Assim que os espalhafatoso sinal soou pelas velhas caixas de som, avisando que minhas obrigações escolares haviam finalmente chegado ao fim, eu enfiei minhas coisas dentro da mochila e saí apressada da sala com o intuito de guardar o restante do material em meu armário antes de ir para a biblioteca.
Me despedi de Isla, que insistia em ficar exibindo um sorrisinho carregado de malícia, dizendo que queria estar no meu lugar para dar aula para Jason Collins, mas que definitivamente o mandaria tirar a camiseta antes.
Como você pode ver, estimado leitor, minha amiga é de uma sutileza sem fim.
Eu sinceramente não conseguia enxergar qual era a vantagem em ser monitora daquele garoto. Tudo o que eu conseguia pensar era que estava trocando meu precioso tempo de pintura para tentar fazer o cérebro meia boca de Collins entender alguma coisa além de como flertar com garotas e se achar o maioral do colégio, era uma missão que tendia ao fracasso.
— Ele é um gato, Anne — ela comentou toda empolgada — Sério, um belo de um colírio. É uma pena que não vai estar no treino de hoje, eu realmente aprecio a visão dele sem camisa — seus lábios se curvaram em um biquinho cômico.
— Não adianta nada ser bonito e ser cabeça de vento — retruquei, fechando o meu armário — Meu pai sempre diz que mais vale um feio legal do que um bonito chato.
— E quem disse que ele é chato? Você ainda só o conhece de vista, não deu nem a chance de conversar com o cara.
— E por que ele seria um cara legal? — contra argumentei enquanto caminhava pelo corredor lotado em direção a biblioteca — Não é possível que um adolescente seja como Collins é e ainda ser alguém minimamente legal, isso contraria as leis da biologia jovem.
— Quem que ditou essas leis?
— Eu mesma, pode confiar — dei de ombros — Os filmes estão aí para comprovar. A probabilidade de o cara popular não passar de um babaca com a cabeça cheia de vento e de outras coisas é muito alta. E Jason é um belo exemplo desses caras.
— Eu quero estar aqui quando você quebrar a cara, Annelise Josephine, ô se quero — Isla comentou entre risos, me dando um beijo na bochecha e se afastando em direção ao campo de futebol — Agora, vá para a sua aula que eu vou para o meu momento de relaxamento — ela ergueu sua mão, remexendo os dedos em um sinal de despedida — Hasta la vista, baby.
- HASTA LA VISTA – gritei enquanto a via se afastar pelo corredor.
Cheguei a biblioteca, não estava muito cheia. Tinham algumas garotas andarilhando pelas estantes e cochichando algo entre elas e um garoto com casaco do time de futebol sentado em uma mesa perto de uma das janelas, torci meu nariz ao avistá-lo.
— Boa tarde, Senhora White — cumprimentei a bibliotecária, Penny White com um sorrisinho gentil. Ela tinha, no mínimo, uns quinhentos anos com certeza. Meu pai conta que na sua época (e isso foi quando ainda usavam osso de dinossauro como caneta) ela já era velha. De qualquer forma, Sra. White era um docinho, a típica vovozinha que todo mundo sonha em ter, daquelas que assa muffins só para deixar disponível na bancada da biblioteca, tricota cachecóis e casacos com a rapidez de uma máquina e adora - muito - uma boa fofoca.
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Aposta do amor - Degustação │✔│
Roman pour AdolescentsPoucas coisas deixam Annelise Scott tão feliz quanto estar com a sua família e seu amor incondicional pela pintura. Na escola, ela não se importa com os rótulos superficiais e as idiotices que todos os adolescentes fazem em busca de um lugar ao sol...