Capítulo Oito

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    — Eu realmente não sei como você conseguiu escapar do seu irmão. — Lady Hinata olhava para Sakura como se estivesse testemunhando uma ofensa religiosa.

    Sakura pegou o leque vazio de nomes e abanou numa tentativa frustrada de segurar uma risada.

    — Eu não diria que fui bem sucedida. — Ela piscou para o irmão, que mesmo escorado em uma das pilastras conversando com alguns senhores não tirava os olhos dela. — Ele está de marcação cerrada comigo.

    Era início da noite de mais um baile da temporada, e como de costume, Sakura e Hinata estavam sentadas na mesa das solteironas confabulando sobre a noite anterior recheada com devassidão e perversão, como diria Hinata dali cinco segundos quando a terceira componente daquele inusitado grupo se uniu a elas.

    — Desculpem-me pelo atraso, mas parece que hoje tudo conspirou contra meu bem estar. — Ino basicamente se arremessava na cadeira, fazendo algumas matronas das outras mesas a olharem de canto de olhos em desaprovação.

    Sakura jurou ver a amiga segurar uma mostrada de língua, quase jogar os pés sobre a mesa e fazer um gesto obsceno com as mãos.

    — O que aconteceu, criatura de Deus? — Hinata tentou tirar o foco da amiga antes que ela realmente fizesse as coisas que pretendia.

   — Ah, tudo! Meu melhor sapato desapareceu, e a senhora que ajeita meu cabelo deu conta de queimar minha nuca com o ferro quente, não uma, não duas, mas cinco vezes! — Ela virou a nuca para mostrar um vergão vermelho um pouco atrás do rumo da orelha direita. — E os grampos estão me incomodando horrores.

    — Eles também me incomodam às vezes... — Hinata cochichou.

    — Então vamos retirá-los. — Sakura cerrou os olhos já enfiando os dedos no emaranhado do penteado elaborado.

   — O quê? — As duas voltaram-se para ela.

    — Não foi bom na noite anterior quando estávamos libertas dos espartilhos e dos grampos?

   — Foi... Mas... — Hinata tentou dizer.

    — Mas lá é um lugar permitido. — Sakura a cortou respondendo a si mesma.

    — Exatamente. — Ino levantou as sobrancelhas pensativa. — Por mais que continue concordando com você, eu não sei se estou preparada para isso.

    — Tarde demais. — Hinata respondeu preocupada encarando Sakura. — Ela tirou.

    — Ela tirou... — A loira a encarou assustada.

    A mesa delas tampouco era ponto de atenção, sequer os cabelos quase soltos de Sakura poderiam atrair a comoção das fofoqueiras, ainda mais quando um exemplar masculino chegava no recinto, coçando o queixo e olhando do alto de seus quase 190 cm para todas as cabecinhas enfeitadas do salão.

   O buchicho atraiu os olhares das três para o ponto da entrada, e a visão de Sasuke se fez parcialmente presente, já que algumas damas afoitas pareciam obstinadas a se abanar com mais intensidade e a se colocar em seu campo de visão. Sakura bateu com a cabeça no tampo da mesa, e silenciosamente proferia as mais inimagináveis blasfêmias.

    Ela havia, em partes, conseguido enrolar o irmão, tirou algumas informações dele e até mesmo conseguiu sua palavra de que não interferiria nos planos que arquitetava, mas ela duvidava que ele conseguiria se manter distante quando tudo começasse a caminhar do jeito com que ela planejou. 

   A maquiagem pouco escondia as marcas escurecidas debaixo de seus olhos, proveniente de uma noite mal dormida pensando em cada etapa, mas não haveria como voltar atrás, e mesmo se houvesse, ela não faria.

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⏰ Última atualização: May 12, 2022 ⏰

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O duque que me odiavaOnde histórias criam vida. Descubra agora