Capítulo Seis

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    Sakura encarava a mesa incrédula, nem em um milhão de anos preveria que sairia tão em desvantagem como aquilo. E por alguns segundos chegou a esquecer como respirar. Seus pés congelaram dentro dos sapatos delicados e suas mãos suaram como duas cascatas, os olhos tremiam vendo o último par virado para cima e seus ouvidos simplesmente travaram após ouvir o nome do vencedor. 

   — Bom, minha querida. Parece que venci. 

   Ela engoliu em seco uma última vez, e elevou o olhar como faria para um cavalo teimoso que se achava o dono do estábulo. 

   — Sim, milorde. Está feliz? 

   Ela assistiu um sorriso diabólico surgir no rosto do exemplar masculino a sua frente, e poderia jurar que um feixe de luz cortou aqueles olhos sombrios. 

   — Não sabe o quanto. — Ele afrouxou um pouco do colarinho antes de continuar. — Gostaria de me acompanhar para termos um pouco mais de privacidade? 

   Ela poderia correr, fugir para longe. Nunca pagar aquela aposta e voltar humilhantemente para a casa dos pais na propriedade rural, viver pacificamente com seus cavalos e esquecer de uma vez por todas aquela loucura que ela mesma havia se colocado. Mas não! Sakura não era dada a fugas e muito menos a abaixar a cabeça, então não mostrou qualquer outro sinal de abatimento, ela ficou de pé de prontidão, e ignorou o caminho que ele apontou, seguindo de volta a ala privativa já quase vazia das demais pessoas com algumas poltronas e a neblina do tabaco. Sasuke resolveu segui-la, algo em seu interior garantia que a ciganinha se mostraria cada vez mais interessante.     

   Sakura sentou-se com a postura extremamente reta e joelhos juntos, aguardando que ele fizesse o mesmo, mas o moreno fez alguns sinais para um garçom antes de, também se acomodar despojadamente na poltrona da frente. Eles não estavam assim tão longe um do outro, se fosse de sua vontade conseguiria que seu joelho coçasse ao dela. 

   — E então? — Ela perguntou tentando disfarçar a ansiedade. 

   Sasuke a observou pacientemente, praticamente ignorando aquela pergunta seca. Céus, como mesmo mascarada ela conseguia se fazer tão atraente, milhares de pensamentos corriam por sua mente, mas foi somente quando o tilintar das moedinhas de seu lenço chacoalharam que ele voltou a realidade. Curiosamente havia sido no mesmo momento em que o garçom chegava para servi-los com whisky. 

   — Para a dama, espumante. 

   — Quero o mesmo que ele. 

   O garçom não questionou, em dois segundos ele voltou com um copo vazio e a garrafa para encher. 

   — Como pedido pela dama. 

   — Deixe a garrafa, por favor. 

   Sasuke elevou uma das sobrancelhas e não conteve o sorriso de curiosidade. O garçom a obedeceu prontamente e se retirou após um singelo abano de cabeça. Sakura respirou como se nada pudesse a abalar, ignorando o calor que a consumia por dentro, seja pela premeditação do que iria fazer, ou pelo sabor fortemente alcoólico lhe descendo garganta abaixo. 

   O moreno a assistiu virar não só uma, como duas vezes o copo com a bebida enquanto que ele só havia dado pouco mais do que duas goladas. E lá ia ela segurar na garrafa mais uma vez, para encher o copo. 

   — Parece que está com sede. 

   Sakura parou com o copo antes de mais aquela virada, e percebendo o que fazia, o devolveu a mesinha. 

   — Eu estou pronta. 

  — Para o quê? 

   — Como assim, para o quê? — bufou. — Para pagar minha aposta! 

O duque que me odiavaOnde histórias criam vida. Descubra agora