O Brilho de Stela

CAPITULO 14

POV STELA

STELA: Alo, Robert?

ROBERT: Sim, é ele! Em que posso ajudar?

Stela: É a stela, amiga da Cris. Lembra de mim?

Robert: E como eu poderia me esquecer? Tudo bem com você? A que devo a sua ilustre ligação- ele disse rindo.

Stela: Eu tô bem. Estou ligando para saber se você ainda tem interesse em investir em empreendimentos aqui em Charming. Tenho um dinheiro sobrando e acho que essa cidade está precisando de um up.

Robert: Então você está à procura de um sócio? E eu aqui pensando que você tinha ligado para flertar.

Stela: Essa história de flertar não me levou pra lugar nenhum, Rob- disse rindo descrente. - Se você tiver interesse me manda as propostas por email, te passo os dados via mensagem, ok?

Robert: Pode deixar princesa, trabalhar com você será um prazer. Até mais- e desligou.

Estava empenhada em colocar em prática tudo que eu havia prometido para o Jax. Eu seria uma pedra no sapato dele tempo o suficiente para ele enlouquecer. Ou talvez eu enlouqueceria antes.

Quando descobri que Jax estava envolvido, mesmo que indiretamente, no atentado que eu havia sofrido, tive vontade de ir embora. Passar uma temporada em outro continente me parecia uma ótima ideia, porém seria fácil demais-para ele. Então eu tentava me convencer que não existia verdade no que o Jax dizia sentir por mim. Mesmo que seu olhar transmitisse tanta sinceridade, eu precisava ser forte e então da noite para o dia o amor que eu sentia pelo loiro se transformou em ódio.

Talvez no final das contas eu estava me esforçando para que ele não me esquecesse, não deixasse de gostar de mim, não voltasse com a ex maluca dele. Talvez a ex dele não fosse tão maluca assim dada as circunstâncias, e talvez eles se merecessem!

O fato é que parecia muito mais fácil nos filmes quando o protagonista superava um relacionamento toxico por um novo em folha. Acontece que eu não tinha vontade de ficar com ninguém. Muito provavelmente isso estava acontecendo pela dificuldade em me desfazer das memórias que Jax havia deixado comigo. O travesseiro com o cheiro do shampoo dele continuava ao meu lado da cama e eu dormia todos os dias com a camiseta que ele havia deixado para trás. Na geladeira uma única long neck da cerveja favorita dele me fazia lembrar os dias que ele chegava cansado da oficina, abria uma garrafa e sentava ao meu lado no sofá.

Por uns dias eu fiquei procurando por defeitos na forma como ele me tratava, que ele tratava outras pessoas e até no sexo. Não tive sucesso e o amaldiçoei por ter me feito tão bem, custava ser um completo idiota? Mas o difícil mesmo era acordar toda manhã e só depois de alguns segundos lembrar que acabou, toda vez que isso acontecia parecia que eu sentia a dor na mesma intensidade do inicio.

O Tom ficou do meu lado na maioria do tempo. Quando eu não conseguia lidar com as memórias no meu quarto eu ia até o dele e ficávamos conversando até eu pegar no sono ao seu lado. Por muitas vezes ele tentou me convencer que meu plano não ia me levar a lugar nenhum, que não ia me fazer bem. Mas parecia uma eternidade que eu não sabia o que era me sentir bem, então não sentia mais falta da sensação.

Houve um tempo em que eu era mais feliz, eu ria de tudo. Algumas pessoas me diziam que eu tinha uma energia solar, que eu era simpática e divertida sem parecer forçada, e eu até concordo. Porém eu nunca imaginei que estaria sentada há uma hora olhando para o nada, quando eu tinha uma infinidade de coisas para fazer, mas só o que eu conseguia pensar era num babaca de olhas claros e cabelo loiro. Eu ia dar tempo ao tempo e ia sair dessa, mas eu nunca mais ia voltar com o Jax.

POV JAX

Eu nunca havia visto a Stela com tanta ira. Eu sentia o ódio no olhar dela e isso foi o que mais doeu em mim depois de saber que a culpa do que ela havia sofrido era minha. Eu pensei que depois que eu atirasse na cabeça de cada responsável eu me sentira melhor, ledo engano. Liguei milhares de vezes pro celular da mulher que tinha tirado meu sossego e em todas as vezes não obtive resposta.

Desesperado por noticias entrei em contato com Tom, ele parecia ter ido com a minha cara quando nos conhecemos. O dialogo não foi cordial como eu desejei, talvez eu merecesse. Com certeza eu mereci.

As semanas se passaram e eu passei a odiar a oficina, o clube, a cidade e os habitantes, mas eu não conseguia odiar a morena de cabelo curto com o sorriso mais lindo que eu havia visto. Havia ficado sabendo por algumas pessoas que ela, em conjunto com um playboy, estava abrindo 1 bar e um restaurante, coincidentemente na rua da oficina.

Eu sabia que ele cumpriria o que havia me dito, mas não precisava ser tão perto de mim. Passar pelas construções todo santo dia me dava uma melancolia, então eu chegava no clube indisposto para exercer qualquer função. Eu estava sendo um péssimo presidente, estava fazendo tudo pela metade, para mim tanto fazia e os rapazes já tinham reparado. ''Dane-se'' eu pensava. A samcro nunca me trouxe algo bom e agora tinha me tirado a única coisa boa que havia me acontecido em muito tempo. Eu já estava de saco cheio.

Eu fechava o olho e podia ter certeza que estava sentindo o perfume de Stela, ou seus dedos passeando pelo meu tórax como fazia toda manhã assim que acordava. Mas minha maior saudade com certeza era do som da sua risada, ter de deixar de conviver com aquela mulher estava doendo demais. Ver ela andando de um lado pro outro da rua acompanhada de tantos seguranças me lançando um olhar que misturava ódio e desprezo só intensificava essa dor.

Era segunda feira e ao passar pela construção do tal restaurante eu avistei a morena. Do seu lado estava o tal sócio que dizia alguma coisa próximo demais do seu ouvido, parecia ser algo engraçado porque ela soltou uma gargalhada tímida e parou imediatamente quando percebeu que eu estava passando de moto. Desviou o olhar do meu e voltou a sorrir para aquele babaca ao seu lado. Eu senti ciúmes, raiva e mais ciúmes. Eu tive vontade de descer da moto e arrebentar aquele cidadão na porrada ali mesmo. Quem ele pensava que era para arrancar sorrisos e gargalhadas da minha Stela?! Aquele papel era meu, era eu que deveria estar ao lado dela naquele momento! Era. Havia um mês que havia deixado de ser.