Até que a morte nos separe

Capítulo 15

Amanda preparou um jantar especial para Aaron e eu. Ela disse que era uma forma de nos pedir desculpas por tudo o que falou no dia anterior.

– Foi bem legal da parte dela fazer isso – Digo enquanto corto um pedaço da carne macia e deliciosa. Não deixo que minha mente me lembre que minha irmã mal sabe ferver uma água direito, quanto mais preparar um jantar desses.

– Hum... – Meu marido murmura comendo alguns grãos de arroz. – Pode ser, mas isso não muda o fato de que não sou bem-vindo na sua família, amor.

Me sinto mal por ele, não consigo imaginar o que ele deve estar sentindo.

– Lamento por isso, vou fazer tudo o que puder para compensá-lo.

– Ter você perto de mim é a única recompensa que quero e preciso, Kim. – Ele se inclina na minha direção e me beija. – Eu te amo.

– Também te amo –  Sussurro com seus lábios próximos dos meus. – muito.

– Preciso te contar uma coisa, amor. Recebi uma ligação hoje cedo e vou precisar voltar para casa amanhã. Vão ser só dois dias, mas preciso ir até lá. Tenho uma reunião importante com um psiquiatra com quem estou realizando um estudo clínico e vai ser um passo muito importante na minha carreira – Aaron conta e a cada palavra posso ver os olhos dele brilhando.

– Amor, isso é fantástico. Meus parabéns – Digo impressionada. – Você é muito inteligente, genial, tenho certeza de que sua carreira vai mudar muito.

Passamos o resto da noite rindo e conversando, Aaron me contou um pouco sobre o projeto que ele e o tal psiquiatra estão realizando. Ver meu marido tão apaixonado pelo trabalho faz com que eu o admire ainda mais.

Muitas pessoas não dão o devido falar aos psicólogos e psiquiatras, mas essa é uma das profissões mais importantes que conheço, sem eles o mundo seria um lugar ruim. Com pessoas doentes e cansadas. Graças a esses profissionais famílias não era destruídas, relacionamentos eram reparados e vidas eram salvas.

***

Na manhã seguinte Dexter me acordou bem cedinho e nos despedimos antes de ele voltar para Londres. Horas depois quando desci para o café encontrei Mandy e Cass preparando tudo, eles riam de alguma piada e vez ou outra minha irmã comia escondido o que eles estava fazendo. Assim que ela me vê seu sorriso se abre ainda mais.

– Kim, que bom que você acordou – Ela diz vindo até mim com as mãos cheias de farinha e me puxa para onde eles estão cozinhando. – Castiel e eu estávamos decidindo quem iria lá em cima acordar você.

O ar parecia mais leve, meu peito não estava mais tão pesado e pude respirar em paz. Me permiti aproveitar o momento.

– Quem seria o azarado? – Perguntei sorrindo e vi uma sombra de alívio passar por minha irmã.

– Íamos fazer par ou impar e decidir – Cass responde. Ele se move graciosamente pela cozinha juntando mais alguns ingredientes na bancada. – Mas para falando a verdade? Eu ia trapacear, tudo para não ter que ser alvo da sua irã de manhã.

– Castiel! – Amanda exclamou o encarando como se ele tivesse dito algo horrível. – Se eu não te amasse tanto certamente cancelaria nosso casamento depois dessa traição. Como poderia me deixar sofrer nas mãos da minha irmã dorminhoca e irritada!?

– Vocês dois estão muito engraçadinhos hoje – Comentei estreitando os olhos.

Eles fingiram que não me ouviram e que não perceberam meu olhar desconfiado.

– Nós dois? – Minha irmã questiona com os olhos arregalados e uma voz que entregou tudo. – Não, imagina, Kimberly, o que poderiam estar tramando? Quer dizer, não estamos tramando nada.

– Uhum... Sei – Meu olhar inquisidor se moveu para Cass que observava tudo achando graça.

– Então minhas senhoritas preferidas, estão com fome? O café da manhã está pronto – Foi inevitável, meu rosto ganhou uma coloração mais rosada e logo ficou vermelho pela piscadela que ele me lançou.

– Tão galanteador – Amanda comenta revirando os olhos e sorrindo. – Desse jeito vai ter duas esposas ao invés de uma.

Eles trocam um olhar que não consigo decifrar e gargalham como se tudo fosse uma grande piada.

Decido ignorar o último minuto e me junto a eles para comermos. Nos sentamos na mesa da cozinha mesmo e lanchamos. Durante a refeição rimos muito relembrando alguns momentos dos velhos tempos.

– Vamos, Kim, vai ser divertido – Eles insistem. O parque de diversões da cidade vai se mudar e era um dos nossos lugares favoritos quando crianças. Temos boas lembranças de lá.

Por fim, depois de muita insistência e uma pequena chantagem que me prometia muito chocolate com marshmallows, acabei aceitando.

Subi as escadas correndo, tomei um banho e me vesti. Juntei alguns itens pessoais em uma pequena bolsa e quando retornei a sala eles já me esperavam prontos.

– Quando foi que você parou de precisar de dois dias para ficar pronta? – Pergunto a Mandy que sorri revirando os olhos.

– Isso foi só uma vez Kim, não é justo usar isso contra mim

–  Ah, é justo sim. Você adora relembrar que eu chorava quando as roupas não estavam organizadas nos tons certos. Eu era uma criança, e mesmo que isso fosse um pouco bobo era muito importante para mim – Digo.

Cass entra do lado do motorista calado e rindo da nossa pequena discussão, minha irmã abre a porta de trás e se senta. Pigarreio baixinho antes de me sentar ao lado dele.

– Você vai ter que ir na frente Kim, minha pequena fobia de bancos da frente ainda não mudou – Amanda diz e acabo rindo.

Meu Deus! São tantas recordações boas nessa cidade. Por um tempo deixei-me pensar que não havia mais nada para mim aqui além de dor e sofrimento, mas agora á caminho do parque percebo que é mais do que isso.

É onde meus amigos estão, minha família, onde passei minha infância e onde enterrei meu querido pai. É minha casa. De repente percebo que nunca seria capaz de vender a casa, nunca seria capaz de me livrar das lembranças do meu passado.

Nossa casa é onde nossa família está, onde o amor está e onde você se sente feliz.

Estou em casa agora.

♥♥♥