Capítulo Cinco

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   Sasuke não se orgulhava necessariamente pelo tipo de pessoa que se tornou, ainda mais quando entrava em jogos. Ele era um apostador, por muitos visto como inconsequente, mas nunca, em nenhuma das vezes Sasuke entrou em uma aposta que não pudesse ganhar.

   Desde que era um menino, desde que ouviu histórias de sua família por sua ama, ou quando foi cobrado para assumir a responsabilidade da família após a morte do irmão mais velho ele mudou... Sasuke era um segundo filho e como segundos filhos, não tinha compromisso em aulas e obrigações com a propriedade e seus inquilinos, funcionários e tudo mais, ainda mais com o peso terrível de carregar não só o nome dos Uchihas como também, toda uma tradição.

   Já havia passado dezoito anos desde o fatídico dia, Sasuke na época, não era tão novo quanto pensavam ser, com dez anos muitos já conseguiam sustentar a família pelas ruas de Londres. Mas ele era o preferido da mãe, mimado e protegido. Diferente do irmão, um exímio cavaleiro. A propriedade era grande e além de cavalos de corrida, investia em animais robustos capazes de tracionar uma carruagem com velocidade e força. Mais resistentes que os que existiam e eram comercializados até então.

   Naquele dia, o irmão, cinco anos mais velho que ele, o convenceu a aprender a cavalgar, Sasuke não poderia continuar tendo medo de cavalos, sendo o negócio da família por gerações. Talvez tenha sido sua inexperiência, ou algo que tenha assustado o cavalo o fazendo disparar. O irmão tentou salvá-lo, mesmo quando escorregaram desfiladeiro a baixo, ele caiu do cavalo descendo o resto do percurso rolando. Mas o irmão não tivera a mesma sorte. Quando escapuliu para a biblioteca e se escondeu no canto mais escuro que tinha, ele pode ouvir que Itachi quebrou o pescoço na queda, que nada poderia ser feito, que a morte o abraçou instantaneamente.

   A mãe dos dois virou um pedaço rochoso sem vida, o pai o chamou de maricas por chorar, e Sasuke cresceu com a responsabilidade de herdar a posição do irmão, afogando as trágicas memórias com bebida, mulheres e jogos de azar.

   — Então?... Que tipo de aposta a dama me oferece? — Um sorriso voltou a enfeitar seu liso rosto.

   Sasuke havia notado a jovem assim que ela havia dado o primeiro passo porta adentro, corpo curvilíneo na sua medida. Passos seguros e queixo levantado. Ela não era apenas uma lady curiosa ou uma casada entediada, aquela mulher tinha uma energia dominadora e... completamente tentadora.

   Mas sua visão durou pouco, logo desistiu do pensamento obtuso de chamar a atenção da jovem e movimentou-se, sentindo a fisgada de dor na região das costelas, Naruto estava ganhando força nos punhos, e se pudesse nomear a si um defeito, era que Sasuke gostava de proteger demais o rosto, o que deixava seus membros inferiores a mercê de fortes golpes.

   Falando no loiro patético, ele o havia visto mais cedo naquela noite enroscado com duas mulheres em um canto mais afastado. Sasuke deu de ombros, não estava a fim de caçar confusão, só queria beber e esquecer, uma trégua temporária, pensou pragmático.

   Seus pés arrastaram-se entediados até um canto solitário perto do bar, pediu por um whisky escocês e repousou a cabeça, ali, sozinho, ele também conseguiria escapar das investidas de alguma dama mais afoita. Alguns o questionariam o porquê de gastar uma quantidade substancial de dinheiro se não pretendia trepar com nenhuma aristocrata mascarada aquele dia, mas Sasuke não teria uma resposta, ao menos não uma suficientemente satisfatória para os ouvintes. Talvez fosse apenas um lugar que gostasse de beber, ou talvez tivesse a esperança de algum dia aparecer a mulher certa.

    Antes que terminasse o segundo copo, Sasuke voltou a vê-la, ela conversava com outras mulheres mascaradas e a dona do estabelecimento, o vislumbre demorou o tempo necessário para Sasuke notar o véu de cigana, as moedas tilintavam por qualquer movimento mínimo enquanto seus braços desnudos agitavam-se enquanto falava algo. E por mais aquela vez, Sasuke pegou-se analisando da cabeça aos pés a jovem ciganinha. Mas então ela parou, e o encarou, sua boca formando uma linha reta, e os braços abaixando-se repentinamente. Sasuke dado a adivinhações e apostas certeiras, concluiu. Ela o conhecia. E, se ela o conhecesse, ele a conhecia também.

O duque que me odiavaOnde histórias criam vida. Descubra agora