"O capítulo final: Romance verdadeiro."
"
— Você é mãe do bebê Son-Myoui?
Uma coceira estranha tomou conta do meu coração quando a enfermeira falou aquilo.
— Sim. Sou eu. Eu sou a outra mãe.
Mãe.
Minha vida toda parecia ter sido definida para ser a antítese de mãe.
Eu era a filha: a filha bastarda, a filha ruim, a filha estranha. Mas agora, eu era mãe. Era minha vez de ser… A mãe.
— Posso ver sua identificação?
Levantei o braço e lhe mostrei o bracelete de plástico no meu pulso. Queria usá-lo para sempre. Gangrena não seria razão o suficiente para cortá-lo.
— Siga-me. — ela disse.
Perdi o nascimento. Estava no Japão visitando mamãe quando Chaeyoung ligou para dizer que a bolsa tinha estourado. Ela estava com apenas trinta e quatro semanas, então achei que estaria tudo bem se fizesse uma viagem rápida antes do parto. Imediatamente arrumei as malas e voltei quando soube que ela estava em trabalho de parto.
Quando me dei conta, Sully ligou para dizer que Chaeyoung fez uma cesária de emergência. Entrei em pânico porque nem estava no avião ainda. Sabia que não chegaria a tempo. Impotência tomou conta de mim. Rezei provavelmente pela primeira vez. É engraçado como você pode passar a vida inteira se perguntando se Deus existe e de repente, num momento de crise, está implorando para Ele como se nunca tivesse duvidado de Sua existência.
Sully me mandou uma mensagem logo depois que embarquei. Era uma foto do meu filho.
Meu filho.
Lembro que estava saindo do banheiro e congelei, encarando o telefone. Olhei em volta como se todo mundo soubesse que esse era um momento monumental na história do universo. A mensagem dizia que o bebê tinha sido levado para a UTI neonatal, mas estava bem. Chaeyoung estava bem. Estava tudo bem.
Obrigada, Deus. Juro que nunca mais duvidarei de você de novo.
Lágrimas encheram meus olhos enquanto olhava para a foto. Acho que o encarei durante todo o tempo da viagem. Quando finalmente cheguei ao hospital, Chaeyoung estava dormindo e não quis acordá-la, mas não poderia mais esperar para conhecer nosso filho.
A enfermeira me levou até onde ele estava dormindo, na incubadora. Se eu achei que a foto tinha me deixado sentimental, nada se comparava ao vê-lo pessoalmente, ver seu peito subir e descer.
— Ele está respirando por conta própria, e seus sinais vitais estão estáveis. Só precisará ficar aqui cinco ou seis dias.
— Posso segurá-lo?
— Sim. Só precisa lavar suas mãos com sabão antibactericida e colocar essa máscara.
Eu imediatamente fui para pia e coloquei a mascara de papel. Ela o pegou e entregou para mim. Seu corpo estava envolto em uma manta e era leve como uma pena. De repente, fiquei aterrorizada, não apenas preocupada em mantê-lo seguro pelo resto da vida, mas preocupada até com a viagem para casa. Era tão frágil, e mesmo assim aquele ser pequeno representava tudo que importava no mundo para mim. Era como segurar o mundo nas mãos. Queria levá-lo para casa em algo indestrutível. Queria protegê-lo de tudo.
Olhar para seu rosto me fez perceber que tudo que passei na vida deveria acontecer exatamente como aconteceu. Não aceitaria de outra forma se significasse não ter essa pessoa em minha vida.
Tinha o nariz de Yan, que também era de John. Era estranho. Com seu cabelo negro, parecia bem mais com eles que eu. Que irônico que apesar de todo o ódio, o amor era espalhado nas semelhanças.
Arrepios correram por mim quando me dei conta que hoje, seu nascimento, era dia 22, mas não deixei que isso me afetasse.
— Ei, príncipe. É a mamãe. Eu sou sua mamãe Mina.
Seus olhos piscaram e ele começou a se contorcer nos meus braços.
— Não precisa acordar. Estarei aqui. Você não conseguirá se livrar de mim por muito tempo.
Ele abriu a mãozinha e observei seus dedos agarrarem meu dedo.
Eu me questionei como tinha inspiração para escrever antes dele. Sabia que de agora em diante, tudo viria do meu filho. Deixar para trás toda a raiva do passado seria mais necessário que nunca. Não existiria mais espaço para isso no meu coração. Precisava de todo espaço para ele.
Foi naquele momento, segurando meu filho, que eu soube que realmente tinha perdoado Yan e John. Eles tinham me ensinado como não ser amorosa. Compensaria seus erros dando ao meu filho mais amor do que ele precisaria.
Poderia parecer estranho, mas agradeci a Yan pelo que ele tinha me dado. Em vida, me levou ao meu verdadeiro amor. Em morte, tornou possível encontrá-la de novo. Através da morte, existia a vida. Através do ódio existia o amor.
Olhei para ele.
— No fim, existe você, e isso faz tudo ter valido a pena.
Do mesmo jeito que você poderia embaralhar as letras de uma palavra e formar outra, assim era a vida. Pode ser definida pelas provações ou pelas bênçãos. Dependia de como você olhava.
Então uma vez esse livro foi feito para ser uma história trágica, então virou uma história de amor, um romance imperfeito, mas épico.
Reorganize as letras de romance e você tem Cameron.
Chaeyoung pensou nisso sozinha. Foi seu primeiro anagrama.
Amo vocês, Cameron e Chaeng.
Fim! ~
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Obrigada gente! Valeu por acompanharem essa fanfic que eu gosto tanto. Por seus votos e cometários em cada capítulo também.
Vocês sofreram com as personagens, xingaram e amaram ao mesmo tempo, é isso que eu busco ao postar algo aqui, despertar emoções em quem está lendo é gratificante pra mim.
Amo vcs, bjs, até uma próxima.
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Sister [Michaeng]
FanfictionVocê não deveria querer a pessoa que te atormenta. Quando minha meia-irmã, Mina, veio morar com a gente no meu último ano, eu não estava preparada para o quão idiota ela era. Eu odiava que ela me afastasse, porque ela não queria estar aqui. Eu odiav...