Meu caro Benjamin - Livro 1

Capítulo trinta e três

Esse capítulo contém gatilhos de violência doméstica, relacionamento abusivo e aborto. Caso sejam assuntos delicados para você, indico não ler esse capítulo.

Já se passaram alguns dias desde que chegamos no Brasil, hoje já é dia 31 de dezembro. Nem acredito que amanhã já é dia 1 de janeiro de 2021, o fina do ano passou voando. Hoje irei contá-lo, preciso ser completamente franca com ele, sinto que devo isso a ele.

"Amor"

"Sim?"

"Podemos conversar?"

"A última vez que ouvi isso foi pra terminar. Você vai terminar comigo?"

"Não vou, mas o assunto é um pouco sério."

"Está tudo bem? Você está grávida?"

"Não, eu não estou grávida e pode parar de fazer suposições, por favor"

"Ok, desculpa."

"Você já ouviu falar sobro o livro É assim que acaba?"

"Já, porém eu nunca li"

"Mas você sabe sobre o que fala?"

"Sobre violência doméstica. Mas o que isso tem haver com essa conversa?"

"Vem senta aqui" digo indicando a cama

Nos sentamos lado a lado na cama, estou um pouco nervosa mas eu quero fazer isso, mesmo me machucando por ser recente eu preciso falar sobre isso com ele.

"Vou chegar lá. Você não achou estranho a maneira como eu conheci o Sebs?"

"Um pouco, mas não questionei."

"É por que tem uma história muito longa por trás, uma que pela primeira vez sinto que posso contar para alguém sem ser ele, sinto que posso confiar de novo nas pessoas. Você me proporcionou isso, ele é a única pessoa que sabe sobre por que ele estava lá."

"Na época eu estava com meu ex"

"O Michele?"

"Não, eu e o Michele não namoramos, foi algo meio casual eu não conseguiria ter um relacionamento na Itália, não me sentia segura."

"Por conta do ex?"

"Sim, o Dito cujo."

Nota da autora: resolvi não dar um nome para ele, para não humanizá-lo demais

"No começo do nosso relacionamento, tudo era maravilhoso, ele era ótimo e sempre me fazia sorrir. Porém em um momento não era mais assim, ele começou a me xingar, a me bater e só era gentil quando estávamos com outras pessoas por perto. No começo ele me pedia desculpas, dizia que não iria acontecer de novo então eu o perdoava. Meu limite estava aumentando cada vez mais, até eu não ver problema em mais nada." sinto que vou começar a chorar e ele também percebe

"Você não precisa continuar se não quiser, isso está te fazendo mal."

"Eu sabia que faria, mas preciso contar."

"Ok" ele diz e coloca minha cabeça em seu ombro, me fazendo um cafuné

"Ele começou a me proibir de sair com os meus amigos, de falar com a minha família, raramente ele deixava eu sair com o irmão dele, por que quando eu falava no telefone ou saia sem a sua autorização ele me batia muito. Para não deixá-lo assim, me afastei das pessoas, me sentia culpada por fazer com que esse lado dele viesse a tona. Então em algum momento o Sebastian se mudou pro apartamento vizinho, conversava com ele escondida por que sabia que era errado e sempre que aparecia machucada, ele pedia para eu largá-lo porém não era tão simples assim. Sempre que discutíamos, eu ia falar com o Sebs, ele sentia que podia me proteger enquanto ainda morasse ali."