07. temporais idiotas e jogos de uno

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Dias nublados me fazem sentir falta do meu pai

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Dias nublados me fazem sentir falta do meu pai. É uma saudade ruim, mas não porque me deixa triste. Me sinto culpada. Culpada por ainda querer que ele esteja perto depois de tudo que fez. Sentir falta de poucos momentos bons é o que me quebra.

Hoje é um dia especialmente nublado. É meio do verão, e as chuvas que derrubam a cidade inteira ainda não foram iniciadas, mas podem iniciar a qualquer momento.

Eu peguei o metrô saindo do Brooklyn para o estúdio, morrendo de fome. Não havia tempo de parar porque estava atrasado (cinco minutos, mas o suficiente para levar o esporro) e devo ter atropelado umas cinco bailarinas que agora devem me odiar ainda mais.

É muito fácil fazer inimizades no meio da dança. Mais fácil ainda de classe que você não é uma garota como experiências das meninas e não são necessariamente iguais quando você não é igual para pertencer.

Eu não sinto que pertenço com os outros, mas eu pertenço à dança. Não tem outra coisa que me faça tão bem quanto o balé, porque não tem outra coisa que eu sei fazer tão bem quanto balé.

É uma sensação estranha, lutar tanto para ser boa em algo que te e não pertencer ali.

Mas é bom você começa a encontrar pessoas que você mesmo é. Crie um círculo de identificação e um coletivo que se ajuda. Ou uma amizade, por assim dizer.

Quando eu entro na sala, esbarro em uma pessoa usando um hijab na cabeça. Sua pele é marrom-clara e não consigo ver muito além do fato de ser quase da minha altura. Ela quase vai ao chão, mas eu a seguro. Ótimo dia para brincar de herói, não é, Alysée?

— Desculpa! — digo, segurando uma pessoa. Quando ela finalmente olha para mim, vejo olhos castanhos escuros e um nariz em gancho que eu reconheceria em qualquer lugar.

— Tudo bem. — ela diz, sua voz soa em um tom grave, do lado de fora do corredor. — Você sabe onde eu posso encontrar a senhorita Rose?

— Uhm. — penso na resposta, mesmo que seja óbvia, e então percebo — Você é Katrina El-Amin, não é? — ela balança a cabeça, concordando. — Meu Deus. Você é uma grande inspiração para mim. A menina acena e sorri.

— É Kate. Fico feliz de ser uma inspiração. — ela responde, inclinando o pescoço um pouco para cima. — Você é...?

— Alysée Boseda.

— Você é alta, Alysée. — ri. — Sabe onde posso encontrar a senhorita Rose?

— Ah, sim. Ela deve estar no escritório dela. Último andar, na última porta à direita. — respondo. Kate me agradece e sai andando.

Antes de desaparecer de vista, ela se vira e diz:

— Te vejo no ensaio.

Kate El-Amin vai ensaiar com a gente. 

Sapatilhas de Guerra | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora