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─ 04 ─

Busan, março de 1681

Susan afastou-se da parede não querendo mais ouvir a sequência de humilhações por aquele momento. Ouviu os passos de sua mãe e correu os dedos para secar a água dos olhos, pois não queria que ela a visse daquele jeito. Com certeza faria um escândalo na loja se soubesse do ocorrido. Não tinha intenção de fazer mais fofocas pela cidade.

─ Já está pronta, querida?

Nayeon perguntou-a quando parou ao lado da filha e, com um aceno, foram ao balcão da recepção. O sarcasmo no rosto da atendente era evidente. Ela não disfarçou o olhar curioso para a jovem Lee, enquanto embalava os objetos sobre o balcão. As duas outras mulheres apenas observavam silenciosas no banco de trás. Susan pensou que deviam estar a ofendendo das piores maneiras em seus pensamentos.

Sem demora, saíram dali e Lee pode respirar sem sentir-se pressionada a fingir estar bem. O ar naquele lugar tinha se tornado sufocante. Estava absorta demais para ouvir as palavras de sua mãe antes de sair para ir encontrar com uma conhecida no parque. Susan caminhou um pouco na direção oposta da rua movimentada e sentou-se em um banco debaixo de uma cerejeira, no centro do pátio de pedras. Algumas damas passavam por ela e espiavam pelo ombro sua postura pouco elegante. Susan abaixou o rosto e fechou os olhos para acalmar-se de sua agonia. Ela não suportava atenções.

─ Sozinha?

Taehyung surgiu entre as trilhas sozinho, com sua postura descontraída e um sorriso galante no rosto. Ela sorriu sem graça e deu-lhe espaço para acompanhá-la no banco do parque. Não existia uma relação próxima entre os dois, apenas um elo, que era Jimin.

─ Minha mãe estava aqui há pouco, milorde. Fomos comprar algumas coisas.

O irmão mais novo dos Jeon se sentou e observou-a minucioso. Susan forçou-se em não ficar constrangida com aquilo. Já estava exausta de tantos olhares por aquele dia. Ela se perguntou como Soyah conseguia parecer sempre tão plena diante de tanta atenção ou como conseguiu o respeito daquelas pessoas tão soberbas.

─ Não ande sozinha de maneira alguma. Deveria estar com sua dama de companhia. Lembre-se de que será uma duquesa Jeon. Existem ameaças por aí. ─ Lee assentiu e encarou suas mãos. Taehyung franziu a testa. ─ Está tudo bem?

─ Gostaria que estivesse.

A jovem estava tão abalada que não mediu suas palavras. Mesmo não querendo falar daquilo com alguém, na primeira oportunidade de um desabafo, não houve domínio de suas vontades.

─ Me conte.

─ Não é nada importante.

Desconversei, mas senti o toque de sua mão na minha. Taehyung não deveria fazer aquilo em público, mas ele não se importava com nada.

─ É sobre o casamento?

─ Também.

─ Está tendo problemas com meu irmão?

─ Não que ele saiba, mas são sobre ele também.

Taehyung abriu a boca, mas ficou mudo. Ele repensou o que iria falar e, após sua hesitação, continuou.

─ Há mais coisas?

Susan ergueu o rosto para ele.

─ Estou uma bagunça, lorde Kim.

─ Consigo ver isso, mas gostaria de enxergar também todos os motivos.

Ele murmurou baixo.

─ Tenho dúvidas sobre o meu futuro como duquesa e... esposa.

DUQUESA • pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora