comentou surpreso - Estiveste a fumar? - questionou desconfiado.
Retirei o cigarro eletrónico do bolso do roupão e mostrei-lhe.
Dani - Vamos tomar o pequeno-almoço? - fiz um carinho no seu cabelo.
Felix - Vamos. - pegou no cigarro eletrónico e puxou-me para dentro do quarto.
Dani - Vais fumar? - arqueei uma sobrancelha ao sentar-me na cama.
Felix - Vou guardá-lo. - abanou a cabeça - Para evitar que fumes mais.
Dani - Ou era fumar ou acorda-te para fazer...
Felix - Dani! - chamou-me e pegou no tabuleiro cautelosamente.
Dani - O que é? - perguntei indignada - Queres acabar com todos os meus vícios, desgraça? - coloquei as mãos na anca.
Ele limitou-se simplesmente a rir e sentou-se à minha frente.
Felix - Come. - colocou uma torrada na minha boca - O teu problema é fome.
Fiz uma careta e mordi a torrada insatisfeita. Levantei-me rapidamente da cama e fui até à casa de banho.
Felix - O que é que aconteceu? - questionou vindo atrás de mim.
Fiz sinal para ele sair, mas continuou do meu lado segurando o meu cabelo, enquanto passava mal na casa de banho.
Dani - Que miséria. - murmurei ao puxar a água da sanita.
Ele ajudou-me a levantar e guiou-me até à pia. Lavei o rosto todo e olhei para ele.
Dani - Está tudo bem. - sorri - Não te preocupes. - tentei tranquilizá-lo.
Felix - Como assim não me preocupo? - posicionou uma mão em cada um dos meus ombros - Acabaste de vomitar e dizes que está tudo bem?
Dani - Foi do cigarro. - revirei os olhos - Não faças uma tempestade num copo de água. E além disso, não dormi bem esta noite e já acordei indisposta. - expliquei sem dar a mini importância.
Felix - Dani há alguma coisa que não me estás a contar? - interrogou-me inquieto.
Dani - Sim. - afirmei - Tenho fome e acho que os ovos mexidos já estão frios. - ri e voltei para a cama.
Felix - Dani para com as gracinhas. - cruzou os braços.
Dani - Estou a falar a sério. - ri - Se tivesse alguma coisa acontecendo comigo dizia-te. Para além disso, estive internada no hospital à pouco tempo e eles examinaram tudo porque alguém lhes pediu. - disse insatisfeita.
Felix - Claro. - cruzou os braços - Precisava de ter a certeza de que estavas totalmente bem.
Dani - Por isso mesmo. Se tivesse alguma coisa errada, tu serias o primeiro a saber e não eu. - revirei os olhos.
Ficou uns momentos parado olhando para mim enquanto comia, suspirou e voltou a sentar-se à minha frente.
Felix - Acho que tens razão. - concordou por fim.
Dani - Tenho sempre razão. - ri.
Felix - Não concordo nem discordo. - riu.
Dani - Idiota. - fiz uma careta.
Felix - Eu amo-te. - sorriu apaixonado.
Dani - E eu odeio-te. - mordi novamente a torrada e ele riu.
***
Assim que terminei de me vestir, ajeitei o cabelo e passei um perfume no pescoço e nos pulsos.
Dani - Que tal? - dei uma voltinha para ele.

A Deusa das Armas (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora