Capítulo 18

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Quando eu li a mensagem que Mary me mandou eu não soube o que sentir qual seria o melhor a se sentir, se é que isso faz sentido. Ele não estava lá então eu podia visitar minha pequena.

A essa altura o inverno já tinha passado então eu coloquei um vestido vermelho de alcinhas e uma rasteirinha. Meu cabelo eu prendi em um rabo de cavalo vermelho e depois de falar pra Gi e para o Cal, que desde minhas tentativas de juntá-los se tornaram ao menos amigos.

Eu peguei um táxi e fui para lá, paguei o taxista e entrei no hospital a recepcionista me olhou com sorriso fraco, como foi das últimas vezes. Eu suspirei e de cabeça baixa segui para o quarto da pequena eu fui.

"Obrigada, Mary." Eu falei e ela me deu um abraço, era bom como se ela fizesse o papel da minha mãe e talvez tpm ou qualquer desculpa eu senti meus olhos lacrimejarem.

"As coisas vão se resolver, okay?" Ela sussurrou enquanto passou a mão pelos meus cabelos.

Depois eu soltei do abraço dela e ela foi pra casa.

Eu bati duas vezes na porta e ela sussurrou um pode entrar. Eu coloquei minha cabeça para entrar ela sorriu e eu também.

"Como você está, Lala?" Ela estava mais pálida e a cabeça ainda reluzia. Ela dizia que gostava porque assim podia ter os cabelos como os meus. E eu acabava me lembrando de como eu conheci o Michael e viajava.

"Eu estou bem..." ela sorriu e eu a conhecia o suficiente para não acreditar. "Mas você não parece bem, você tá bem?"

Eu sorri e dei de ombros e então ela balançou e fez cara de brava.

"O que foi, Layla?"

"Por que o Michael está triste?" E aí estava a melhor e a pior parte das crianças elas falavam o que queriam sem filtro e ouvir isso apertou meu coração. "E o Igor também..."

"Eu não sei meu amor, eu estou tentado descobrir porque eu estou triste." Ela abriu a boca, mas não disse nada só me abraçou e eu me senti mais consolada ainda, o celular dela tocou, mas ela ignorou.

"Que música é essa?" Eu perguntei e ela sorriu.

"O Michael me mostrou ela, se chama All I want de uma banda chamada Kodaline."

Eu nem sabia o que ia me causar ouvir essa música quando chegasse em casa. E enquanto eu escutava uma lágrima caiu e várias outras as seguiram, porque eu estava chorando, entretanto era um mistério.

Ah sim, eu sou uma imbecil que gosta de dois caras ao mesmo tempo. E tem a parte de que eu me mandei quando tudo que eu queria era minha cama, chocolate quente e a comida do Igor.

"Igor?" Minha mente voou para ele, era com ele que eu queria estar? Mas era por causa do Michael que eu estava chorando.

Eu joguei o celular a música ainda tocava a audiência de conciliação seria no dia seguinte eu nem mesmo tinha cabeça para dormir. E quando não chegamos a uma conciliação eu não me surpreendi a ex esposa dele era intragável e as crianças adoráveis pelo menos eu consegui que ele tivesse a guarda das crianças até a audiência a juíza iria decidir.

Ao fim um Gabriel feliz me cumprimentou e agradeceu pela guarda temporária das crianças. Meu chefe (aka professor ) me chamou e eu o segui.

"O que está acontecendo, Ava?" Ele perguntou assim que nos encontramos sozinhos.

"O que?" Perguntei um tanto quanto atordoada.

"Algo está acontecendo, você não é assim distraída."

"Eu não sei, professor..."

"Você sabe por que eu quis te contratar, Ava?" Eu neguei e ele me olhou nos olhos. "Quando eu te vi com aquela garota você estava fazendo aquilo que você nasceu, até mesmo os seus olhos estavam brilhando e então eu vi em você um futuro brilhante."

"Obrigada." Eu falei e senti minhas bochechas corarem um pouco.

"Eu quero ver esse brilho nos seus olhos de novo, okay?"

"Sim."

"Agora vai para casa e descanse, você tem duas semanas para se preparar e logo será o seu último ano."

"Uma pena que não vou mais ter aulas com o senhor."

"Ter aulas com um velho chato como eu, não precisa mentir, minha querida, eu sei que será um alívio." Eu neguei, mas mesmo assim não pude me negar a risada.

E foi isso que eu fiz por uma semana só imaginando como eles estavam.

Michael

Quando eu cheguei no hospital eu sabia o que tinha acontecido, ela tinha estado aqui. O olhar das enfermeiras me diziam isso, eu sabia que meus olhos tinham olheiras. Eu mantive meus olhos baixos para me manter alheio a elas. A minha dúvida era como isso chegou tão rápido às pessoas do hospital.

Quero dizer a minha dúvida era como eu podia ter me apaixonado tão rápido, quero dizer eu a via de longe todas as semanas aqui para ver uma menina que nem mesmo era parte da família. Uma menina que eu também tinha um enorme carinho, uma menina que eu estava com medo de perder, todos nós estávamos.

Com a quimio a nossa esperança era que regredisse, mas ela tinha entrado em metástase e enquanto o tratamento lutava contra mais células cancerígenas ativavam.

"Layla." Eu chamei assim que entrei no quarto e me assustei com o que vi, Igor sentado em uma cadeira ao lado dela, eles sorriam não é nem preciso falar que o sorriso dele morreu ao me ver na porta.

"Oi, Michael!" Ele pelo menos a alegrava... aquilo era um violão? "Você conhece o Igor, não conhece? Ele é amigo da Ava, que nem você."

"Sim a gente se conhece pequena." Eu falei e acenei com a cabeça para ele que retribuiu.

"E como você está se sentindo hoje?"

"Eu acho que melhor" ela sorriu um pouco eu medi seus batimentos cardíacos, e sua pressão. O câncer da Layla era fruto de uma anemia ferropriva o corpo dela não capta bem o ferro e sem ferro...

"A Ava veio ontem." Ela falou olhando para a porta como se isso fosse invocar a presença dela aqui. "Ela estava triste" eu vi Igor se remexer na cadeira, mas não falei nada. "Eu falei pra ela escutar aquela música."

"Qual música?" Eu perguntei.

"Aquela que você tava cantando esses dias, All I Want" eu anuí e pelo canto do olho vi Igor erguer uma sobrancelha, ele conhecia a música.

Depois de mais algumas perguntas eu me despedi e então eu fui seguido.

"Michael..." a voz grave de Igor me chamou eu me virei e o encarei. "A nossa diferença é essa."

"O que você quer dizer?" Eu perguntei e ele sorriu de lado.

"Tudo que você precisa é encontrar alguém como ela, eu não quero alguém como ela. Eu preciso dela e acho que nunca vou seguir em frente." Sacudi a cabeça.

"O que te leva a crer nisso."

"Olha lá no fundo, talvez você veja o que eu vejo."

"Você nunca gostou de perder não é?"

"Eu já te disse que isso nunca foi um jogo para mim."

"Tudo bem, eu te entendo. Mas acho que você está errado de qualquer forma."

"Não era eu quem estava me conformando com a letra de uma música."

"O que você estava fazendo então?"

"Eu a conheço o suficiente para saber qual o tempo que vai levar. Ela é racional demais vai tentar resolver tudo assim, até que veja que não dá em nada e se deixa levar isso leva em média um mês, a não ser que ela esteja mais teimosa que o habitual." Ele riu fraco. E se foi, talvez esse um mês fosse o necessário para mim também.

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