Capítulo 8

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Mostro o caminho até meu quarto a Aaron e deixo as malas encostadas do lado da cama. O quarto simples pintado em tons de preto, branco e cinza está exatamente do modo que deixei.

–  Esperava um quarto mais adolescente – Comenta olhando ao redor.

– O quer dizer?– Pergunto rindo.

– Cores vivas, pôsters colados nas paredes com frases do tipo Eu te amo Justin Bieber, esse tipo de coisa – Ele da de ombros

– Não estamos nos anos 2000 – Brinco. – Nunca me senti muito em casa aqui, não fazia sentido decorar

– Você morou aqui quase sua vida toda – Diz olhando ao redor. 

– Não dá para ficar muito à vontade com minha mãe por perto, tenho certeza de que vai perceber isso – Murmuro forçando um sorriso.

– E eu tenho certeza – Ele diz se aproximando e me prendendo contra uma parede. – De que ela vai me adorar.

Aaron beija minha bochecha, o canto da minha boca e meu pescoço me fazendo suspirar

– Você não acha?– Pergunta baixinho mordiscando minha orelha.

– Sim – Suspiro balançando a cabeça lentamente.

– Vamos tomar banho – Se afasta e estende a mão em minha direção. 

– Me deixar excitada e depois parar não foi legal – Faço uma careta de desgosto para ele e seguro sua mão.

Ele prensa nossos corpos e suga meu pescoço

– Quem disse que parei?

*** 

– Kimberly? – Fecho os olhos por um minuto me arrependendo de ter descido.

– Mãe, oi – Dou alguns passos para trás voltando para a sala onde ela se encontra sentada, com uma revista nas mãos. – Não te vi ai

Mentira, a blusa amarelo limão parece aqueles coletes de trânsito, não queria ter que falar com ela antes de comer, no entanto.

– Vou fingir que acredito – Diz com sua costumeira arrogância. – Não vai me apresentar o rapaz?

Ela aponta para Aaron ao meu lado.  

Tenho vontade de pegar meu namorado, nossas coisas e voltar para nossa casa, mas antes que possa formular a ideia Dexter sorri gentilmente e caminha até ela beijando o dorso de sua mão direita.

– Senhora Foster, é um prazer finalmente conhecê-la – Ele a cumprimenta cordialmente. – Sou Aaron Dexter.

Tenho vontade de revirar os olhos. Ela pode ser minha mãe, mas não merece cordialidades, não vindas dele, ou de mim.

– É amigo da minha filha?– Pergunta encarando-o de cima a baixo.

Meu namorado, não se deixa intimidar pelo olhar avaliador.

– Não senhora – Diz sorrindo. – Kimberly é minha namorada

Ela sabe, eu sei que ela sabe. Tenho certeza que encheu Amanda e Castiel de perguntas assim que soube da presença dele, mas eu também sei o porquê da pergunta. Minha amável mãe não quer perder a oportunidade de me humilhar, de novo.

– Ah! É mesmo? – Ela arregala os olhos demais para alguém que está verdadeiramente surpresa – Por essa eu não podia esperar, ainda mais que ela fosse namorar um rapaz tão bonito, minha filha Kimberly, oh coitadinha, não herdou a mesma beleza que a irmã mais nova, Amanda. Não é atoa que ainda não está casada.

Vejo a mandíbula de Aaron se endurecer e ele a encarar com a não mesma paciência de minutos atrás, seus lábios se movem a procura de palavras e antes que ele possa dize-las, explodo.

– Ah, pelo amor de Deus mamãe! –Grunhi irritada. – Não terá uma vez na sua desprezível e solitária vida que  vai agir com decência comigo? Sou tão sua filha quanto Amanda, então por que, por que tem que agir assim?

– É por isso seu ataquezinho?– Pergunta me encarando com seriedade. – Isso é inveja da sua irmã?

– Do que você está falando?– Questiono confusa, e perdendo o resto da minha paciência – Inveja não tem nada a ver com isso. Eu só quero saber que raios eu te fiz!? 

– Você nasceu! – Grita, em seguida dando um sorriso amargo.– Assim que te viu seu pai mudou completamente, a vida girando em torno de você e só por você.

– Isso é o que geralmente acontece quando se tem um filho, ele se torna importante para você, o centro da sua vida – Digo, agora mais baixo tentando me acalmar.

– E depois – Ela continua a dizer ignorando o que eu disse – Quando sua irmã nasceu, mesmo assim ele não  desgrudou de você. Ver você crescendo sempre tão certinha, inteligente e sua irmã triste por não ter a atenção do pai. Você destruiu nossas vidas

– Consegue se ouvir – Pergunto incrédula – Consegue ouvir as loucuras que está dizendo? Amanda e eu sempre recebemos o mesmo tanto de amor do papai, não posso dizer isso sobre você. Em quantas apresentações minhas da escola já foi?– Fungo, limpando as lágrimas que teimavam em cair pela minha face. – Só consigo me lembrar de uma única vez, e tudo o que me lembro é de você gritando comigo nos bastidores sobre como eu te envergonho, sobre como nada que eu fizesse seria o suficiente para te agradar. – Respiro fundo, sem conseguir deixar a mágoa guardada por mais tempo – Meu aniversário de 16 anos, você se esqueceu, cheguei em casa animada, esperando uma festa surpresa igual a que você fez para a Mandy alguns meses antes, e quando chego em casa, encontro a casa vazia. 

– Por que não reclama do que realmente te chateou, querida –Ela murmura com deboche. – Porque não diz o real motivo para ter fugido daqui?

– Do que está falando?

– Oh – Giovanna, minha mãe sorri perversamente desviando o olhar para Aaron, que observava toda a cena sem saber o que fazer. Seus olhos brilhantes me encaravam de um jeito que aqueceu meu coração por alguns instantes.

Mas tão rápido ele se aqueceu, ele se esfriou quando ela abriu a boca:

– O baile de formatura do seu último ano. Aquele baile em que sua irmã foi acompanhada de Castiel e você foi...sozinha – No momento em que cita esse fato, sei exatamente qual o seu plano, mas é tarde demais para impedi-la. – Porque não conta ao seu novo namorado e a sua irmã o que aconteceu naquela noite?

– Do que ela está falando, Kim? – Ouço a voz de Amanda a alguns passos de distância.

Me viro bem lentamente vendo-a no hall de entrada, ao lado de Cass.

♥♥♥

Até que a morte nos separeOnde histórias criam vida. Descubra agora