Tempo

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Há dias eu o observo, dias se tornaram meses e logo foram semanas. Eu não sei dizer se ele sente minha falta, ou se é apenas coisa da minha mente. Mas se ele sentir minha falta, tanto quanto eu sinto a dele.

- Mãe? Está aí? - Perguntou a voz rouca e desgastada.

- Entre meu querido.

A porta se abriu em um rangido, era ele novamente, me visita quase todo dia, sempre que pode.

- Como está, minha criança? 

A figura alta coberta pela sombra era meu suposto filho, observei tudo que lhe causado e fiz meu máximo para ajuda-lo.

- Eu estou bem, mãe. Posso entrar? 

- Sempre, meu pequeno.

As cicatrizes em seu rosto me irritavam, não porque eram feias, mas por saber quem as fez e ter ficado parada, culpo a mim mesma por isso. Ele havia pintado seu cabelo para fugir de seu passado, mas seus olhos, eles tem calor daquele homem, ao mesmo tempo em que tem a frieza glacial dele.

- Eu tenho um presente pra você.

- Não precisa ter feito isso, mãe. Eu estou bem.

- Fique quieto e receba. Mal agradecido. - Resmunguei abrindo o pequeno armário e pegando uma pequena caixa de sapato. - Sei que não é muito comparado ao que você pode conseguir, mas espero que goste.

Entreguei-lhe a caixa e apreciei seu olhar curioso, ele levantou a jaqueta e a vestiu.

- Coube perfeitamente, mãe. Muito obrigado.

- Meu menino já está tão grande. - Senti uma lagrima se formar no canto de meus olhos.

- Não chore, mãe.

- Não vou. Eu tenho mais uma coisa. - Peguei o colar que estava no bolso de minha calça e coloquei no pescoço do mais velho. 

O moreno pegou a placa e leu a gravura de meu nome de um lado e o brilho de uma foto nossa de outro.

- É perfeito mãe, desculpe não te dar uma vida melhor.

- Oh, meu bebê, o simples fato de você estar em minha vida, já a torna perfeita.

Beijei o topo da cabeça do moreno, ele já não era mais a criança que havia adotado anos atrás, ele já era um adulto, mas ainda era meu menino e gostava de sonhar que poderia ter sido meu e do Enji.

- Mãe, eu tenho uma pergunta. - Disse o mesmo indo até a geladeira e pegando uma garrafa d' água. - Esse cara que te trocou, qual o nome dele?

Me senti paralisada, meu filho sabia da minha história, mas não sabia quem era o homem pelo qual havia me apaixonado, mas já estava na hora, ele iria querer saber quem era uma hora ou outra.

- Escute filho, esse homem, ele foi alguém muito importante em minha vida e como você sabe, eu o amo ainda, mas acho que não é o momento de lhe contar, principalmente agora que você quer cumprir seu objetivo de um mundo melhor.

O ouvi suspirar, ele estava frustrado, eu sempre dizia aquilo quando ele tocava no assunto.

- Mãe, eu estou bem e quero saber quem foi que te machucou, porque acho que você precisa desabafar isso.

Senti a angustia em meu peito, ele estava certo, guardava aquilo dentro de mim há tanto tempo. 

- Tem razão filho, bem esse homem, eu peço que não o machuque, está bem? Eu o amo e não quero que nada aconteça contra ele...

Antes mesmo que pudesse continuar, o telefone do mais novo tocou, uma chamada, provavelmente de seu chefe.

- Alô... Sim... Está bem... Tô indo pra aí... - O mesmo desligou o telefone e olhou para mim, aqueles olhos tristes, eram tão parecidos. - Desculpe mãe,  o Shigaraki quer que eu vá fazer o interrogatório no moleque.

Dessa vez, me escolha!Onde histórias criam vida. Descubra agora