❧ Capítulo III

5.8K 483 80
                                    

— Ah, ele é bonitinho, vai — Isla me cutucou na costela assim que concluiu que o garoto estava longe o suficiente para nos ouvir — Sabia que ele faz parte do time de futebol? É um dos que treina sem camisa de vez em quando, uma perfei

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— Ah, ele é bonitinho, vai — Isla me cutucou na costela assim que concluiu que o garoto estava longe o suficiente para nos ouvir — Sabia que ele faz parte do time de futebol? É um dos que treina sem camisa de vez em quando, uma perfei...

— Isla! — ralhei, interrompendo-a  — Se aquieta, garota! Que ele fosse o mais lindo dos deuses gregos, eu não estou nem aí — bufei, dando uma mordida brusca no meu sanduíche — Eu achei que o professor fosse me passar uma menina ou algo assim, não um atleta idiota com cérebro de minhoca que não enxerga nada além da própria fuça e dos contornos dos sutiãs! Richmond só pode estar brincando com a minha cara.

Eu acompanhei enquanto via o garoto se afastando de nós, sumindo no meio do caos que era o horário do almoço.

Sério, com tanta gente no mundo, o professor Richmond foi me dar Jason Collins? O cara com o maior ego que eu já conheci e herdeiro de metade da cidade? Se eu não tomasse cuidado, poderia acabar tropeçando na elevadíssima (e questionável) auto estima dele.

Puxei o pequeno crucifixo de madeira que estava pendurado em meu pescoço, o levando perto da boca.

— Pisou na bola comigo dessa vez — sussurrei — Não tinha ninguém um pouquinho menos insuportável? Poxa, eu vou na igreja todo domingo e faço caridade, não merecia alguém minimamente gente boa?!

— Para de reclamar e apelar para Deus, Annelise — Isla deitou na grama, fitando as milhares de folhinhas verdes dependuradas nos galhos — São só, o que? Três horas por dia com ele? Não vai ser tão difícil assim, só ter paciência — ela deu outra risada anasalada — E segurar a língua, e ser educada, e ser civilizada, e não ser você... Ok, talvez seja difícil sim.

Me atirei ao seu lado, deixando meus olhos se perderem nas falhas da árvore que revelavam o azul infinito que se esticava no céu acima de nós. Soltei um suspiro cansado antes de responder.

— Você sabe que eu não curto muito o povo da escola, Isla. Paciência não é o meu forte, já sinto que isso não vai acabar bem. Além do mais, estou trocando meu tempo dedicado à pintura para bancar a caridosa e tentar ensinar alguma coisa para esse garoto, não entendo onde saio ganhando.

Não é que Jason Collins fosse de todo insuportável, eu só não ia com a cara dele e de todos os seus infinitos "amigos". Eles faziam parte do que eu carinhosamente apelidei de: adolescentes sedentos por BAAH.

BAAH nada mais é do que a junção das iniciais de beijo, aprovação social, adoração e holofotes. Para mim, todo o ensino médio é basicamente composto por jovens alienados e sem identidade que buscam essas quatros coisas com o mesmo furor que um leão busca por carne fresca.

Acho que nunca o vi sem estar com uma garota enfiada entre os braços musculosos, ele deve ser muito carente, só pode. Sem contar que tem a deplorável mania de abrir um sorriso assanhado sempre que avista alguém do sexo feminino, independente se você se lhe dá confiança ou não. Um galinha nato.

Aposta do amor - Degustação │✔│Onde histórias criam vida. Descubra agora